Prólogo

1638 Words
Gravata preta em seu pescoço. Terno azul, alinhado perfeitamente em seu corpo. Cabelos penteados e uma colônia forte e viciante. Jeon Jeongguk acabava de sair de mais uma de suas dezenas de reuniões naquele dia. Ele caminha para fora daquela sala com uma maleta preta em mãos e um sorriso esnobe em seus lábios, era mais um contrato que havia fechado. Antes mesmo daquela reunião desnecessária ter acontecido, Jeon já sabia que acabaria apertando a mão de Sr. Xing, confirmando uma parceria entre suas empresas. Quando Jeon queria algo, ele tinha. Gallup Jeon era uma das empresas mais cobiçadas de toda a Coréia. A empresa era conhecida por conseguir fechar contrato com qualquer empresa que tivesse interesse, isso, claro, depois do pequeno Jeon Jeongguk nascer. Jeon Kwan havia fundado a ‘G.J’ (como gostava de chamar) antes mesmo de conhecer sua esposa. A empresa pouco conhecida estava á falência quando Jeongguk nasceu, ao passar dos anos, o garoto filho de Kwan, adorava ir junto ao pai para o trabalho, e todas as vezes que ia, ‘G.J’ conseguia fechar contrato com qualquer empresa que admirasse. Desde então, Jeongguk era uma amuleto da sorte. Seu pai sempre colocava fé que o garoto seria um bom sucessor para o seu cargo. Infelizmente, quando Jeongguk completou seus dezenove anos, seu pai faleceu em um acidente de helicóptero, deixando a empresa nas mãos do primogênito dos Jeon, que jurou cuidar daquela empresa tão bem quanto seu pai. Desde que Jeongguk assumiu ‘G.J’, a empresa nunca teve uma crise econômica. Suas parcerias aumentavam, assim como o dinheiro e a fama, o que ajudou na grande família Jeon. Cinco anos depois, Senhora Jeon Yang-Mi havia se casado novamente com um homem, alguns anos mais novo. Jihyo, irmã mais nova de Jeongguk, havia ganhado várias propostas de trabalho, assim como o caçula, Minho, que havia tinha várias opções de faculdades, lhe oferecendo bolsas. A família Jeon estava em seu auge. O trabalho rodeava a vida de Jeongguk, ou, melhor dizendo, o trabalho ERA a vida de Jeongguk. Eram raras as vezes que saía para beber com seus amigos ou colegas de trabalho, eram raras as vezes que conversava de algo sem ser sobre trabalho, eram raras as vezes que saía com alguém com intenções sexuais ou românticas. Jeongguk não lembrava da ultima vez que teve um relacionamento amoroso com alguém. Se quisesse t*****r, era só estalar seus dedos e apareciam dezenas de pessoas na sua porta, se quisesse atenção... Bom, Jeongguk nunca quis atenção. Ele não precisava de algo que não lhe daria algo em troca. Jeongguk era um homem de negócios, e se teve algo que aprendeu, foi que só faria algo bom, se recebesse algo em troca. Ele caminhava orgulhoso até sua sala, a secretária assim que o via com aquele sorriso, sabia que mais um contrato havia sido fechado e já comemorava mentalmente o bom humor de seu chefe. Jeongguk riu baixo ao olhar o sorriso bobo de sua secretária por cima do ombro e tratou de entrar em sua sala. O escritório com uma das paredes de vidro que tinha uma visão ampla da cidade, deixavam o lugar mais majestoso. O tapete de cor neutra no chão, sua mesa de madeira escura e algumas poltronas de couro deixavam o lugar mais formal. Aquela era basicamente sua segunda casa. Com um sorriso no rosto, Jeon respirou fundo e colocou sua maleta sobre a mesa, dando a volta na mesma, se sentando na sua confortável cadeira giratória. Ele fechou seus olhos e colocou os braços atrás da cabeça, relaxando o corpo. Eram momentos como aqueles que Jeon desejava uma boa xícara de café, e assim o pediu. — Danbi, uma xícara de café, por favor, sem açúcar. — Apertou o pequeno botão do telefone, conectando a chamada com sua secretária. — Claro, senhor Jeon. Estará ai em um minuto. — Disse doce, e desligou. Ele agradeceu mentalmente e abriu sua maleta, tirando alguns papéis de lá. Revisou alguns mais algumas vezes e por fim, os guardou em uma pasta branca, colocando em sua gaveta. Afrouxou o nó de sua gravata e abriu seu notebook, entrando rapidamente em seu e-mail, verificando. Havia várias mensagens ali, festas, anúncios, reuniões, contratos, tudo! Mas o que realmente lhe chamou atenção foi uma daquelas mensagens com o e-mail de sua irmã, ‘’JJiJihyo@hotmail.com’’. Franzindo o cenho, clicou rapidamente na notificação. Sua irmã nunca lhe enviava mensagens pelo seu e-mail profissional. Estava prestes a ler quando sua porta foi aberta, revelando sua secretária com um copo de café, se aproximando. — Aqui, senhor, Jeon. Do jeito que o senhor gosta. — Sorriu, colocando o copo sobre a mesa. — Obrigado, Danbi. — Sorriu e pegou o café sobre a mesa, bebericando. — Ah, sua irmã deixou um recado. — Colocou os braços atrás do corpo, ajeitando seus óculos em seu rosto, esperando o sinal para continuar. — Ela sente muito ter enviado o convite para o seu e-mail profissional, mas era o único jeito de fazer você ler. — Convite? — Franziu o cenho, confuso. Danbi corou e desviou o olhar. — Oh, pensei que o senhor já tivesse lido. — Sorriu fraco, dando um passo para trás. — Acho melhor o senhor ler por si mesmo. Se precisar de algo é só me chamar. — Sorriu simples e saiu pela porta. Jeongguk ficou ainda mais confuso e colocou o café sobre a mesa, voltando a ler. Entre inúmeras palavras românticas, o nome de sua irmã e do namorado da própria, Jeon pode finalmente entender o que estava acontecendo. ‘’Gostaríamos de convidar você para o nosso casamento.’’ Jeon rapidamente afastou seu rosto do notebook, pegando seu celular, discando rapidamente o número de Jihyo. Um, dois, três toques e nada. Como assim um casamento? Jeon nem se quer foi avisado sobre um noivado, não que isso mudasse alguma coisa, ele não tinha direito sobre a vida da irmã e também não teria tempo para uma festa de noivado, mas, bom, ela era sua irmã mais nova. Nem conhecia direito o sujeito que logo seria seu cunhado. — Alô? Jeongguk, querido, é você? — Disse a voz doce, tirando Jeon de seus pensamentos. — Mãe? Cadê a Jihyo? E que história é essa de casamento? — Soltou, fazendo a voz do outro lado da linha rir. — Sua irmã vai se casar Jeonggukie, e o noivo é lindo! — Riu, orgulhosa. — Eu... Onde está Jihyo? — Fazendo os ajustes no vestido. Ela tem que ficar linda. — Fez uma pausa. — Você vem, não é? Jihyo ficaria magoada se você não viesse. — E-Eu não sei. Tenho vários compromissos para o final de semana. — Suspirou, olhando seus e-mails. — É o casamento da sua irmã, Jeon Jeongguk! — Disse em um tom irritado. — Você m*l tem tempo para sua família! Estamos te pedindo apenas uma semana! Por favor, Jeongguk, estamos sentindo sua falta. Jeon suspirou e fechou os olhos ao ouvir a voz manhosa de sua mãe. Era verdade que fazia tempo que não visitava sua família. Eles viviam em Busan, e Jeon quase nunca tinha viagens marcadas para lá. Era raro até mesmo Jeon passar o Natal com sua família. Ele pensou por alguns segundos, ouvindo mais um ‘’Por favor’’ de sua mãe, e se surpreendeu ao ouvir a voz animada da irmã no fundo. — Mãe? É o Jeongguk? Oh, me deixe falar com ele, por favor! Jeon suspirou e sorriu fraco. Ele sentia falta de sua irmã. — Jeonggukie! — Disse animada. Jeon pode imaginar sua irmã dando pequenos pulinhos de felicidade. — Oi Jihyo. — Disse baixo, sorrindo. — Você vem, não é? Eu já reservei seu quarto no hotel. Uma cama de casal, não é? Mamãe disse que você vai trazer companhia. E rapidamente toda a felicidade se transformou em confusão. Do que ela estava falando? — Jeongguk? Filho? — E a voz de sua mãe novamente foi ouvida. — Que história é essa de companhia, mãe? — Franziu o cenho, se arrumando em sua cadeira. — Oh... Eu disse para todos que você iria trazer alguém com você. Eu sei que você tem alguém, querido. Não se envergonhe. Há anos atrás Jeon havia se assumido gay para sua mãe e apenas para ela, apesar de sua família inteira já saber. Foi algo incrivelmente difícil e foi exatamente por isso que Jeon preferiu nunca apresentar alguém antes de realmente ter certeza de que era a pessoa certa. O que nunca aconteceu. — Eu não tenho vergonha, mãe. — Suspirou. — Eu só... — Querido, você sempre está tão sozinho. Você precisa de alguém pra cuidar de você já que eu não estou aí. — Pode perceber o tom triste na voz da mais velha. — Todos torcem para você achar alguém, mas eu sei que você já tem alguém, não é? Ele não sabia o que responder, odiava decepcionar sua mãe e se respondesse ‘não’, sabia que sua mãe se preocuparia ainda mais. Fechou seus olhos com força e tentou formular alguma resposta, porém antes mesmo de pensar duas vezes, soltou. — Sim! — O que? — E-Eu já tenho alguém, não se preocupe. Eu vou no casamento e vou levar ele... — Passou a mão em seu rosto, ainda de olhos fechados. — Agora eu preciso desligar, está bem? Eu tenho outra reunião para ir. — Okay, querido! — Disse alegre. — Ouviu isso Jihyo? Seu irmão vai trazer uma companhia! — Pode ouvir, mesmo com o som abafado. Jeon sorriu fraco e mordendo o lábio inferior. — Tchau, mãe... — Riu baixo. — Tchau, querido! Eu e seus irmãos te amamos! — E desligou. Onde foi que ele havia se metido? 
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