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Vossa Majestade, o Rei ✠ Livro I

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intro-logo
Blurb

Aqui não temos um CEO vestido com ternos de risca. No lugar disso, o rei Christophe esbanja seu charme e sensualidade com uma bela coroa de pedras preciosas.

A mocinha indefesa não é tão indefesa assim — e nem tão mocinha. Afinal, Amalie maneja uma espada melhor do que muitos guerreiros.

Nova York? Londres? Toronto? Não... França! Mais precisamente, na Alta Idade Média.

Um rei feroz.

Uma camponesa cheia de ousadia.

Amalie nunca se contentou em ser uma mulher indefesa, portanto quando bandidos invadiram sua comuna e ameaçaram ferir suas irmãs, ela não pensou duas vezes em obedecer aos seus instintos protetores.

É aí que o estranho e recluso rei decide mostrar sua face...

Uma camponesa audaciosa de cabelos cor de fogo feriu os membros do seu exército.

E ah, ele a fará pagar por isso...

Quando o assunto é vingança, o coração precisa ficar apagado. O problema é que quanto mais conhece Amalie, mais acende o de Christophe.

Separados pela coroa, os dois terão que sacrificar muito daquilo que acreditam para viver um sentimento tão forte e perigoso.

Mas para ganhar o amor um do outro, o quanto estarão dispostos a perder?

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Prólogo
“Você está indo à Feira de Scarborough? Salsa, sálvia, alecrim e tomilho Mande lembranças àquele que vive lá Pela primeira vez ele foi o meu verdadeiro amor.” ♪ Scarborough Fair, Simon & Garfunkel ━━━ • ❈ • ━━━ A M A L I E Não fazia muito tempo que o rei Linus falecera. Eu me lembrava perfeitamente: dois anos e três meses — quatro, dali a poucos dias. Não era muito para mim, a julgar que contava os dias de morte de alguém que aprendi a desprezar. Porém, eram dois anos inteiros sem ver meu pai — dois anos e quase quatro meses —, e isso sim era muito tempo. Eu não me atrevia a reclamar em voz alta. Mamãe não gostava de ouvir-me almadiçoando os monarcas perto de minhas irmãs: "— Não quero que elas aprendam as palavras feias que você diz, Amalie" — reclamava sempre. Mas era impossível para mim não praguejar quando me referia ao antigo rei. "Maldito cretino!" O homem nos enxergava como meros piolhos que podia m***r naquelas unhas imundas. Deus, eu o odiava. Odiava toda a família real. "— Não seja ingrata, Amalie! Não passamos fome graças ao emprego de seu pai" — mamãe insistia. E confesso que revirava os olhos quando ela não estava olhando. Gratidão ao rei, onde já se viu?! Eu não agradeceria a ele nem por mil denários! Já papai não dizia nada nessas situações. Eu não o culpava, óbvio. O pobre encontrava-se entre a cruz e a espada por ser o conselheiro real. Não era o trabalho que alguém sonharia. Talvez apoiar o rei exigisse mais responsabilidade do que usar a própria coroa. Portanto, eu não podia culpá-lo por não concordar comigo. Meu pai sempre fora um homem sábio — quieto, a testa franzida de maneira constante. Eu acreditava que esse era seu jeito de cultivar sabedoria: apenas ouvindo. Em vinte e seis anos, podia contar quantas vezes ouvi o tom baixo e grave de sua voz. Gaston Auclair nunca falava em excesso; nunca falava por diversão ou descontração. Papai abria sua boca somente quando havia extrema necessidade. E eu não sabia dizer se essa era uma característica natural sua, ou algo adquirido por ficar tantos anos ao lado de rei Linus. Papai era seu conselheiro desde que eu me entendia por gente. E por mais que mamãe tivesse razão na questão de termos fartura na mesa por conta disso... Eu não conseguia me conformar. ❈ ❈ ❈ — Seu pai é o homem mais esperto que conheço, Amalie — Telo garantiu, calmo como eu jamais conseguiria —, você não devia se preocupar tanto. Havia motivos de sobra para eu considerá-lo mais que um amigo: um irmão. Mas se parecer tanto com papai era o mais correto de admitir. Telo Blanchet e eu crescemos juntos como família. Quando olhava em seus doces olhos, não era difícil para mim enxergar uma vida ao seu lado. Nunca nutri por ele mais que sentimentos castos. Eu o amava, sim. Mas era o mesmo amor que sentia por minhas irmãs. No entanto, o futuro para nós já estava escrito: nascemos em Carcassone, crescemos juntos e ali morreríamos, lado a lado. Apesar de jovens, o tempo já não colaborava em nosso favor. Em breve nossas famílias fariam o acordo de união; Telo e eu nos casaríamos e completaríamos o ciclo da vida do modo mais tradicional possível. Não seria r**m. Ele era lindo, carinhoso e o homem que todas as moças sonhariam em dar filhos. Seria uma vida boa, algo ameno e amável que — certamente, embora me doesse admitir — não combinava comigo. — Acho que nunca vou deixar de me preocupar com ele — respondi, abaixando-me para pegar a cesta de vime que deixei cair por acidente —, parece que amar alguém é isso, afinal. Telo arqueou uma sobrancelha, parando no caminho para me esperar. — Se preocupar, você diz? — Sim. — Voltei a postura, a cesta firme em mãos. — Parece uma maldição. Notei que ele quis rir. — Uma maldição, Amalie? O amor? Apressei o passo para alcançá-lo, desviando de um galho pelo bosque silencioso. — Sim. É algo que você nunca se livra. É angustiante, sufocante e mesmo assim... — Revirei os olhos. — Uma coisa maravilhosa. Ele então riu, afirmando que eu parecia uma louca. E talvez de fato eu fosse. Se "louca" significava alguém que questionava tudo o que devia simplesmente aceitar, eu não me importava em ser. Com suas provocações contínuas e meus empurrões em seu braço, Telo e eu continuamos a caminhar pelo lugar preenchido pela relva. Tudo era verde ali, até mesmo se olhasse para cima — copas de árvores tão grandes, que inclinavam-se para baixo, tampando o céu e permitindo finos feixes da luz do sol ultrapassarem os espaços das folhas. O chão terroso também tinha seus traços esverdeados: as folhas que desprendiam-se dos galhos ficavam por ali jogadas ao relento, esperando que alguém as notasse e recolhesse. Telo e eu conhecíamos cada centímetro daquele bosque: o bosque onde nos escondíamos quando criança, que caçavámos para garantir nossa carne e que era o caminho para a parte comercial de nossa cidadela. Ao fim dele, um pouco antes de onde as copas curvavam como em uma reverência, estabilizava-se o grande mercado de La Cité. Tendas eram montadas por todos os lados; burburinhos de negócios e pechinchas dos clientes e mercantes podiam ser ouvidos ao longe. Era uma grande feira ao ar livre, banhada pela brisa e raios solares que aqueciam minha pele conforme me aproximava junto a Telo. Ele e eu já havíamos nos separado, cada um para sua parte de interesse. Minha primeira e única parada seria para a compra de ervas que faltavam no estoque de mamãe. — Moça dos cabelos rubros! — O velho Boswell sorriu para mim, os dentes amarelados e o cheiro de tabaco na barba grisalha. Ele me chamava assim desde o momento em que me conhecera, anos atrás, quando eu ainda era uma criança, mas já possuía idade suficiente para frequentar a feira. Acho que ele nunca soube de fato qual era o meu nome. — Eu estava esperando por você. Sorri de volta. — Olá, Boswell. — Diga, menina, em que posso lhe ser útil? Desviei minha atenção para os pequenos frascos disponíveis em sua tenda, cada um preenchido com substâncias de cores distintas. — Preciso de seiva de babosa e papoula... — Parei para refrescar a memória. — Huum... alecrim, lavanda e tomilho. — Então tive um estalo final: — Oh, sim! E mandrágora. Boswell não precisava ler a escrita nos frascos para saber o que estava me entregando: ele simplesmente sabia o que era cada coisa pela aparência, sem a menor sombra de erro. — Mandragóra, menina? — questionou em seu clássico tom brincalhão —, pretende fazer uma poção do amor? Com um riso nasalado, coloquei os frascos que me foram entregues na cesta de vime. — Hoje não. Antes de despedir-me dele, perguntei-me se essa era a intenção de mamãe: fazer uma poção do amor. "— Temo pelo dia em que a jogarão na fogueira" — papai dizia. Eu também tinha medo. Na verdade, ver minha mãe ser queimada era um dos poucos, mas piores medos que eu tinha — e eu não costumava ter medo de muita coisa. Parte das pessoas não compreendia os procedimentos de cura de mamãe. Quando não estava exercendo seus trabalhos de camponesa, ela ajudava nossos vizinhos com suas enfermidades, cobrando preços baixos e cuidando deles como cuidaria de qualquer uma das quatro filhas. Todavia, fazíamos o possível para manter seu conhecimento em sigilo daqueles que não podiam entender, e acabariam acusando-a de feitiçaria, como outrora houve com outras mulheres na comuna. — Pronto? — Telo surgiu ao meu lado, tecidos coloridos perfeitamente dobrados em suas mãos. Lancei-lhe um olhar duvidoso. Ele sorriu. — Ah, você viu? A velha me vendeu pela metade do preço — explicou, rindo da própria façanha. Ele tinha o dom de negociar com aquele seu sorrisinho canalha. — Ela disse que conseguiu com um dos homens do norte. "Homens do norte", os pagãos. Criaturas sanguinárias vindas da Escandinávia que invadiam nosso território e saqueavam tudo o que podiam, deixando um rastro de destruição por onde seus pés pisavam. Algumas vezes ouvi papai chamá-los de "vikings". — A julgar pelo seu sorriso, posso imaginar as histórias que ela contou a você — comentei. Telo e eu começamos a trilhar o caminho de volta para casa. — Você nem imagina, raposinha! Ela disse que teve a casa invadida por um deles! Por um dos homens do norte! E sobreviveu! Revirei os olhos. — Em outras palavras: ela te passou a perna. — Quem a enganou fui eu, querida. Ganhei três túnicas novas por um preço ridículo. — Você que é ridículo! Ele bateu o quadril no meu, fazendo-me esbarrar em um mercante de cestas como a que eu segurava. — Desculpe — pedi a ele, que aproveitou a oportunidade para oferecer-me seu produto. Recusei educadamente, prometendo que compraria em outro momento. Minhas moedas estavam contadas, e a compra das ervas e especiarias deixara-me sem nenhuma. O sol já não brilhava tanto enquanto voltávamos pelo bosque. Olhando para cima, dentre os galhos e folhas que quase chegavam ao céu, eu podia notar os tons de ocre e cobre do Firmamento. O entardecer trazia consigo um clima mais fresco, de ventos gélidos e cantos das revoadas que soavam acima de nós. Os dias eram muito bonitos, e eu adorava apreciar cada um deles. Mesmo que o trabalho no campo fosse duro; o destino, duvidoso; e o amanhã, incerto. Eu carregava uma esperança que jamais cogitou chegar ao fim. — Amalie — Telo interrompeu meus pensamentos, dando um leve puxão em uma das mangas do meu vestido —, aquela é Aveline? Meus olhos cravaram a frente, na figura que se movia com rapidez em nossa direção. Reconheci de imediato as tranças loiras esvoaçando conforme a corrida da pequena pessoa de vestido rosado. Minha irmã parecia um furacão movendo-se em desespero, deixando nuvens de terra seca para trás, partindo de suas botas. — Ei, ei... acalme-se, mocinha — pedi, segurando seus ombros quando ela nos alcançou. Notei as lágrimas cristalinas brilhando sob o desespero de suas irises esverdeadas — O que houve, Aveline? — Os saqueadores... — Arfou, a voz embargada. — Eles voltaram. Telo e eu trocamos um olhar. E então saímos correndo. ❈ ❈ ❈ "Saqueadores" fora como apelidamos os homens que, em pequenas divisões de tempo (mês em mês), faziam visitas desagradáveis a nossa comuna. Não eram os pagãos, antes fossem. Eram francos como nós. Meros ladrões que divertiam-se em instalar o caos na vida de outros moradores. Eu não sabia ao certo de onde eles vinham. Não sabia quem realmente eram. Usavam capas e capuzes escuros, o que impossibilitava ver pouco mais do que seus rostos diabólicos. Naquele momento, Telo, Aveline e eu demos de cara com um verdadeiro inferno. Os saqueadores reviravam e destruíam tudo o que estava a frente. Gritos de mulheres e crianças misturavam-se ao fundo, em um cenário de ruínas e medo. Portas eram arrombadas. Alimentos, água e a pouca prata que alguns possuíam eram levados feito areia pelo vento. Os cavalos estavam agitados, relinchando alto e trotando para longe de toda a balbúrdia, derrubando o que ainda restava de pé. Meus punhos cerraram. Puxei meu capuz sobre a cabeça e agarrei a mão de Aveline, trazendo-a para o mais perto possível de mim. Nos separamos de Telo, desviando daqueles que corriam perdidos sem uma direção exata. — Onde estão a mãe e as meninas? — indaguei a minha irmã, que tremia. — Eu não sei. — Sua voz falhou. — Estava escovando os cavalos quando vi os homens chegando, e saí correndo para te encontrar. A porta de nossa casa estava aberta. "Não, não, não, não, não! — pedi em voz baixa, esforçando-me para não pensar no pior —, se algo tiver acontecido a elas, se algo tiver acontecido..." Pensei em meu pai, e na promessa que fizera a ele: "— Enquanto viver, elas estarão em segurança." — NÃAAAAAAO! — O grito agudo fez-me congelar na soleira da porta. "Aurelie." Minha caçula gritava. Gritava e chorava. Chorava e soluçava enquanto era presa por um dos malditos ratos saqueadores. "Ele ousou... o desgraçado ousou encostar seus dedos sujos nela!" Nossa mãe não estava presente. E imaginei que tivesse ficado presa na casa de algum enfermo que visitou. A confusão não devia tê-la deixado voltar. Mirei os olhos na mesma direção que Aurelie, que não parava de chorar. E então compreendi o motivo do pranto. Um segundo saqueador tinha outra das minhas irmãs nas mãos: Anastasie, a que veio ao mundo doze anos depois de mim. Anastasie, a ternura, a dos sorrisos doces e olhares amáveis. Minha irmã, ele estava machucando minha irmã! ELES estavam machucando MINHAS IRMÃS! Forçando-a contra a mesa, o homem de capa dominava Anastasie com a mão em seu pescoço, pressionando sua cabeça no tampo de carvalho. A barra do vestido azul fora erguida até suas costas, deixando-a com toda a parte traseira a mostra. Seu choro e o de Aurelie, misturados aos olhos horrorizados de Aveline, deixaram-me em transe. Tudo aconteceu rápido demais. Em um instante, deixei Aveline na porta e avancei para dentro. Estava em desvantagem, desarmada. Meu arco e flechas estavam no quarto; e as facas, longe de meu alcance. O homem que detinha Aurelie soltou-a, avançando em minha direção. Desviei de seu golpe, tomando a espada da bainha em sua cintura. A vantagem, então, estava comigo. Aproveitando-se do meu movimento, o saqueador chutou minhas costas, sua sola em colisão direta com minha coluna. A dor foi terrível. Meus joelhos cederam, chocando com o assoalho. Pela visão periférica, observei que o encapuzado se jogaria sobre mim. Virei de barriga para cima, a espada em riste. A lâmina atravessou seu coração. — AMALIEEEE! — Meu nome soou em uníssono. "Aveline e Aurelie!" As duas juntaram-se para agarrar o braço do saqueador que feria a mais velha. Elas trabalhavam em equipe, usando a força que seus pequenos corpos tinham para afastar o homem de Anastasie. Mesmo em duas, elas não teriam chance. Eram pequenas demais, frágeis demais. Elas foram ao chão com violência quando ele conseguiu soltar-se de suas delicadas mãozinhas. Voei como uma águia na direção do homem. Suas mãos largaram Anastasie para defender-se de mim. Nossas espadas colidiram, disputando força. O som do choque entre as duas acendeu meus instintos mais selvagens. — SAIAM DAQUI! — gritei para minhas irmãs. Desferi um soco em seu estômago. O homem grunhiu antes de desequilibrar-se para trás. Da esquerda para a direita, a lâmina da espada em minhas mãos cortou o ar, iniciando um novo choque. Desviei da cotovelada, abaixando-me para focar em sua barriga. Um corte, respingos de sangue. Seu próximo golpe seria em minha cabeça, mas rolei para o lado até bater em uma das pernas da mesa. — AMALIE! — Anastasie gritou. Mas minha morte não seria pelas garras de um saqueador. Não mesmo! — SAIA, ANASTASIE! — ordenei outra vez. As outras duas meninas não estavam mais em meu campo de visão. — Não vou deixar você! — Não seja tola! Rolei outra vez quando meu coração se tornou a mira. A ponta de sua espada prendeu-se no chão. A questão era delicada. Eu tinha poucos segundos. Coloquei-me de pé. Quando empunhei novamente a espada, ele já tinha recuperado a sua. Mais um choque de lâminas. Eu estava com sangue nos olhos. Nos olhos e, em breve, nas mãos também. Ele não se renderia. EU não me renderia. Um de nós tinha que morrer. Até que o saqueador agarrou minha irmã outra vez. Um movimento rápido, sujo e trapaceiro. Ele a pegou pelos cabelos, posicionando o metal pontudo em sua jugular. — NÃO! — implorei. — Abaixe a espada! — ouvi sua voz pela primeira vez, algo rouco e podre —, vamos, abaixe! Obedeci, mantendo o cabo na mão. Seu sorriso fez meu estômago embrulhar. — Você é mesmo corajosa... Mas não seja burra, mulher. Um movimento meu e este belo pescocinho se divide em dois... Engoli em seco. — Solte-a! Minha irmã é apenas uma menina... tenha piedade. Outro sorriso. — Piedade... Não sei se gosto dessa palavra... — Seus dedos traçavam o rosto pálido de Anastasie. — Não encoste nela, seu monstro! — A vozinha de Aurelie soou atrás de mim, juntamente a repreensão de Aveline para a mais nova. Elas não haviam corrido. — Ora, por que não? Uma mocinha tão bela... — Seus dedos desceram para a região dos s***s. Anastasie fechou os olhos. — ... Tão parecida com você. Ela fora a única a herdar o cabelo ruivo de nossa mãe além de mim. Olhar para ela era como me ver há doze anos. As mãos do homem continuaram a descer — dos s***s para a barriga, da barriga para a cintura. Eu estava a ponto de vomitar. Não havia o que fazer. Ele podia feri-la com uma simples ação. Eu tinha perdido. Decepcionaria meu pai. Não conseguiria mais encarar minhas irmãs. A honra me deixara em questão de minutos. E não me restaria mais nada. Meus olhos marejaram. — Deixe-a ir... — supliquei mais uma vez —, eu me entrego a você no lugar dela. Anastasie abriu os olhos chorosos. — Amalie, não... O saqueador pareceu gostar. Sua mão deteve os toques. — Hum... é uma interessante proposta. Tentei recuperar a voz, que sumia mais a cada momento: — Dou minha palavra a você! Solte minha irmã, e prometo não reagir a mais nada. — Não sei, mocinhas... A irmã de vocês é uma mulher de palavra? — É claro que é! — a pequena Aurelie esbravejou. Aveline tampou sua boca com uma das mãos. — Deixe-a ir, vamos... — Lentamente, comecei a largar a espada no chão, olhando fixamente para Anastasie. — Eu me cedo a você. Rezei para que minha irmã entendesse o que minha boca não podia dizer. — Não vá com ele, Amalie. — Seu olhar estava destroçado. — Está tudo bem, querida. — Sorri de canto para ela. — Tudo bem. O homem a soltou. E para minha sorte, ela entendeu meu recado codificado, correndo na direção das outras como eu queria que fizesse. — Venha. Encarei os olhos sedentos do saqueador, um brilho horrendo de luxúria. E tão rápido quanto peguei a espada novamente, ele tentou segurá-la. Uma péssima hora para se ter um reflexo. Sua mão voou pelos ares; e o sangue, por meu rosto. — URGH, v***a! — Seu grito de dor quase me ensurdeceu. — AMALIE! Virei-me para trás. Mamãe estava de volta. O homem passou feito um raio por ela e minhas irmãs, um rio de sangue deixado a cada passo. Exausta, caí de joelhos, largando a espada no chão. Tinha acabado. — Minhas meninas! Estão feridas? Mamãe observou as mais novas, uma por uma; em seguida, fez o mesmo comigo. Levantei para abraçar as quatro, todas de uma só vez. Anastasie ainda chorava. — Eram eles, mãe... — Aurelie informou baixinho, a voz quase inaudível. — Saqueadores, querida. Eu sei. — Não — a pequena divergiu —, os serpentes! Com os braços ainda ao redor de todas, encarei mamãe. "Serpentes" eram outros homens, diferentes dos saqueadores: homens que usavam o brasão de uma serpente na armadura. Homens do rei. E se eu tinha atentado contra suas vidas, aquilo significava um único fato: Eu seria executada. ━━━ • ❈ • ━━━ ➵ Denário era a moeda de prata utilizada na época. ➵ Reino dos Francos, Reino Franco ou simplesmente Frância, eram os nomes da França durante a Era Viking. ➵ Vime é uma fibra natural utilizada para a fabricação de cestas, móveis etc. Importante ❢ ➵ Essa é uma narrativa medieval. [O livro se passa durante a Era Viking, em meados de 800 a 1000 D.C — quando o francês atual que a gente conhece era o langue d'oil. Eu tentei escrever do jeito mais simples possível para ser uma leitura leve, porém sem sair dos padrões da época. Contém palavras ou termos desconhecidos, mas no fim dos respectivos capítulos há um mini glossário para ajudar na compreensão.] ➵ Os locais e referências históricas são reais. [Os personagens, porém, todos fictícios. O reinado Toussaint não existiu.] ➵ Não recomendado para menores de 16 anos! [Gatilhos: violência; machismo; linguagem inapropriada e de cunho s****l; a***o de poder; e religião.] ➵ Nenhum desses temas é romantizado! [Há menções ao catolicismo (a religião que predominava na Alta Idade Média) e também às bruxas, que infelizmente iam para a fogueira. Mas ressaltando aqui que qualquer fala intolerante ou fanática a respeito é apenas parte da estória, que retrata situações reais da antiguidade. Eu respeito ambas as crenças — todas elas, aliás.] ➵ Peço que releve os erros. [Esse livro foi escrito por uma amadora apaixonada por história, mas sem formação.] Opcional ❢ Temos um dreamcast: • Holland Roden como Amalie. • Stephen Amell como rei Christophe. Seja muito bem-vindx a VOSSA MAJESTADE, O REI! Espero que sua experiência aqui seja boa... (^_-) ♥︎

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