A obsessão do Médico

Ângelo era um bom em tudo que fazia, que desde que nasceu possuía uma sorte sem igual. Nem precisava ter o trabalho de ter se dedicado tanto ao estudo quando teve o desejo de se tornar médico, já que a herança que possuía de seus pais lhe proporcionava uma vida luxuosa e muito confortável. Porém ele queria escrever a própria historia sem depender apenas da "boa vida" que podia ter sendo filho de país milionários. E assim Ângelo passou em primeiro lugar no vestibular para medicina, o que não era muita novidade já que sua família estava acostumada a todas suas conquistas, desde muito novo Angelo se mostrava determinado quando desejava algo e não media esforços para conseguir o que queria. Era inteligente ao extremo, disciplinado e ambicioso. Essas qualidades fizeram de Ângelo um dos melhores médicos pediatras da região, pais de varias partes do estado recorriam a ele os cuidados da saúde de seus filhos. Sua consulta era caríssima, apenas pessoas de classe alto podiam ter condições de pagar por seu atendimento na clínica em que ele trabalhava. Alguns possuíam ajuda do governo pois a procura por atendimento com o renomado Dr. Ângelo era imperdível. Todas as crianças e adolescentes que passavam por ele com alguma doença com seu tratamento feito passe de "mágica" logo se recuperavam. Por essa razão uma instituição que acolhia crianças órfãs o contatou implorando que trabalhasse ali. Ângelo então viu a oportunidade de fazer uma obra de caridade, já havia planejado há alguns anos atrás ser voluntário em alguma instituição social mas sua vida cheia de compromissos não lhe dava "folga". Foi então que aceitou o convite e foi conhecer a instituição para menores que se denominava "Casa Das Flores". Ângelo também precisava desse trabalho para sentir digno de tudo que possuía e sem contar que ainda passava pelo cálice amargo do divórcio, onde um processo difícil de traição o obrigou seu casamento cair em ruínas. Tentava manter as aparências, quando tudo que queria era desaparecer no mundo sem deixar vestígios de sua presença. Estava realmente machucado com aquilo, não esperava que seu casamento de cinco anos se perdesse de maneira tão trágica. Ângelo também se sentia culpado por isso, pois passava muito mais tempo de sua vida no trabalho do que em casa curtindo a bela esposa que teve. Dora era uma mulher jovem, independente, também era médica, mas dedicava em tempo integral a cuidar do lar o que não foi uma boa ideia depois que se sentiu totalmente solitária na enorme casa de Ângelo. A solidão misturada a carência a levou a buscar em outro homem o que o marido não mais podia lhe oferecer. O tempo passou e ele estava certo de que nunca mais abriria seu coração para o amor novamente. Estava magoado a ponto de odiar as mulheres. Só aceitava uma mulher na sua cama apenas com o fim de lhe proporcionar prazer e depois nem queria lembrar de seu nome. A traição o transformou de dentro para fora, era um homem frio, sem emoções e o trabalho passou ser seu único refúgio. Apenas com seus pacientes Ângelo se mostrava mais sensível, nesses momentos quem o conhecia poderia acreditar que dentro daquele homem que parecia uma rocha impenetrável tinha um coração. Mesmo deixando claro que não queria relacionamento algum que o prendesse novamente a um casamento, o público feminino caiam em peso sobre ele. Afinal Ângelo não era um homem comum, tinha uma beleza surreal e arrebatadora. Por possuir um físico forte, estatura alta em seus 1,90, peso corporal muito bem distribuído, fazia dele um modelo de passarela, o que seria uma segunda profissão se ele não fosse tão introvertido. Apesar da beleza física, Ângelo não tinha vaidade, nem se envaidecida dos atrativos que possuía, para ele beleza não era fundamental já que sua esposa não se contentou com o que tinha e foi buscar outro padrão de homem lá fora. Ele sabia o valor de uma mulher fiel e honesta e não tinha certeza que poderia existir alguma para ele. Nenhuma mulher suportaria Ângelo depois que se transformou naquele homem autoritário e possessivo, essas características foi a forma que ele encontrou para se blindar, se proteger do sofrimento que havia passado. Se antes era um cavalheiro e foi traído estava disposto a tratar as mulheres com o mínimo de delicadeza e afeto, pois assim seria respeitado e temido. ... Quando chegou ao endereço que seu GPS sinalizava como o destino que ele havia programado Ângelo pode perceber que o prédio estava caindo aos pedaços. O lugar era sombrio, possuía uma estrutura antiga, semelhante aqueles casarões do início do século XX. A Parte interna então o deixou ainda mais chocado, não havia um reforma nas paredes caindo reboco a muito tempo e cheiro forte de mofo causado pela umidade no teto o incomodou. Uma senhora de meia idade foi ao seu encontro, demonstrando contentamento em vê-lo ali. Ângelo a cumprimentou: ___ Dr. É uma grande honra recebê-lo na nossa casa! Vamos a minha sala! (Disse Estela a diretora da instituição) Ângelo a seguiu e depois de andarem por um extenso e estreito corredor adentraram a uma sala grande, com numerosos armários de arquivos e quadros de ex diretores que ali trabalharam. Estela lhe mostrou a cadeira para que ele se sentasse: ___ Ficamos muito felizes por ter aceitado a proposta... Nossa instituição vai ganhar muito com o senhor nos ajudando... (Estela estava notavelmente emocionada) O que irritou Ângelo, ele não suportava ser "bajulado" e as pessoas o tratavam como se ele fosse um ser de outro planeta: ___ Antes de atender as crianças seria primordial uma reforma nesse lugar... As paredes estão ruindo! (Disse Ângelo lançando um olhar frio para a diretora) Estela se mostrou sem graça diante daquela verdade: ___ Claro Dr. Vamos providenciar a reforma o quanto antes... Ângelo não queria ficar de papo com aquela mulher que não sabia esconder suas emoções, queria saber onde atenderia as crianças em um lugar hostil como aquele, sem condições alguma de mesmo um "rato" viver ali. Estela estava sem palavras diante do médico, ele não estava sendo simpático com ela nem com ninguém, esperava que com as crianças ele pudesse ser mais misericordioso. Ângelo observou a sala de consultas em que iria trabalhar uma vez na semana ali naquela instituição para órfãos e não gostou nem um pouco. Ligou imediatamente para seu advogado para processar os responsáveis por manter a instituição naquele estado deplorável. A palavra de Ângelo era a lei, e se ele aceitou trabalhar voluntariamente ali, não poderia trabalhar como se estivesse dentro de um "esgoto", exigiu a reforma antes que começasse seu trabalho.