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Ilha do Amor

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Blurb

Com o pezinho na casa dos 30, o que a ilustradora Milene menos quer é viver um romance. O seu último relacionamento deixou cicatrizes que nem o tempo consegue apagar. Porém, seu mundo vira de cabeça para baixo quando seu pais a inscrevem no Ilha do amor, um reality show de relacionamentos de fama internacional. Por 15 dias, Milene se verá obrigada a conviver com 10 dos solteiros mais quentes do Brasil na ilha mais apaixonante do Rio de Janeiro. Entre festas, amizades, desafios e confusões, será que Milene dará uma nova chance ao amor ou essa experiência virará apenas uma história de verão?

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Capítulo 1
  Um dos dez mandamentos diz que devemos honrar nossos pais. No entanto, a vontade que estou sentindo de esganar os meus é tão grande que talvez minha alma queime no inferno por umas mil gerações. Eu estava tão bem mochilando pelo mundo... Fui voluntária em um orfanato na Zâmbia, entrei em contato com meu lado espiritual em Bali, tomei Ayuhuasca[1] no Peru... Por que minha família tinha que me inscrever no Ilha do Amor sem me avisar? Devo ter colocado pimenta malagueta na Santa Ceia para merecer isso! O que é Ilha do Amor? Simplesmente um desses reality shows fúteis em que pessoas mais fúteis ainda ficam confinadas dentro de uma casa, vestindo trajes de banho o dia inteiro, na esperança de achar um parceiro que preste. A proposta da terceira temporada, exibida pelo serviço de streaming Tvflix, é fazer cariocas que nunca se viram mais gordos conviverem em um casarão, localizado em Ilha Grande, litoral sul do Rio de Janeiro. Os participantes passarão quinze dias divertindo-se em festas, enchendo a cara, brigando e participando de provas ridículas. Com sorte alguns encontrarão a outra metade da laranja. É muito desespero! Bem, talvez só eu não esteja animada. Nunca fui fã de praia, nem muito sociável. Meu nível de vitamina D deve estar no subsolo de tanto que fujo do sol. E, devo confessar, viver um romance não está na minha lista de prioridades. Para mim, o amor dá as caras quando sente vontade. Quanto mais corremos atrás dele, mais ele foge da gente. Não estou com a mínima pressa de entregar meu coração para alguém. Se o amor bater na minha porta, ótimo. Caso contrário, o problema é dele. Meus pais, no entanto, sustentam outra opinião. Eles me enchem o saco, afirmando que já estou com vinte e nove anos, e preciso juntar os trapos com alguém. Repetem um milhão de vezes que estão doidos para ajudar na organização do meu casamento e a cuidar dos netos, ignorando totalmente o fato de que não quero casar, muito menos ter filhos. Acabei indo fazer os testes do programa de qualquer jeito, esforçando-me para ser reprovada. Não adiantou. Pelo visto, uma solteirona com um pezinho na casa dos trinta é um banquete para os telespectadores. Combinei de passar, pelo menos, uma semana no programa. Depois poderei fazer o que bem entender. Ah, alguma coisa me diz que os próximos dias serão os mais longos da minha vida. Assim que desço da lancha e agradeço o piloto por seu trabalho, meu coração palpita mais depressa. Estou prestes a encarar o maior desafio da minha vida, a ficar exposta para milhares de pessoas. Isso tem tudo para ser um desastre, mas uma coisa aprendi durante minhas viagens: o desconhecido pode nos surpreender de maneiras inimagináveis. Talvez eu consiga tirar algum aprendizado bacana desta experiência, mesmo sentindo uma vontade imensa de me jogar no mar e de ir nadando até em casa. Pena que não sei nadar. Pelo menos não precisarei carregar minha bagagem; a produção já fez o favor de trazê-las. Respiro fundo e peço para o Universo abençoar a minha jornada. Não sei o que vai acontecer daqui para frente, então uma ajudinha será muito bem-vinda. Abro o portão, fazendo o sinal da cruz. Após passar por uma parede cheia de flores na qual se pode ler Ilha do Amor em luzes neon cor-de-rosa, meus pés tocam o piso laminado de porcelanato claro que conduz à uma imensa piscina de ladrilhos. No ambiente adjacente, o gramado bem cuidado leva a um espaço amadeirado no qual estão dispostos um grande sofá branco e um objeto que deve servir para acender uma fogueira no centro. Ao redor da piscina, pufes coloridos e espreguiçadeiras podem ser notados. Mais adiante, debaixo de algumas árvores, há outro imenso sofá branco. Nossa, estou impressionada. Acho que alguém quebrou o cofrinho para termos tanto luxo. O sol toca minha pele achocolatada, enquanto uma leve brisa faz meus cachos escuros dançarem. É como se algum espírito estivesse desejando-me boa sorte. A sensação gostosa me leva a fechar os olhos por um momento. Preciso aproveitá-la, pois, daqui a pouco, ela não passará de uma lembrança. – Obrigada, meu Deus! – Uma voz feminina berra, me fazendo dar um saltinho pelo susto. Olho para trás para conferir quem é a doida e vejo uma mulher de pele acobreada, nariz arrebitado e olhos escuros ajoelhada, as lágrimas correndo pelo rosto como se não houvesse amanhã. Uma maquiagem leve colore sua face, acentuando sua beleza natural. E que beleza! Céus, como vou competir com isso? Não tem jeito de algum cara olhar para mim se todas as garotas forem nesse naipe! – Ei, você está legal? – aproximo-me, genuinamente preocupada. – Claro! Finalmente consegui entrar neste programa! – Ela pega a minha mão, levanta-se e agradece. – Desculpa o m*l jeito. É que sonho em estar aqui desde a primeira temporada. Meus amigos já perderam as esperanças de eu desencalhar! – O vento chacoalha seu cabelo castanho e ondulado, com mechas loiras perfeitamente tingidas. – Prazer, sou a Hellen. – Milene – esboço um sorriso tão tímido quanto nervoso. – Vamos dar uma volta? Temos bastante para olhar por aqui. – Só se for agora! – Hellen puxa-me pela mão. Nossa intenção era explorar o outro lado da casa, mas Hellen abortou a missão tão logo avistou uma mesinha de madeira. Em cima dela há algumas taças e um balde de gelo com champanhe dentro. Antes mesmo de eu dizer alguma coisa, Hellen abre a garrafa e nos serve. Ela está tão empolgada com tudo o que está acontecendo que fico até com pena de cortar o seu barato. – Obrigada, mas... eu não bebo. Erguendo uma de suas perfeitas sobrancelhas, Hellen sorve um gole da bebida. – Ah, não seja chata! Estamos prestes a viver o melhor verão de nossas vidas. Vai, comemora comigo. Não é como se eu fosse te dar um boa noite, Cinderela. Ninguém vem para cá com dinheiro mesmo! Falho em reprimir uma gargalhada. Hellen está certíssima. Por quinze dias, estaremos duras igual a um coco. De qualquer forma, não é como se pudéssemos sair por aí para comprar alguma coisa; estamos em uma ilha privativa, afinal. Acabo bebendo um pouquinho de champanhe, logo sentindo o líquido borbulhante descer pela garganta. Não é a sensação mais agradável, mas tudo bem. Não é como se eu fosse me embebedar e sair cantando sofrência por aí. Tenho orgulho em dizer que nunca fiquei de ressaca e não é agora que vou começar. Conversamos um pouco sobre o quão incrível nosso novo lar é e outras coisas triviais. Hellen conta que tem trinta e dois anos, é empresária no ramo artístico e que já perdeu as contas de há quanto tempo não namora. Reclama que os homens só a veem como objeto e que, se não achar um que preste, vai virar lésbica. Como se as coisas fossem tão fáceis assim. – E você, Milene? Como pode uma mulher linda como você estar solteira? – Hellen vira o copo com vontade. Minhas bochechas esquentam quando ouço a pergunta. Sou péssima em receber elogios. – Sei lá, só não procuro. Não estou desesperada para me juntar com alguém – É o que sai da minha boca. Não é totalmente mentira, mas não quero estragar o clima contando a história verdadeira. Já é pesado demais ter de relembrá-la todos os dias. Hellen parece aceitar a minha resposta. Enquanto engatamos mais uma conversa, uma garota de cabelo liso e curto caminha em nossa direção, a pele é levemente bronzeada. Seu olhar é intenso, como se pudesse analisar nossa alma. Nem o salto alto consegue deixá-la mais alta. E eu que pensei que meus um metro e cinquenta e oito centímetros destoariam do povo! – Oi,  sou a Maya – Ela desfere dois beijinhos em Hellen e, em seguida, em mim. – Nem acredito que estou aqui! – Nem eu – Hellen apressa-se em encher a taça da recém-chegada, que bebe tudo de uma vez. Caramba, já estou imaginando estas meninas nas festas. Ah, não vou carregar ninguém para a cama, não! Maya vasculha a entrada com o olhar. – Só vou dizer uma coisa: os caras vão penar para dar conta da gente. Aliás, cadê eles, hein? – Calma, ainda faltam duas garotas – digo. – Olha, aí vem mais uma. Uma loira magra, com cabelo ondulado e brilhoso, acena para nós. Ela apresenta-se como Ariana, sorrindo como se houvesse ganho na loteria. Parece bem zen e despreocupada com a vida. Logo em seguida, uma oriental com franjinha e rosto iluminado vem correndo, a animação em pessoa. Ela nos abraça e beija como sua vida dependesse disso. – Oi, oi ,oi! Prazer, meu nome é Akemi – pula de alegria. – Nossa, quanta gente bonita! Pena que não sou bi! – Ainda bem que sou pan – É impressão minha ou o olhar de Ariana pairou sobre mim por um instante? Não, devo estar louca. Esse sol está me matando! – Que sorte a minha. Não demora muito para recebermos mais uma pessoa. Tetê Lemos, a apresentadora do programa, chega exalando bom humor e irreverência. Sua pele achocolatada e cabelo alisado reluzem ao sol, mas não mais do que seu sorriso estonteante. Ela caminha confiante, exibindo suas curvas para o mundo inteiro. Caramba, tinha esquecido que o programa passará em cento e noventa países! – Bem-vindas ao Ilha do Amor. Vocês estão prestes a viver o melhor verão de suas vidas aqui, neste paraíso chamado Ilha Grande. Passarão quinze dias curtindo o sol, a piscina e, com sorte, um novo amor. Estão prontas para conhecer os garotos? As outras participantes gritam “sim”, empolgadas demais para um sábado de manhã, mas apenas sorrio. Um calafrio percorre minha espinha. Rezei tanto para este momento não chegar, mas agora não tem volta. Preciso conhecer quem serei obrigada a aturar nos próximos dias.   [1]Chá com potencial alucinógeno feito com mistura de ervas amazônicas.

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