CAPÍTULO 2

1279 Palavras
Deixo o celular cair da minha mão, enquanto assisto a viatura da policia rodar, capotando três vezes. - Luke! Jerry grita e desesperado solta o cinto. O carro que o acertou desaparece e os carros vão brecando com tudo pra não se chocarem. - Não saia do carro, se esconde. - Não! Vou com você. - Eles podem estar de olho pra te pegar. - Não me importo, seu amigo pode precisar de ajuda. Fiz curso de primeiros socorros. Saímos do carro e corremos com cuidado até a viatura. Jerry está ao telefone pedindo resgate, enquanto uma multidão se aglomera em volta do carro. Uma sensação estranha percorre meu corpo, como se estivesse sendo observada. Ele está aqui! O cara que matou Jonny está aqui. Olho em volta, mas não faço idéia de como ele é. As únicas coisas que conheço dele é a tatuagem e a voz. Jerry quebra a porta da viatura com a ajuda de um homem. - Luke! Ajoelha pra ver o amigo policial e tentando não surtar, vou até eles. Abaixo e vejo seu amigo com o rosto cheio de sangue. Por sorte a viatura parou com o capô pra cima e não pra baixo, mas o carro está todo arrebentado. - Ele não responde! - Me dá espaço. Peço e me enfio na frente do Jerry. Verifico sua pulsação e respiro aliviada ao senti-lo vivo. - Está apenas desacordado. Verifica se tem alguma farmácia ou alguém com kit de primeiros socorros. O corte na testa está bem profundo. Jerry se afasta e vou aos poucos tentando ver se tem mais algum ferimento. Seu cinto o salvou de lesões mais graves. Seus braços e pernas estão aparentemente intactas, mas minha preocupação é o que não posso ver. - Vamos tirá-lo de dentro do carro. Alguém diz abrindo a porta do outro lado. - Não! Grito e o homem me olha assustado. - Ele pode ter alguma hemorragia interna, precisamos aguardar o resgate. - Consegui isso! Jerry surge com uma pequena maleta de primeiros socorros. - Deve ajudar! Ele abre a maleta e pego algodão, álcool, uma faixa e gazes. Com cuidado limpo o ferimento na testa, que não para de sangrar. - Segure a cabeça dele, vou enfaixar e não quero mexer no pescoço. Jerry segura firme a cabeça do amigo. Cubro com gazes e passo a faixa em torno da sua cabeça. Me assusto quando os olhos dele se abrem e encaram os meus. - Luke, você consegue me ouvir? Pergunto e ele volta a fechar os olhos e geme. - Sim, mas a dor é muito forte. - Sabe me dizer onde dói? - Cabeça... - Mais nada? - Corpo, mas como se eu tivesse treinado luta. Parece dor muscular. - Ótimo! Quero que não se mova, o resgate já deve estar chegando. - O que aconteceu? Só me lembro de estar guiando vocês até a delegacia e... Abre os olhos e respira fundo. - Não lembro de mais nada. O som da ambulância se aproximando me faz olhar para o Jerry. - Você acompanha seu amigo, vou pra minha casa. - Você não pode ir pra sua casa. - Já contei tudo a policia naquele quarto de hotel. Eles possuem todas as informações sobre mim, se precisarem me procuram. - Victória, aquele carro não queria atingir o Luke, mas sim você. - Devem achar que conseguiram, vão me deixar em paz. - Você não está segura. - Vou pegar minhas coisas em casa e viajar. Dar um tempo pra me esquecerem. A ambulância para em frente ao carro e dou espaço para os paramédicos fazerem o atendimento no Luke. Jerry fica perto do amigo e acho que está na hora de ir. - Gatinha! Meu corpo todo congela ao sentir uma mão segurar meu braço e a voz dele ecoar em meu ouvido. - A v***a se salvou! Sinto algo encostar em minhas costas. - Quantas vidas ainda tem essa gatinha? Sua língua percorre meu ouvido e sinto vontade de vomitar. Tem tanta gente em volta e todos focados no resgate e não em mim, em nós. - Vamos procurar um lugar mais vazio pra descobrir isso. Me puxa pra trás e após alguns passos esbarramos em alguém. Sua mão escapa do meu braço e aproveito pra correr. Empurro as pessoas a minha frente e corro apavorada, sem olhar pra trás. Saio da multidão e me vejo no meio do cruzamento, sem saber pra onde ir ou onde me esconder. Meus pés parecem travar e meus olhos desesperados tentam encontrar um socorro. - Victória! Jerry grita, sinto um toque em meu braço e tudo vira escuridão. *********** - Me conta a merda que se enfiou, Jerry. - A merda não é minha, é dela. Luke quase morreu! Meus olhos mesmo pesados vão se abrindo. Tudo parece desfocado e volto a fechá-los. - Quem é ela? - Uma pessoa que precisa de ajuda. - Isso não responde minha pergunta. - Erick, essa mulher pode ser a chave pra verdade. - Jerry... O chamo e quando abro meus olhos ele está a minha frente. - O que aconteceu? Pergunto e aos poucos tudo a sua volta começa a ficar nítido pra mim. - Não sei! Você saiu de perto de mim, fui atrás de você e estava no meio da rua em choque. Vou me sentando aos poucos e minha cabeça dói. - Quando te toquei, desabou no chão e apagou. Fecho meus olhos e as lembranças surgem. - Ele estava lá! Digo quase em um sussurro e meu corpo arrepia ao lembrar de seu toque, da sua voz. Meu estomago embrulha e sinto uma vontade absurda de vomitar. A ânsia me toma e não vou consegui segurar. Abro meus olhos assustada quando alguém empurra o Jerry, me pega no colo e anda rápido comigo pra algum lugar. Volto a fechar meus olhos pra não vomitar no homem. - Pronto! Me coloca no chão e ao abrir os olhos vejo a privada. Ajoelho e sem aguentar segurar mais, me curvo e solto um liquido estranho e amargo pela boca. Não tem o que vomitar quando não se alimenta o dia todo. Deve ter saído só o champagne. O homem segura meu cabelo enquanto a ânsia não passa. - Não se alimentou, por isso não sai nada. Limpo minha boca com a mão tremula, sento no chão e encosto na parede. - Ele me tocou! Aquele homem me tocou e nunca senti tanto nojo em toda a minha vida. Uma toalha surge em frente ao meu rosto e a pego. Limpo meu rosto e respiro fundo. - Obrigada! Olho pra cima e finalmente vejo quem me trouxe para o banheiro. Meu Deus! Me seguro para a boca não despencar, mas ele percebe meu choque com sua beleza e tamanho. Ele não é só grande de altura, mas também de largura também. Muitos, muitos músculos enfiados em uma camiseta branca e uma calça jeans surrada. Mas esse homem não é enorme, mas sim lindo em uma categoria de perfeição. Cabelos negros, com uma jogada lateral na frente. Olhos lindos azuis e um sorriso perfeito. Merda! Ele está sorrindo pra mim ou de mim? O filho da mãe ainda tem aquelas presas de vampiro lindas. Para de sorrir e de forma discreta passa a língua nos lábios. - Acho que já se sente bem melhor. Diz com uma voz rouca e sexy, fazendo um arrepio percorrer meu corpo todinho. - Ela quem estava com o Jonny na hora do assassinato. Jerry diz e aparece na porta do banheiro. O homem me mede dos pés a cabeça. - Essa é garota de programa que estava com ele?
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR