O Confronto na Praia
O latido animado de Rex quebrou o silêncio do fim de tarde, alertando os dois irmãos sobre a presença de Alicia. Alex e Alan olharam na direção do som e viram a Chef, sentada, observando o cão correr.
"Senhorita Romanoff," Alex chamou, levantando-se.
Alicia olhou para ele e depois para Alan, sentindo o nó em sua cabeça apertar. Aquelas eram as duas pessoas que estavam bagunçando seu coração.
"Oi. Como é que vocês estão? Desculpa pelo Rex ter latido com vocês," ela se desculpou, apressadamente. "Ele veio correndo. A gente estava sentada ali tomando água de coco, bom, eu estava tomando água de coco, e o Rex estava brincando, entediado de ficar dentro de casa, aí eu trouxe ele para andar."
Alan, com a calma profissional que o caracterizava, mas com uma intensidade nos olhos, interveio. "Bom, passear é bom, tomar um ar. Não quer sentar aqui para a gente? Nos fazer companhia?"
Antes que Alicia pudesse responder, Alex, rápido e prático, se adiantou. Ele foi até onde as coisas de Alicia estavam (sua toalha, chinelos e o copo de água de coco) e trouxe tudo, depositando-o perto de onde Alan e ele estavam sentados. Ele fez um gesto para ela se sentar. Não havia como recusar.
"Vocês vieram tomar um ar também aqui na praia, hein?", Alicia perguntou, tentando soar casual.
"Sim, viemos tomar um ar e conversar. A gente estava precisando conversar, sabe? Conversa de irmão. E aproveitar e ver gente. Aí a senhorita apareceu, bom também," Alex disse, com um sorriso que não chegava a ser totalmente despretensioso.
"Eu não quero atrapalhar a conversa de vocês, pois se a conversa é de irmão, eu estou atrapalhando," Alicia insistiu.
Alan respondeu mais depressa do que Alex, a voz mais séria. "Claro que não. Sua companhia é sempre bem-vinda. E queríamos conversar com você, Alicia. Essa é a oportunidade perfeita de falarmos com você."
O tom de Alan a alarmou. "Comigo? Mas aconteceu alguma coisa?"
Alex respirou fundo, olhando para o irmão, que assentiu. Eles haviam ensaiado isso.
"Bom, vamos ser claros com você, e queremos que você nos escute," Alex começou, olhando diretamente nos olhos dela. "Eu, Alex, e o Alan, nós gostamos de você. E é um gostar que não é só gostar de falar: 'Ah, eu gosto dela porque ela é bonita'. Não. A gente gosta de você de verdade. É uma coisa que já tem tempo. Se fosse daquele negócio de falar que só porque a senhorita é bonita ou porque dá um t***o danado na gente, já teria passado. Mas não, é algo mais forte, sabe?"
Ele fez uma pausa dramática. "E aí, podemos deixar claro que a gente tem intenção com a senhorita. E também, mamãe deu permissão para a gente se aproximar, sabe? Para tentar alguma coisa. Se você quiser alguma coisa comigo ou com Alan."
Alicia ficou sem fala. A honestidade brutal de Alex a atingiu em cheio. Ela processou a confissão mútua e a liberação de Natália.
"Eu... eu não quero magoar nenhum dos dois," ela conseguiu dizer, finalmente. "Pois se os dois gostam de mim, se eu ficar com um ou com o outro, vai magoar o outro. E isso não vai dar para mim. Eu não posso magoar vocês, nem decepcionar Natália, que me deu o serviço aqui. Então, está fora de cogitação isso."
Os dois irmãos se olharam. Era uma troca de olhares rápida, de cumplicidade e entendimento, um código que Alicia não conseguia decifrar. Era a linguagem que só irmãos compartilhavam.