Hillary está na enfermaria ao lado de Collyn, que só estava dormindo e se recuperando devagar.
Até que Collyn abre os olhos, e acorda um pouco assustada e se debatendo, Hillary segura ela e a acalma:
- Calma Collyn, você tá segura agora, fica calma e respira.
Collyn se acalmou e olhou bem para ela.
- Hillary?
- É, sou eu.
- O que você... onde estou? O COFRE!
- Eu sei, eu sei. Tente não se mexer muito, você ainda tá com muitos pontos.
Ela respirou devagar e olhou em volta.
- Receberam nosso chamado de socorro?
- Não, eu e um... parceiro, passamos por acaso pelo Cofre enquanto vínhamos pra cá, e encontramos o lugar todo arrasado.
Collyn põe a mão na cabeça, e ela começa a se lembrar aos poucos.
- Foi o Willard Piwbrins, ele ainda tá vivo, ele era um lobisomem gigante!
- Willard?
- Lutamos com tudo que tínhamos, mas ele nos massacrou. Ele levou alguma coisa do Cofre?
- Levou o Peso Vermelho.
Collyn ficou muito preocupada.
- A situação é complicada, a Diretora decretou estado de emergência por toda a região.
- Toda a região? Ela deveria ter alertado o mundo todo, aquela a**a pode acabar com a vida no planeta!
- Eu sei...
Collyn reparou que Hillary parecia bem desconfortável com alguma coisa.
- Fala, qual a sua ideia? - perguntou Collyn.
Hillary fechou a cortina do quarto de Collyn e se sentou perto dela.
- Acho que alguém ajudou Willard a roubar o Peso. - Hillary falou cochichando.
- Quem?
Hillary ficou pensando e perguntou:
- Há quanto tempo você trabalha no Cofre, Collyn?
- Já tem três anos. Por que?
- Quantas vezes algum inimigo já descobriu a localização do Cofre?
- Nenhuma.
- Já ouviu falar de algum relato de alguém que tenha descoberto?
- Não.
- Eu sei que o Cofre muda de lugar de tempos em tempos, mas com que frequência?
- A cada três semanas.
- E quando foi a última mudança?
- Ontem. Nós tínhamos acabado de chegar, m*l tínhamos arrumado as coisas.
Hillary e Collyn se entreolham.
- Não, n******e ser, isso é mentira. - disse Collyn.
- É a única possível suspeita.
- Ela nunca faria isso.
- Será mesmo? Ninguém dentro da C.I.R.C.E sabe de tudo a não ser a própria Sombra. E a última mudança do Cofre foi bem recente, ainda não deu tempo suficiente pro resto dos agentes saberem da localização dele. Isso só deixa dois suspeitos: a sua equipe de agentes que estava trabalhando no Cofre ou a própria Sombra, e como toda a sua equipe do Cofre morreu, então...
- Por que você não desconfia de mim? Eu sou a única sobrevivente.
- Foi você?
- Não.
Hillary fez um sinal com a cabeça, mostrando o medidor dos batimentos do coração de Collyn, e os batimentos dela não se alteraram em momento nenhum.
- Se fosse você, seus batimentos estariam acelerados acima do normal.
- Tinha esquecido o quanto você é sinistra.
Hillary ri, então Collyn pergunta:
- Por que você está desconfiando da Sombra?
- A Diretora é a única aqui que sabe exatamente por onde o Cofre anda, e o caminho que eu e meu parceiro encontramos era linear. Quando Willard atacou, ele não fez rodeios, ele foi direto até a fonte, ele sabia exatamente onde o Peso estava.
Collyn estava ficando incrédula.
- Acredita mesmo que a Molly cometeria uma traição desse nível?
- Eu sei que tô a um tempo fora, mas as coisas aqui mudaram até demais. Ela tem agido estranho, assim que cheguei aqui e contei sobre o que aconteceu no Cofre, ela não se importou muito com isso, mesmo sabendo que isso é um problema de nível mundial.
- Como se tudo tivesse ocorrido conforme o plano.
- Exato. Fora que, ela concedeu anistia ao Wade Burch, o maior capanga da Hassan.
- Deixa eu adivinhar, ela quer arrancar informações dele?
- Pois é, mas não fez isso até agora. Ao invés, está concedendo tratamento médico de primeira pra ele, já que ele ficou muito m*l com um ácido que eu derramei na cara dele a dois anos atrás. Aparentemente aquilo era um composto químico perigoso, mas quem se importa com isso quando o seu maior inimigo está tentando te m***r, né?
- Eu não vejo problema nisso, Hill. O sujeito tem que estar em boas condições para poder ser interrogado, se não todas as informações podem ser errôneas e a vida do prisioneiro pode ser perdida. Não adiantaria de nada no final.
- Sei de tudo isso, Collyn. Mas Wade já está aqui há dois anos e nenhum agente se quer tem permissão para tocar nele, porque a Sombra não quer. Pra início de conversa, ele nem deveria estar aqui, e sim na balsa como um prisioneiro qualquer. Aliás, ele traiu a organização, ele deveria é estar morto.
- Mas isso é...
- As leis da Corporação. A C.I.R.C.E pode intervir em assuntos governamentais porém com um certo limite. Isso poderia até mesmo ser obstrução da justiça.
Collyn começa a refletir e percebe que tudo faz sentido.
- Quando tentei confrontar ela sobre esse assunto, ela tentou desviar minha atenção me "desbanindo" e dizendo que queria que eu fosse a próxima Sombra, mas eu não engoli essa.
- Você como Sombra? Isso seria incrível.
- Não dê o braço a torcer, ela tá tramando alguma coisa. Minha intuição dispara que nem um alarme toda vez que penso nisso. - disse Hillary.
- Mas o que ela poderia querer arrumando essa bagunça toda?
- Eu ainda não sei, mas vou descobrir.
- Pra quem mais você contou sobre suas suspeitas?
- Só você.
- Bom. Não conte pra mais ninguém.
- Nem precisa dizer.
Collyn sente sede e tenta alcançar um jarro de água mas estava meio longe pra ela pegar, então Hillary se levantou e pegou o jarro para ela, porém ela percebeu que a água no jarro estava se agitando, como se estivesse acontecendo um terremoto.
- Hill, o que foi?
Hillary abriu a cortina e olhou pela janela, vendo umas bombas caindo.
- TODOS PRO CHÃO!
Hillary se debruçou sobre Collyn, protegendo sua amiga das pedrinhas que atingiram a enfermaria no impacto das bombas, e um alerta começou a tocar pela base:
- AVISO! ALERTA VERMELHO, ESTAMOS SOB ATAQUE!
Imediatamente Hillary pegou uma cadeira de rodas no corredor e pôs próximo a cama de Collyn.
- Vamos, temos que tirar você daqui!
Collyn se segurou em Hillary, que suspendeu ela em seus braços e colocou sua amiga na cadeira de rodas, então saiu com ela do quarto e foi empurrando Collyn pelo corredor.
Os agentes estavam desorientados, tentando proteger os pacientes enquanto o teto caía aos poucos.
- LEVEM TODOS PARA O SUBSOLO! - ordenou Hillary.
Os agentes acataram as ordens.
Hillary chegou num elevador de carga e abriu a porta puxando ela de baixo pra cima, então os agentes começaram a colocar os pacientes em macas e foram colocados um por um no elevador.
Hillary pôs Collyn no elevador e saiu.
- Com que ameaça estamos lidando?! - perguntou Collyn.
- Ainda não sei. Fique lá embaixo, não saia até alguém mandar e não faça nada que eu faria. - disse Hillary.
Depois ela e mais um agente fecharam o portão puxando ele de cima para baixo, e então Hillary apertou um botão na parede, e o elevador desceu.
Hillary foi correndo pelo corredor e pôs um comunicador na sua orelha, e tentou contato:
- Alguém na escuta?
- Agente Berlusconi na escuta. - Alvaro respondeu.
- Alvaro, qual a situação? Quantos alvos são?!
- Não estamos dando conta, é só um... é só um alvo!
- O que?!
Hillary subiu numa escada de emergência e foi para o telhado, onde ela viu um monte de terras destruídas por causa de bombas e vários agentes mortos.
Alvaro encontra ela no telhado e oferece um binóculos a ela:
- Veja com seus próprios olhos.
Hillary põe o óculos e tenta enxergar a ameaça, que estava se aproximando do portão principal, e vê alguém familiar:
- Aquele é o Henry Bowers?!