Capítulo 05

1333 Palavras
Laís narrando O silêncio predominava o meu quarto, o que acabava gerando um desconforto ainda maior. — O que aconteceu quando foi embora? Naquela noite? — sabia que seria necessário contar cada detalhe desde o primeiro dia do meu desaparecimento. — Havia ido ao banheiro e quando sai lembrei de comprar uma bebida, até comentei com a senhora no balcão. — iniciei contando. — Quando estava saindo para ir até onde vocês estavam, senti mãos me puxarem e logo algo tampando a minha boca. Arthur estava sério, um pouco bravo por sinal. — Quando percebi que era o Hugo achei que não seria nada demais, até acordar em uma cama amarrada por cordas. — expliquei. — Assim que ele teve a chance embarcamos em um avião para o Canadá. — contei. — Ele já havia planejado tudo, só não esperava que fosse dessa maneira, sabe? Sequestrando—me. — Ele fez algo com você? — procurou algum sinal de machucados em meu corpo, mas é claro, nos últimos meses estávamos preocupados demais com o bebê. — Na verdade sim. Desde o primeiro momento que chegamos na casa. — era difícil lembrar, mas precisava desabafar. Senti meus olhos queimarem, porém ignorei. — Se não quiser falar... — lhe interrompi. — Eu preciso. Respirei fundo mais uma vez. — Usou—me de todas as formas possíveis. Ele estava possessivo demais. Chegava bêbada de noite, queria fazer você sabe, caso eu negasse ele me batia. Qualquer motivo era sinal para violência. — tentei decifrar o seu olhar, porém Arthur havia mudado. — Como se sente com esse bebê? — perguntou, apontando para a minha barriga. — Não sei como ele ou ela está. Não tive nenhuma consulta. — contei. — Mas pretendo recomeçar a minha vida, já o amo incondicionalmente. Ele olhou para frente. Respirou fundo. Seus olhos brilhavam, podia apostar que estava a ponto de chorar. — Não acredito que deixei isso acontecer. — sussurrou baixo. — Ei, a culpa não é sua se o Hugo agiu como um louco. — toquei sua mão e senti uma corrente elétrica, ele também sentiu, olhou—me com os olhos arregalados. — Se eu tivesse ido com você ao banheiro naquele dia... — lamentou—se. — Nós não poderíamos saber o que iria acontecer. — beijei sua bochecha. Bocejei sem jeito. Como estava gravida, quase sempre estava com vontade de dormir e também pelo fato do meu corpo estar doendo. — Está cansada? Você precisa descansar. — levantou preocupado. — É por causa do bebê. — sorri sem jeito. — Quer ajuda? — ofereceu. — Irei aceitar. — pisquei. Arthur ajudou—me a deitar na cama e em seguida cobriu—me com a coberta fina. Analisou—me por um tempo sem dizer uma palavra sequer, isso realmente me deixava constrangida. — Qualquer coisa você pode ligar. — comentou. — Obrigada. — agradeci. Quando Arthur estava chegando na porta, lembrei—me de falar algo. — Arthur? — chamei. — Sim? — Ela parece ser uma mulher maravilhosa. — pisquei, senti os meus olhos embaçarem, talvez eu estivesse precisando ficar sozinha. O seu sorriso era de agradecimento e ao mesmo tempo triste. Gostaria de estar no lugar dela, de onde eu nunca deveria ter saído. Hugo realmente fez com que muitas mudanças ocorressem. Passei o resto da tarde e da noite na cama. Estava chorosa, assistia alguns canais de mulheres grávidas. Alguns até mostravam a hora do parto e isso me deixava com medo. Faria tudo para que Valentina ou Bernardo viesse saudável. Seria a minha principal fonte de felicidade. Não sei exatamente em que hora dormi, não era tarde, mas já havia escurecido bastante. Pelo cansaço que estava sentindo, com certeza dormiria tranquilamente até amanhã de manhã. [...] Alguém veio me acordar naquela manhã. Estava um pouco sonolenta e sentia muitos chutes na barriga. — Bebê da mamãe você já está com fome? — perguntei sorridente. Minha mãe me olhava encantada e fez questão de colocar as mãos na minha barriga para sentir. — Nossa esse bebê não se cansa? — brincou. — Está com fome. — expliquei. — Preciso de um banho. Ela me ajudou a levantar da cama e a procurar algo para vestir. — Conseguimos marcar um médico às 9h30min. — informou. O relógio ao lado da cama marcava 8h20min. Daria tranquilamente para tomar um banho, arrumar—me e ainda tomar o café. Sentia—me cada vez mais um balão. O fato principal era pelas cores vibrantes dos meus vestidos. Após estar pronta, encontrei com meus pais na mesa do café. — Bom dia pai. — beijei seu rosto. — Bom dia filha. — saudou. — Bom dia Margott. — fiz o mesmo ato. — Bom dia Laís, como estão? — perguntou ela. Agora precisava acostumar—me com o fato de responder por dois. — Estamos bem. — respondi. Com a desculpa de estar gravida, comi duas fatias de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Um pão com queijo e presunto. E também um pão de queijo, acompanhado com um copo de suco de laranja, natural. Estava sendo o mais cuidadosa com a alimentação, mas de vez em quando era impossível não comer os alimentos e doces deliciosos que eram servidos. Ainda no carro, tentava imaginar em como seria a minha consulta. Já chegaria falando que não queria saber o s**o do bebê, além do mais, se não precisei saber até agora, não faria muita diferença esperar alguns dias. — Está nervosa? — mamãe perguntou. — Só quero saber como ele ou ela está. — assenti. Ouvi o meu nome ser chamado e adentrei o consultório de braços dados com a minha mãe. A médica se chamava Dra. Helena. Ela era alta e parecia estar com quarenta anos. — Fiquei sabendo que não quer saber o s**o do bebê. — apontou para a maca onde deveria me deitar. — Não. Posso esperar até nascer. — sorri. Sentei—me na cama e a médica colocou o meu vestido para o alto, até chegar nos s***s. — Vamos ver. — a médica passou primeiramente um gel gelado na minha barriga, logo em seguida passando o aparelho, espalhando—o. A médica analisava o aparelho ao nosso lado com cuidado, não queria olhá—lo. Mamãe apertou a minha mão com força, seus olhos estavam cheios de lágrimas, não estava entendendo o porque. — Já pensou em um nome para os bebês? — a médica perguntou. — Pensei em Valentina ou Bernardo... — quando terminei a frase é que me toquei do que ela havia falado. — Bebês? — Você não sabia? Está gravida de gêmeos. — contou. Gêmeos? Ela só pode estar brincando. Olhei para a tela da máquina e pude ver dois corpos. — É a minha primeira consulta. — contei. Sentia as lágrimas escorrerem pelos meus olhos. — A primeira? A gestação de gêmeos requer o dobro de cuidados tanto com a mamãe quanto com os filhos. — ela com certeza estava pensando que eu era a pior mãe do mundo. Enquanto eu pensava na ideia de ser mãe de gêmeos. Minha mãe contava em poucos detalhes o porquê de ser a minha primeira consulta. — Desculpe. — a médica havia ficado sem graça. — Está tudo bem. No seu lugar faria o mesmo. — concordei. Teria que criar duas crianças sozinhas. Quer dizer, teria a minha família e amigos, mas e o pai? Hugo estava preso. Estava sozinha nessa, como daria conta? Faltava cerca de vinte dias para os bebês nascerem. A médica estava um pouco preocupado por não tudo todos os cuidados necessários. — Ela acha que será necessário uma cesariana. — contou minha mãe durante o caminho. — Faço tudo por eles. — por mim não importava a forma como viriam ao mundo. Naquela tarde como comemoração, resolvi convidar Duda e a Manu para me ajudarem a encontrar um apartamento. Ninguém além dos meus pais sabiam que os bebês eram gêmeos.    
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR