Depois de deixar Michele no aeroporto fui para sessão de terapia, Marta já me aguardava para ouvir a história sobre mim e Jesse. Era insuportável a forma como ela parecia tranquila enquanto para mim, era um furacão de sentimentos que não sabia o que fazer com eles.
- Se você o ama, porque não o procura? Porque não fala o que sente? - perguntou calma.
- Não era seu dever me dar essas respostas? - perguntei e ela sorriu.
- Não, estou aqui para ouvir você e ajudá-la a escolher o que acha certo para si. O que você quer Alice?
- Eu quero amar, beijar ele, sentir o amor dele, só quero ser amada, mas, porque isso é tão difícil para mim? - falei com os olhos marejados e ela deu outro sorriso calmo e tranquilo.
- Acha que antes de querer ser amada, precisa amar a si mesma e saber o quão especial você é. E se vai continuar vivendo, esperando pelo momento em que Jesse vai lembrar, acho que deveria investir em outras pessoas por exemplo.
- Ta sugerindo que eu saia para ficar com outras pessoas? - perguntei e ela riu.
- Não é nada demais, é normal as pessoas saírem.
- Tudo bem, pensarei a respeito. - balancei os ombros e ela sorriu.
- Espero que pense também sobre contar para Jesse como se sente. - apenas assenti.
Assim que terminou a terapia fui para delegacia, um pouco atrasada claro, mas Haward sabia sobre a terapia e não se importava que eu chegasse tarde. Só estava Jesse e Jeff na sala, ambos estavam concentrados seja lá o que estavam fazendo. m*l me sentei Haward entrou fervendo de raiva, seguida por Jessica e Matthew que estavam completamente sujos.
- o que aconteceu? - perguntou Jesse e Jessica apenas o olhou f**o.
- Alice - disse Haward e eu levantei rapidamente. - Quero você e Jesse fiquem de tocaia. - Jesse e eu nos olhamos.
- Posso saber porque? - perguntei calma e Haward me olhou.
- Tenho suspeita de que há alguns terroristas. Jeff vai lhe dar as informações que precisam e todos devem se preparar para turnos extras. - assentimos.
- Meu carro ou o seu? - perguntei para Jesse enquanto pegar minhas coisas e ele as dele.
- O seu, o meu está na oficina. - apenas concordei com a cabeça e descemos.
Entramos no meu carro e fomos até o endereço que Jeff nos passou. Parecia um beiro bem tranquilo, paramos a uma quadra de distância da casa que vigiaríamos. Jesse ligava o computador enquanto eu ajustava as lentes da câmera.
- Então. - pigarreou Jesse e eu o encarei. - Porquw sempre se atrasa nas quartas?
- Pelo visto tem reparado - falei calma e ele ficou um pouco corado.
- Todos perceberam, até fizemos algumas apostas - o encarei e ele riu. - brincadeira, não fizemos apostas.
- É algo particular. - sorri e ele assentiu.
Você é muito misteriosa, Alice Hank. - disse ela rindo.
- Talvez já seja hora de admitir que sou, um pouco.
- Um pouco? - perguntou sarcástico e eu ri.
- E você Jesse Stockler, o que tem a me dizer sobre você? - perguntei tranquila enquanto continuava ajustando a câmera.
- Nada emocionante, acho que só de muito emocionante foi que já fui perdidamente apaixonado por alguém.
- Jessica? - perguntei focando a casa com a câmera.
- Não. Foi quando estava no exército, era meu primeiro ano e ela apareceu no meu pelotão. Ela era incrivelmente linda, forte e corajosa, eu a invejava tanto. - meu coração estava disparado e eu estava respirando fundo para acalma-lo.
- Porque a invejava? - perguntei calma sem o olhar.
- Ela era tudo o que eu queria ser naquela época. Eu era jovem e estava indo para uma guerra infundada, sem saber se voltaria para casa. Ela não tinha medo, me ensinou muita coisa e a sobreviver.
- Porque acha que ela não tinha medo? - o olhei e seus olhos se encontraram com os meus.
- Se tinha, ela nunca demonstrou. Namoramos por um ano ou pouco mais, até ela ir embora e eu nunca mais a vi.
- Sinto muito - falei quase num sussurro e ele sorriu.
- O mais louco é que você me lembra muito ela. - fiz um esforço enorme para não chorar ou mostrar o quanto meu coração estava acelerado. - não digo fisicamente, exceto pelos olhos. Mas a forma como age e não tem medo de se pôr em perigo, ela era assim. - ele sorriu amarelo.
- Porque me contou isso? - perguntei e ele se ajeitou no banco.
- Eu não sei, sempre que estou perto de você me sinto à v*****e para falar sobre qualquer coisa. O que é bem estranho. - rimos.
- Sempre que quiser conversar, estarei aqui. - o encarei e ele assentiu.
- Você é uma boa ouvinte.
Os poucos minutos que se seguiram em silêncio eu respirava o mais fundo e silenciosamente que poderia. Estar com ele ali ao meu lado, dizendo tudo que eu sempre quis ouvir desde o momento que lembrava-me dele, mas ainda sim, sentia que seria egoísmo contar o que eu queria, já que sabia que ele estava saindo com outra pessoa.
- Tem movimentação. - alertou Jesse e eu olhei para a casa.
- Jesse. - antes de terminar de falar começaram a atirar.
Jesse baixou o vidro para disparar contra eles enquanto eu gritava para ele apenas se abaixar. Peguei minha a**a e abri a porta do carro usando como escudo.
Os tiros cessaram e eu olhei para Jesse que estava pálido. Ele levantou a mão que estava cheia de sangue e caiu sob o banco carona.
- Jesse. - gritei e o puxei para dentro. - Fala comigo. - falei enquanto tirava meu cinto e estancava seu ferimento.
Dei partida no carro e com o alerta ligado cheguei no hospital o mais rápido que pude. Assim que parei na entrada de emergência vários médicos saíram correndo.
- O que aconteceu? - um deles perguntou.
- Ele levou um tiro na região do abdômen, estava consciente, mas apagou a alguns minutos.
- Vamos cuidar daqui.
- Jesse Stockler - eles me olharam confusos. - o nome dele.
Eles assentiram e saíram com ele, peguei meu telefone e avisei ao pessoal. Fiquei na sala de espera, estava inquieta e já tinha passado mais de meia hora sem notícias do Jessie, pessoal não veio, pois estão atrás dos culpados.
*Ligação On*
- Fala Parker.
- Como ele está?
- Ainda sem notícias. - respondi com um longo suspiro.
- Fica calma, ele vai sair dessa. - sorri mesmo sabendo que ele não veria. - As coisas aqui estão progredindo.
- Parker ele lembra. - falei.
- Do que você tá falando?
- De mim, ou de quem eu era.
- Você está dizendo que ele lembra de você, de quando vocês ficaram juntos. - o interrompi.
- Sim.
- Isso é demais - consegui ouvir ele comemorar.
- Não é Parker, no momento que ele me contou isso, ele não sabia e não sabe que sou eu a garota pela qual ele se apaixonou. Fora isso, fomos alvos de tiro e agora ele pode estar morrendo.
- Alice. - o interrompi.
- Não Parker, agora não.
- Tudo bem. Manda notícias.
- Você também, tchau.
*Ligação Off*
Desliguei o telefone e eu me sentei, era difícil ficar ali parada esperando qualquer notícia dele. Pior era saber que lembrava de mim, mas não que a pessoa era eu.