Mais um dia

1812 Palavras
Chegando em Jersey, fui direto para casa, precisava muito descansar e no caminho de casa, já mandava mensagem para minha terapeuta marcando um horário, precisava muito conversar com alguém que não fosse próximo a mim. E que não iria contar a ninguém sobre o que fizesse. No dia seguinte, acordei cedo, pois tinha sessão com a terapeuta antes de ir a delegacia. Tomei um banho e me vesti, peguei café e fui até o consultório dela. Assim que cheguei, ela já me esperava. - Bom dia Srta. Alice. - disse ela tranquila enquanto se ajeitava na cadeira e eu forcei um sorriso. - Então, o que aconteceu de tão importante que precisou adiantar essa sessão? - Muita coisa nos último dias. - suspirei e ela assentia. - Algo no trabalho? - perguntou calma. - Também, mas vamos começar pelo fato de que dormi com aquele cara, Jesse. - ela assentiu e eu prossegui. - Porém, não falamos sobre isso, digo eu e ele. Não trocamos uma palavra sequer e não que eu estava esperando algo, me sinto péssima na verdade. - Por que? - perguntou confusa e eu respirei fundo. - Porque não contei a ele sobre nós dois, e agora, definitivamente, não sei se um dia ele me perdoa por não ter contado. - - Eu acho que independente dele perdoar ou não você, você precisa contar. Acredito que saiba que é egoísmo próprio seu, não contar a ele algo que diz respeito a ele, só porque tem medo que ele não a perdoe. - Eu sei. Mas, não sei como iniciar essa conversa com ele, ou se ele realmente vai querer saber, ou se eu significo algo para ele. O problema, é que tenho que ir para o trabalho hoje e nem sei como devo agir, - Alice, acho que você precisa tomar uma decisão. Se vai ou não contar, e o que você pretende para você futuramente. - Eu sei. - falei bufando e ela riu em silêncio. - mas sinto dentro de mim dizendo que não é o momento. Não agora. - Tudo bem sentir isso, ouça seu coração, mas não espere que todos ao seu redor estejam no mesmo ritmo que você. - Desculpe. - falei pegando meu telefone que não parava de tocar. Eram inúmeras mensagens do Parker que estava na cena de um crime. - eu preciso ir. - falei levantando imediatamente e ela fez o mesmo. - Te vejo na próxima semana? - ela perguntou e eu apenas assenti. Sai do consultório e peguei meu carro no estacionamento. Parker já tinha mandado a localização, cheguei o mais rápido que pude, já haviam demarcado a área em volta da casa, tinha claramente sinais de lutas do lado de fora, os vizinhos olhavam curiosos e vi Kyera, Matthew, Jessica e Jesse fazendo perguntas a eles. - Alice. - disse Parker quando me viu. - Vem cá. - entrei na casa e tinha um cheiro forte a amônia. Muito sangue espalhado e a perícia colhia provas. - O que aconteceu? - perguntei calma o seguindo pelo corredor, no quarto a mulher estava perfeitamente posta a cama, a cena era estranhamento diabólica. - Os vizinhos notaram a bagunça do jardim e que não tinha visto os Carrow saírem, eles costumavam acordar cedo e ir para o trabalho logo após uma caminhada matinal, ligaram para polícia e os oficiais se depararam com isso. - disse olhando a mulher na cama. - Ela morreu como? - perguntei e Howard apareceu atrás de mim. - Decapitada. - disse ele e eu o olhei incrédula. - limparam o corpo depois e costuraram a cabeça ao corpo de volta. - meu estômago embrulhou. - Nojento - disse Parker. Howard e eu o encaramos. - O que? - revirei os olhos e ele balançou os ombros. - Mas cadê o esposo? - perguntei notando que só o corpo dela estava na cama. - No quintal, enterraram ele. - O que acha? - perguntei olhando para Howard. - Serial Killer, acerto de contas, psicopata, muitas probabilidades. - suspirou profundamente. - Vamos virar a vida deles de cabeça para baixo e precisamos achar quem fez tamanha brutalidade. - apenas assenti. - é bom ter vocês de volta. - disse ele quase sem expressão e saiu. - É a primeira vez que vejo ele falar algo tão próximo de um sentimento. - disse Parker e rimos. - Vamos trabalhar. - falei e ele assentiu. Saímos da casa indo em direção ao meu carro e Jesse voltava acompanhado de Jessica de uma casa vizinha e entraram no carro dele. Entrei e Parker me encarava sorrindo, apenas balancei a cabeça e dei partida no carro. - Vocês ardem um pelo outro e negam isso - disse animado e eu dei risada. - Parker, por favor. - falei calma e eu assentiu. - E a terapia? - ele perguntou tranquilo e eu forcei um sorriso. - Está tudo indo bem. - respondi calma prestando atenção no trânsito. - Espero que continue te ajudando muito, Alice. Só quero seu bem. - Você me obrigou - revirei os olhos. - Mas admito que tem sido bom. - Que bom que está gostando. Você até que evoluiu bastante – disse Parker e eu ri. - Ei, May mandou mensagem para eu ir jantar hoje na casa de vocês – ele me encarou com um meio sorriso e o olhei de soslaio. - O que foi? - Ela pergunta bastante dos dias que fiquei fora e acha que estou escondendo algo sério dela. - suspirou e eu o encarei. - Ela convidou Jesse e a Jessica, acha que um vai entregar alguma coisa. - Sinto muito – falei sorrindo e ele assentiu. - Prometo que vou tentar ela esquecer disso, mas realmente sinto muito por ter que esconder dela. O problema era todo meu. - Não se preocupa, vai ficar tudo bem. - Chegamos na Delegacia, logo após Jesse e Jessica estacionarem. Descemos do carro e subimos todos juntos, eu fiquei em silêncio apenas escutando os três falarem sobre a janta. Quando chegamos no quinto andar, tive a maior surpresa que poderia ter, era estranho admito ver ele novamente, considerando nosso último encontro. Jesse e Parker se postaram na minha frente. - O que faz aqui? - perguntou Parker sério e Jessica me olhou preocupada. - Não vim falar com você – respondeu Parker de forma a*******e. - Não sabia que tinha seguranças. - disse me encarando e eu passei entre Parker e Jesse. - E não preciso, o que faz aqui? - perguntei no mesmo tom que usou com Parker e ele me olhou indiferente. - Podemos conversar em particular? - suspirei e apontei para a cozinha. - Vai ficar bem? - perguntou quase num sussurro Jesse e eu apenas assenti. Fomos para a cozinha e ele se sentou, fechei a porta e me servi um pouco de café, ele colocou uma pasta sobre a mesa, tinha meu nome nela. - Porque meu nome está nessa pasta? - perguntei e ele me olhou. - Me enviaram isso – abri a pasta e tinha apenas uma folha, pesquisando por vários nomes meus utilizados antes e nada constava. - Apagaram a sua existência de todos os dados, tanto militar como nas agências, é como se você nunca tivesse existido. - E porquê a preocupação com isso? Você não deixou claro que não era mais meu pai? - Eu sinto muito, passei dos limites e apesar das nossas desavenças, me importo com você. Sempre será minha filha. - o encarei indiferente e ele suspirou. - minha preocupação é que ninguém sabe porque apagaram você. - Obrigado por avisar, mas depois de todo esse tempo. Você realmente sente só pelo que me disse aquele dia? - ele se mexeu incômodo na cadeira e baixou o olhar. - foi o que pensei. - Alice! - disse ele firme quando me levantei e eu o encarei. - Vai embora por favor. - falei quase num sussurro engolindo toda a dor que meu peito sentia. - Tudo bem, liga pra sua mãe, ela sente sua falta. Disse ele e saiu quieto. Fechei a porta e fiquei um longo tempo escorada nela, respirava fundo para fazer aquela dor parar, eu só queria que ela parasse. Peguei o telefone e disquei o número da minha mãe. *Ligação On* - Mamãe - falei com a voz embargada. - Alice? O que houve querida? - perguntou preocupada e eu respirei fundo. - Nada, só queria ouvir sua voz - falei calma. - Ah, minha pequena Alice. Sinto sua falta. - Também sinto a sua. - Seu pai te procurou, não? - eu respirei fundo. - Sim. - era h******l falar com ela estando tão perto de casa e não ir ver ela. - Você sempre será minha filha, não importa o que diga sua certidão de nascimento, querida. Quero que saiba, que sempre estarei aqui para te ouvir ou só ficar em silêncio. - Eu sei - respondi com a voz embargada. - Sabe, sempre lhe disse que não deveria ser tão dura com si mesma e chorar faz parte. - foi o estopim para que as lágrimas escorrerem por minhas bochechas. - você não é um robô meu anjo. - É difícil não saber lidar com sentimentos. - falei rouca e respirei fundo. - você foi a única com quem mantive contato todo esses anos. - Eu sei, mas como prometi, nunca contei ao seu pai e nem à sua irmã. Então, como vai o trabalho? - suspirei fundo. - Estou em Nova Jersey há um tempo, eu sei que é perto de casa. Mas, não estou pronta. - Tudo bem, se quiser, posso ir e jantar com você - eu sorri mesmo sabendo que ela não veria. - Lembra do militar que me envolvi a anos atrás? - Achei que nem lembrava mais dele - ouvi ela rir. - guardei a foto de vocês dois, quando me enviou com as cartas. - Depois de todos esses anos? - perguntei surpresa e ouvi ela rir novamente. - Claro, foi a primeira e única vez que falou sobre estar apaixonada por alguém. Mas porque falou dele agora? - Eu trabalho com ele. Fui superior dele por um tempo, e agora somos detetives e colegas de trabalho. - suspirei. - E como está sendo? - h******l. - ouvi ela suspirar. - ele não se lembra de mim, eu mesma demorei a reconhecê-lo. - Quando ele conheceu você, você tinha outro nome e cabelo tingido. - Sim - falei rindo me lembrando da época em que tinha cabelos pretos. - Porque não contou a ele? - É complicado. - vi Parker acenando no vidro para que eu fosse lá. - Mãe, preciso desligar. - Tudo bem querida. Ligue mais vezes. - Prometo, te amo. - Também amo você querida, se cuida. *Ligação Off* •••
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