Depois da nossa pequena conversa nos fundos da galeria eu e Goyong saímos da exposição e fomos jantar como havíamos combinado, depois que terminamos o jantar resolvemos caminhar um pouco enquanto jogávamos conversa fora. A forma como me sinto à vontade com ele é algo surreal, conseguimos ter uma conversa longa sem que ela fique chata e isso é muito bom. Enquanto conversamos acabei descobrindo algumas coisas a mais sobre o Lee, como por exemplo que o único amigo dele é o Sooyun e que eles se conhecem desde de criança, Goyong também me falou que não é muito próximo da família e que não costuma manter relações com as pessoas já que ele é alguém muito instável. Não consegui entender muito bem o que ele quis dizer com isso, mas resolvi não me aprofundar nesse assunto já que parecia incomodá-lo um pouco e tudo o que menos queria naquele momento era deixá-lo desconfortável.
Agora estávamos indo a pé até meu prédio, já que ele se ofereceu para me acompanhar.
-Aquele cara na boate naquele dia…-Parecia que Goyong queria me perguntar alguma coisa, mas estava receoso.
-O que tem ele?-O incentivei a perguntar.
-Vocês já tiveram alguma coisa né?
-Infelizmente sim, ele é meu ex namorado.
-Por isso que ele ficou daquele jeito quando te viu conversando comigo.
-Sim, ele é um babaca, terminei com o Jay porque ele me traiu e agora aquele i****a age como se ainda tivéssemos alguma coisa-Eu não costumava falar da minha vida pessoal tão facilmente, mas me senti à vontade para falar disso com Goyong, algo nele me passa confiança, porém ao mesmo tempo… não sei explicar, é como se tivesse alguma coisa a mais que eu não conseguia enxergar e isso de certa forma me incomodava um pouco.
-Então seu ex namorado te traiu?
-Sim, o Jay foi um tremendo i****a e agora fica atrás de mim dizendo que quer voltar e que ainda gosta de mim, ele realmente acha que vamos voltar a namorar-Suspirei irritada com aquele assunto-Mas vamos parar de falar sobre esse assunto.
Depois de mais alguns minutos já estávamos em frente ao meu prédio, a conversa estava tão boa que nem percebi o tempo passar.
-Obrigado por ter me tirado de lá e ter tornado minha noite melhor-Goyong falou um pouco sem jeito.
-Não precisa agradecer, eu gostei de jantar com você, aliás quando tiver um tempo pode passar na cafeteria onde trabalho que eu te sirvo um café por minha conta.
-Eu não curto muito café.
-Então…-Pensei um pouco em algo que ele poderia gostar-Chocolate quente?-Inclinei a cabeça para o lado o encarando.
-Meu preferido-O mais alto sorriu me fazendo sorrir também.
-Combinado então, boa noite Goyong.
-Boa noite Dae.
-Ei-Em um impulso eu segurei sua mão o fazendo olhar para mim novamente, um arrepio estranho percorreu meu corpo, mas deixei isso de lado-Não fica pensando muito no que aquela mulher falou, seu trabalho é maravilhoso.
Goyong não me respondeu, apenas desceu o olhar até nossas mãos que permaneciam juntas e ficou encarando elas por alguns segundos até eu desfazer o contato.
-Então…-Confesso que fiquei um pouco sem graça-Boa noite, de novo.
-Boa noite.
Entrei no prédio e fui direto para meu apartamento, o dia foi longo, mas ao mesmo tempo divertido, gostei muito de passar esse tempo com Goyong e adoraria ter ele como amigo, mas às vezes quando estou perto dele fico tendo algumas sensações.
-Pare de pensar nessas coisas Kang Dae!-Me repreendi, ultimamente vivo pensando besteira.
Goyong POV's
Não sei explicar como, mas de alguma forma a Dae conseguiu me acalmar hoje, normalmente quando passo por excessos de raiva levo horas ou até dias para voltar ao normal, mas as coisas que ela me disse conseguiram me deixar mais calmo e depois do jantar, quando fomos caminhar eu me senti ainda melhor, ela contou algumas coisas sobre sua paixão por jornalismo, o fato de ela gostar de ser independente e como adora passar o tempo livre assistindo séries ou lendo.
Dae em nenhum momento falou sobre os pais ou sua família em geral e eu também não perguntei, não queria ser intrometido. Consegui me abrir com ela também, acabei contando algumas coisas sobre mim e a conversa fluiu normalmente, passar o tempo com a Kang é muito agradável, mas em alguns momentos me peguei perdido a admirando, a forma como seus lábios faziam um pequeno biquinho enquanto ela falava… É melhor que eu pare de pensar besteiras, devo estar com sono só pode.
Quando chegamos em frente ao prédio dela nos despedimos, mas depois ela segurou minha mão. Não prestei muita atenção no que Dae estava dizendo naquele momento, sentir o contato da pele dela com a minha foi algo tão bom mesmo sendo um toque simples, as mãos dela são tão macias o que me fez querer ficar ali por mais tempo de mãos dadas, uma sensação ótima percorreu meu corpo, não sei dizer o que.
Assim que a Kang entrou no prédio, eu peguei um táxi e dei meu endereço, no caminho meu celular começou a tocar e assim que peguei o aparelho vi que era Sooyun.
Ligação ON
-Oi, Goyong
-Oi Soo.
-Como você está? Não te vi mais depois daquilo.
-Estou indo para casa agora, depois daquilo eu e Dae saímos para jantar.
-Sério?
-Sim, você tinha razão, não é má ideia fazer novos amigos.
-Claro que eu tinha razão, eu sempre tenho.
-Convencido.
-Boa noite Gon, qualquer coisa pode me ligar.
-Boa noite.
Ligação OFF
Estou realmente gostando dessa aproximação com a Dae, nos aproximamos de uma forma tão repentina que chega a ser surreal, eu me isolei no meu apartamento para me afastar de todos e agora tudo o que estou fazendo é me aproximar ainda mais de alguém, tenho medo de trazer a Kang para minha vida e depois que ela souber tudo sobre mim acabar se afastando como a maioria das pessoas ao meu redor acabou fazendo, não culpo nenhum deles por ter saído da minha vida, a culpa foi minha, agradeço todos os dias por Sooyun ter escolhido ficar ao meu lado, ele é como um irmão para mim.
…
Mais um sábado sem nada para fazer, eu não iria pintar hoje, na verdade vou passar uma semana sem pintar, meus quadros acabaram de entrar em exposição então não tenho motivos para pintar um quadro novo agora. Depois de um bom banho desci para a sala e liguei a televisão em um canal qualquer para passar o tempo, foi a pior coisa que eu poderia ter feito naquele momento.
“Entrevistador: Estamos aqui hoje com a senhorita Kim Yuna, uma das críticas mais respeitadas no campo artístico, seja bem vinda.
Yuna: Obrigada, é bom estar aqui.
Entrevistador: Soube que recentemente a senhora foi prestigiar mais uma exposição de Lee Goyong, na última a sua crítica aos quadros dele não foi muito boa, e agora? O que tem a dizer?
Yuna: Eu acho que o senhor Lee não levou minha crítica a sério, sinceramente não vi nenhuma mudança, para mim os quadros dele permanecem sem sentido, na minha opinião o senhor Lee não pode ser definido como um artista de verdade e sim como alguém que desenha coisas aleatórias em seus quadros e os expõe dizendo que são arte…”
Eu realmente não queria me afetar tanto com palavras de uma pessoa mesquinha como essa mulher, mas não consigo evitar. Desliguei a televisão e cerrei os punhos jogando a cabeça para trás enquanto uma parte de mim dizia: “Mantenha o controle, não vale a pena” a outra dizia “Exploda de uma vez” e nesse momento a segunda me pareceu a melhor opção.
Lancei o controle, que ainda estava em minha mão, na parede com toda a raiva que estava sentindo fazendo o mesmo se despedaçar, me levantei e desferi um soco forte na parede mais próxima e outro, mais outro… só parei quando me senti satisfeito, a essa altura meus punhos já estavam sangrando, mas não liguei para isso apenas fiquei em pé no mesmo lugar e deixei que algumas lágrimas caíssem, eu não estava triste, estava irritado.
Não sei por quanto tempo fiquei ali em pé, mas minha atenção foi tomada assim que ouço batidas na porta.
-Goyong, é o Sooyun, abre a porta!
-Vai embora!, eu quero ficar sozinho.
-Não você não quer, abre a porta!-Eu não respondi nada e alguns segundos depois ele entrou, tinha dado uma cópia da chave para ele caso alguma coisa acontecesse-Goyong...-Ele se aproximou cautelosamente de mim-Eu vi a entrevista e vim aqui ver como você estava, acho que você também viu-Ele parou ao meu lado e analisou meus punhos-Não liga para o que aquela mulher falou Gon, não vale a pena.
-Ela só falou a verdade Sooyun! Eu sou alguém insignificante, um verdadeiro inútil.
-Não você não é! Goyong você é um artista talentoso.
-Talentoso p***a nenhuma, eu sou um fracassado!
-Você não é um fracassado, para de falar isso-Ele falou virando meu corpo de frente para o dele me fazendo encará-lo-Gon, você tomou seus remédios?
-Eu já falei que não vou tomar aquelas porcarias, agora me solta eu tenho que quebrar mais alguma coisa.
-Não você não vai quebrar mais nada-Ele continuou me segurando.
Ficamos daquele jeito por algumas horas até Sooyun finalmente conseguir me acalmar, ele colocou ataduras em meus punhos e depois de muito insistir me fez tomar os remédios.
Eu odeio ser assim, odeio ser vulnerável a essas coisas, odeio ser uma pessoa instável que afasta todos ao seu redor, odeio ser eu.
Sooyun perguntou se eu queria que ele dormisse aqui, eu queria, mas disse que ele podia ir para casa, não queria o incomodar mais ainda.
Ainda está no final da tarde e eu realmente me arrependi de não ter pedido para Sooyun ficar, estou me sentindo sozinho e angustiado, minha sensação de vazio está ainda mais forte hoje. Quando ia pegar o telefone e ligar pro Moon pedindo para que ele voltasse, a tela do aparelho se acendeu indicando que havia chegado uma mensagem.
Dae: Oi Goyong, desculpe o incômodo, mas será que poderíamos marcar outro dia para eu ir aí te fazer mais algumas perguntas para o documentário?
Pensei um pouco, eu realmente preciso da companhia de alguém agora e talvez ter a Dae aqui seja uma coisa boa, já que gosto da presença dela.
Eu: Se você quiser pode vir hoje mesmo, eu estou sem nada para fazer então não seria nenhum incômodo.
Dae: Tudo bem então, também não estou fazendo nada. Acho que posso chegar aí em uma hora, tudo bem pra você?
Eu: Ótimo, estou te esperando.