Ele está de mau-humor e discute com Sam sobre um código quebrado que posso entender facilmente. Há um acordo que está prestes a dar errado e Vito está com raiva.
— Vem, Melodie. Ele me chama como se eu fosse o bichinho dele. — Vamos.
Eu não estou pronto para ir. Acabei de chegar. Ele não é meu chefe. — Ainda não estou pronta para ir. Digo a ele e o encaro.
— Desafiando ele a me desafiar.
— Não perguntei se está pronta, mulher. Ele levanta a voz e até Sam parece surpreso. — Vamos embora. Agora.
Com quem ele pensa que está falando? Estou prestes a responder quando Sam sai da linha de visão do seu irmão e balança a cabeça para que ele não o faça. Fechando a minha boca, eu empurro o meu instinto para argumentar o tempo todo.
Guido me disse para me comportar e talvez ele estivesse se referindo a isso.
— Tudo bem, mas eu quero voltar mais tarde. Eu desisto, mas só um pouco.
— Vamos ver se dá tempo, porque tenho que te vestir e também tenho trabalho a fazer, trabalho mesmo. Não essa besteira de babá. A sua voz estrondosa enche a sala e a sua raiva é tangível.
Eu o sigo e Sam sussurra quando passo por ele: — Sinto muito.
Vito tem duas faces, e não gosto da que ele está usando agora. No carro ele fica quieto, sem falar que fica emburrado como uma criança petulante.
— Pode me deixar fazer as minhas compras e ir fazer as suas coisas. Digo a ele quando ele estaciona em frente a uma pequena butique de roupas de grife. — Vou ficar bem.
— Não, você vai ser rápida e eu vou acompanhá-la. Ele bate a porta do carro. — Não posso te perder de vista.
Isso pareceu incomodá-lo mais do que deveria.
Na primeira loja entramos as vendedoras nos bajula, aparentemente já o ajudaram a vestir outras mulheres. Eu conheço esse tipo de mulher, elas são bebês açucarados.
Homens como ele se casam e têm uma coleção de namoradas bem pagas.
— Preciso de cinco conjuntos, calcinhas, dois pares de sandálias, um par de tênis e um par de saltos. Azul, tudo que for azul. Digo à assessora. Tudo tamanho 30.
Ela estreita os olhos, como se estivesse falando com ela em italiano.
— Não usamos tamanhos europeus. Diz Vito. — É um dois. Ele me diz olhando o meu corpo de cima a baixo.
Elas correm como formigas fazendo tudo que ele manda e eu observo enquanto esse homem escolhe roupas para mim.
Eu odeio fazer compras, não é algo que eu goste de fazer. Desde os treze anos, tenho um estilista que faz isso para mim. Agora tenho o Vito, que tem um gosto razoavelmente bom.
Algumas das roupas lembram as de uma prost*ituta.
— Não. Balanço a cabeça para um vestido muito curto. — Não é Las Vegas e eu também não sou uma dançarina.
Eu odeio quando os homens olham para mim como se eu fosse um doce e aquele vestido vai me causar esse tipo de problema.
Depois que ele faz o pagamento com o seu cartão preto do banco, eles colocam as bolsas no porta-malas e voltamos a acelerar.
Vito olha para mim e me pergunto o que ele está pensando.
— Preciso resolver uma coisa, tudo bem você vir comigo? Ele me pergunta hesitante.
— Tudo bem. Digo a ele. — Sei como funciona o negócio do Vito, ele pode não saber, mais vivo a mesma coisa. Ele acha que não sei o que ele estava dizendo a Sam antes. Uma carranca produz rugas entre os olhos.
— Por que os Stiddas iriam querer matar o seu pai? Ele me pergunta diretamente, o que ele não fez na noite passada.
— Porque o meu pai ia entregar o clã para mim e não para Guido. Digo a ele, olhando para a frente.
Não querendo ver a sua reação chocada e horrorizada.
— Fui preparado para ocupar o lugar dele e, atualmente, já estava executando todos os nossos negócios.
Vito pisa no freio e o carro para no meio do trânsito da cidade.
— Quem mais sabe? Ele parece preocupado.
Eu sei, estamos quebrando as regras e esta organização é estritamente baseada nelas.
— Pouca gente sabe, mas as pessoas falam, eu sei disso. Os rumores começaram a se espalhar, mas acho que ninguém acreditou.
Vito ignora todas as buzinadas e me encara. — Você disse que era por um resgate. Ele me diz.
— O seu pai é um idi*ota da velha guarda e obviamente não iria dizer a verdade a ele, não sou estúpi*da. Além disso, ainda não sei em quem posso confiar.
— Por que, Melodie? Ele pergunta, confuso. — Por que o seu pai faria isso?
— Ele não tem filhos, nem mulher e só tem a mim. Respondo calmalmente. — Pois muitos outros já estiveram na sua situação e simplesmente casaram as suas filhas para ter os filhos de que precisam. Mas meu pai acredita no amor.
— Me*rda. Vito murmura e se afasta. — Essa é uma bagunça da qual eu não quero fazer parte.
O pobre rapaz está preso comigo.
— Vamos acabar com o seu problema. Digo a ele com um sorriso. Vito parece surpreso: Eu falo o código da máfia e não quero que você continue pensando que sou uma tola. Também sei que você é o assassino da família.
A força é Marco. A mente é Sam. E Vito é a bala.
— Eu não gosto de tudo isso. Este não é o caminho.
— Eu não me importo se vocês gostam ou não, vocês são um bando de machistas nojentos. Eles só pensam com o p*au e por isso precisam de uma mulher no comando.
Ele pisa no acelerador do carro, irritado por eu desafiar a sua masculinidade.
— Se você pensasse o quanto a Cosa Nostra seria mais forte com a nossa ajuda, você descobriria o que o meu pai está planejando.
VITO
Melodie pode fazer qualquer homem perder a cabeça. Ela é linda.
Eu a observei hoje e ela nem se mexeu quando acertei o meu alvo. É como se eu já tivesse visto mil mortes. No entanto, com isso, o seu pai a tornou um problema. A sua força e atitude avassaladora a matarão neste mundo.
Ela colocou o vestido de Estelle no banco de trás do carro e fiquei feliz porque o meu pai teria ficado bravo com isso.
A camisa azul clara e a saia jeans combinam melhor com ela. Ela é mansa como um cordeiro à mesa e só responde a perguntas se for feita. Samuel e a sua noiva Mia se juntaram a nós esta noite. Ele não tem muitas notícias sobre Luigi. Só que continua o mesmo: Vivo.
Mia tenta falar com Melodie, mas percebo que ela está ouvindo a nossa conversa.
— Podemos ir comer amanhã? Mia pergunta a ela: — É bom ter outra mulher por aqui.
O meu pai ouve isso e diz:
— Só se o Vito for com você.
Não consigo pensar em nada que possa ser pior.
— Estou ocupada amanhã. Minto, porque simplesmente não quero ir para almoçar com as meninas.
Melodie aparentemente não queria ir, porque vejo o seu alívio quando digo não. Mia fica triste, porque se sente sozinha. Sam trabalha demais e ela fica naquela casa grande sem nada para mantê-la ocupada.
— Talvez outro dia. Tento tornar a situação menos constrangedora.
O meu pai está no limite esta noite, posso sentir uma tempestade se formando dentro dele.
— Mia, leve Melodie ao cinema, para ver um filme. Precisamos conversar sobre negócios. Ele diz, assim que os nossos pratos são retirados.