-Se é o que estou pensando mãe, acho que o termo correto é psicoterapia e não, eu não vou fazer-Disse pronta para me levantar outra vez e sair dali, mas quando vi o olhar severo de meu pai me sentei novamente e esperei para escutar o que o homem tinha a dizer.
-Seja o nome que for, você vai fazer terapia todos os dias depois do curso-Meu pai falou de braços cruzados.
-Não vou mesmo-Falei convicta.
Eu já tinha muitas coisas para fazer, minhas aulas eram de manhã e à tarde, quando chegava em casa, perto da noite, só tinha tempo para fazer minhas atividades e nada a mais.
-Angela Davies, você vai fazer terapia depois do curso ou vai ter que procurar outro lugar pra morar e alguém que consiga aturar todos os seus problemas, porque eu e sua mãe já estamos cansados de você-Meu pai falou exaltado e minha mãe concordou, ainda diz que são ótimos pais-Vá lá e trate de resolver a p***a do seu problema.
Aquela ideia parecia muito tentadora, eu adoraria sair daquela casa e ir para bem longe desses dois, porém a verdade é que não tenho para onde ir, então por enquanto essa não é uma opção, posso fazer isso pelo menos até encontrar um bom estágio ou um trabalho qualquer que me ajude a pagar algum lugar pra ficar.
-Tudo bem então.
-Ótimo, aliás o reitor Jhon nos ligou hoje cedo e explicou o que aconteceu na universidade ontem-Meu pai falou chamando a minha atenção-Eu até imagino que você não tenha muita capacidade para se sair bem nas provas por conta própria, mas dá próxima vez tente ser mais discreta se for tentar seduzir um de seus professores, dessa vez eu resolvi, mas da próxima não vou fazer nada por você-Ele disse em um tom sério e eu só conseguia sentir mais raiva dos dois a cada minuto-Tente não nos envergonhar mais, Angela ou será pior para você.
-Sim senhor.
Eles me deram o endereço da clínica e eu finalmente saí pra universidade agradecendo por estar longe deles, porém temendo estar indo para mais uma sessão de humilhações.
...
O dia acabou correndo mais normal do que imaginei, apesar de alguns olhares tortos e burburinhos envolvendo meu nome, Samantha e Eric estranhamente não encheram meu saco hoje e eu não poderia agradecer o suficiente por isso. E finalmente quando as aulas chegaram ao fim e penso que posso ir para casa, lembro da merda da terapia.
Vou até a clínica que meu pai deu o endereço, quando chego ao prédio pequeno vou diretamente à recepção.
-Olá, sou Angela Davies, devo ter uma sessão agendada para hoje-Falei com uma voz desanimada.
-Documentos por favor-A mulher pediu e logo os entreguei.
-Tudo certo senhorita Davies-Ela falou após checar meu nome em seu computador, me devolvendo meus documentos assim que terminou-Pode ir para o segundo andar, há um consultório único lá, aguarde ser chamada.
-Obrigada.
Pego o elevador e aperto o botão do segundo andar, tomara que isso não demore muito, tenho muitas atividades para fazer hoje.
Quando chego ao andar me sento em uma das cadeiras que haviam ali em frente a porta do consultório, assim como na recepção, naquele andar tinha um balcão e uma moça estava concentrada em seu computador.
O lugar parecia muito reservado, só havia eu ali além da moça atrás do balcão. Um típico lugar que meus pais procurariam para manter a descrição.
-Angela Davies-Alguns minutos depois que um garoto saiu do consultório, a mulher chamou meu nome e eu prontamente me levantei-Pode entrar.
Fui até a porta do consultório e dei apenas uma batida na mesma antes de ouvir uma resposta.
-Pode entrar-Ouço uma voz masculina autorizando minha entrada.
Entro no consultório e me deparo com um homem alto de cabelos pretos e olhos azuis, ele vestia um terno azul marinho que combinava com a cor de seus olhos e se ajustava perfeitamente em seu corpo que parecia ser bastante malhado, a barba curta destacava muito bem seu maxilar definido e o sorriso que ele deu assim que olhou pra mim o fez ficar ainda mais bonito, mas isso não me fez ficar com menos vontade de ir embora, não queria ter que falar dos meus problemas com um completo estranho.
-Olá senhorita Davies, sou Jason Miller, seu psicólogo-Ele se aproxima estendendo a mão.
-Angela Davies, sou alguém que não queria estar aqui-Dou um sorriso cínico e por algum motivo ele também dá um pequeno sorriso antes de soltar minha mão.
-Sente-se senhorita Davies, vamos começar.