O Exame

2272 Palavras
(Pither) Depois de um tempo senti minha visão ficar turva, meus olhos embaçaram e minha boca amortecida. Uma mão com unhas rosas alisava o meu rosto, mesmo sabendo que não era bem vinda. Eu não quero um sexo casual, quero ficar com alguém que eu realmente me importe! Já passei da fase de me envolver com alguém sem emoção. Aprendi a lição! E da forma mais terrível possível! Essa de só uma noite nunca acaba bem.. Sempre alguém vai querer mais, e eu não tô afim de pegar o telefone de ninguém. Porque sei que no outro dia não vou ligar. A moça infelizmente não se valorizava! Ela sabia que eu não podia oferecer nada a ela, e mesmo assim não se importava. Se esfregando em mim, me cogitava a sair daquele lugar e passar a noite com ela. Mal sabia ela que eu não tinha mais certeza sobre mim. A última dose teve um peso grande, e eu já estava tonto demais até para me levantar, imagina ter alguma coisa com ela. Ela tentou me beijar diversas vezes mais eu tinha um receio com bocas, nunca sabia onde ela poderiam estar. Por isso nunca beijava de primeira. Exceto Esther ela eu beijei sem pensar, pois sabia que era inocente e pura. E aqui está eu pensando nela outra vez! Eu sentia muitas saudades de estar com ela. Hoje seus olhinhos se iluminaram ao me ver no funeral! Será que ela realmente me esqueceu assim tão rápido? Cara! Eu preciso esquece-la! Isso está me matando! Preciso matar esse amor antes que ele me mate! Gabriela me puxou para tira-me da mesa, e me levar embora. Eu nem estava duro ainda! Pois sabia que pra conseguir ter alguma coisa com ela está noite, precisaria pensar em Esther o tempo todo. Imaginando o seu toque, o seu cheiro... E isso não seria justo com a garota! Eu usaria uma mulher pensando na outra. E isso é muita canalhice! - Olha eu... Eu não posso fazer... Isso com você! Minha voz embargada devido ao excesso de álcool, explicava a moça que eu não queria somente usar o seu corpo, como se isso fosse banal. - Não se preocupe Pither! Ela disse rindo. - Sei bem o que está acontecendo aqui! Disse puxando o meu paletó e levantando a minha camisa tocou com a mão fria na minha barriga. Ah não! Isso é golpe baixo! Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, percebi que alguém tinha chegado. Mas eu não consegui ver quem era. - Doutor! o que faz aqui? A voz perguntou e eu me virei encarando-a. - Você o conhece? A minha amiga de copo perguntou. - Claro, ele é o meu chefe! Quando me levantei caí tropeçando na cadeira e indo diretamente pro chão. Não me pergunte o que houve depois disso... Por que eu não me lembro! (Esther) Depois da minha discussão com o Pither eu tirei um tempo de todo o pessoal, indo para as colinas e chorei amargamente. Eu não queria sentir mais eu sinto! Não queria me importar mais me importo! Por isso choro porquê vejo que ele não mudou, e dessa vez o perdi para sempre! Recusei o jantar e fui me deitar. Minha cabeça doía e minhas pernas estavam inchadas, por eu ficar de pé muito tempo. O meu cansaço era nítido e eu acabei adormecendo. Tive uma sensação r**m enquanto dormia, e por um momento eu vi Pither numa mesa. Ele bebia junto com uma moça que passava suas pernas entre as dele. Senti meu corpo estremecer quando vi ela o olhando com desejo, e sujando o colarinho da sua camisa de batom. Naná me acordou assustada, e eu abri meus olhos observando o quarto. Nele também estavam Matheus e Luísa. - O que foi? Perguntei intrigada. - Eu que te pergunto Esther! Você estava gritando... Ela respondeu pacífica. - Acho que tive um pesadelo! Passei a mão sobre o rosto e tentei me levantar. Luísa se aproximou de mim com seu sorriso terno. - Amiga a gente vai embora... - Mas porquê? Achei que iam passar a noite aqui! Respondi chateada. - Não! Precisamos ir. Infelizmente eu tenho muitos trabalhos da pós graduação, e os professores não terão tanta tolerância comigo como terão com o Matheus! Meu irmão me abraçou forte e beijou minha bochecha em forma de carinho. - Calma! Você sabe que não é uma despedida! Disse vendo meus olhos marejarem. - Desculpe! Estou muito emotiva ultimamente... Falei passando minha mão sobre o rosto. - Fica bem tá Esther! Ele beijou o topo da minha cabeça e depois se afastou. Luísa me abraçou fortemente, e Matheus saiu com Naná logo atrás para que pudéssemos conversar. - Ooh Esther! Pelo jeito as coisas não foram muito bem com o Pither né? Balancei minha cabeça em negativa completamente desapontada. - Mas eu tenho fé que vocês ainda vão se acertar! - Nãoo! Desista Luísa! Eu mesma já coloquei na minha cabeça que a gente não dá mais certo! - Sempre há uma saída! Talvez você não queira usa-la! Luísa me olhou esperançosa. - Luísa eu tô grávida! Respondi sendo sincera. - E não vou usar isso ao meu favor, tenho princípios! - Você já contou isso pra ele? Ela perguntou como se a notícia não lhe surpreendesse. - Não! Respondi. - Vai chegar uma hora que você precisa contar! Olha Esther senta aqui... Ela me mostrou a beirada da cama. - Um bebê não é uma coisa que se esconde por muito tempo! Eu mesma notei algo estranho em você quando cheguei. Uma horas às pessoas vão notar e vão contar ao Pither... E independente da relação de vocês, ele vai vim atrás dos direitos dele! Esther não faça isso por você, faça pelo seu filho! Vai chegar um tempo em que ele começará a fazer perguntas sobre o pai dele. E você não poderá mentir para ele, afirmando que Pither foi um cafajeste e os abandonou. Porque até então ele desconhece sobre a paternidade! Assenti com a cabeça e baixei meu olhar encarando os móveis. (Pither) Acordei atordoado no sofá de uma sala, quando percebi que era mesmo a minha me senti aliviado. Eu estava vestido, isso também era uma observação muito importante. Passei as mãos sobre o rosto percebendo a baita ressaca em que eu estava. Papai veio da cozinha, e eu percebi o problemão em que eu tinha me metido. - Bom dia Dom Juan! Ele veio em minha direção e se sentou no outro sofá. - O que aconteceu? Que horas eu cheguei ontem? Perguntei ainda com os olhos árduos pela claridade. - Chegou bem tarde! A Pâmela te trouxe pra casa... - A Pâmela? A sua secretária? Perguntei assustado. - A própria! Ela te trouxe aqui e eu a ofereci um dos nossos quartos para passar a noite, mas ela recusou. Daí paguei um táxis e ela foi embora! Ele respondeu calmo. - É bonitão! E eu achando que você não poderia me envergonhar mais! - Não subestime os meus talentos! Falei me espreguiçando. - Você tá na pior hein! Estou te achando com uma cara horrível! Ele me analisou por cima dos óculos. - O sentimento é mútuo Pai! Revirei os olhos. - Chega de piadinhas Pither! E me diga o que está acontecendo? Ele encostou no sofá para me olhar melhor. - O Tio Pedro faleceu ontem Pai! - O quê? Ele disse surpreso. - E você só me diz isso agora? - Desculpe! Mas eu só fui saber ontem quando me encontrei com os meninos... Nem soube o que fazer direito! Papai se levantou e encarou a janela, estava triste com a notícia. - O que ele tinha? Perguntou cauteloso. - Insuficiência cardíaca! Estava desenganado... - Que ironia! Eu sendo um cardiologista sou o último a saber! Ele se mostrou indignado com a situação. - Pai! Você não teve culpa! Ele se isolou do mundo! Aliás agora sabemos o real motivo de sua amargura! - E você não bebeu até cair porque o seu Tio distante morreu?! Ele levantou uma de suas sobrancelhas intrigado. - Não! Virei meu rosto para o lado, respirando fundo. - Esther estava lá! - Falou com ela? Ele perguntou se achegando. - Digamos que não foi bem uma conversa civilizada! Disse com sarcasmo. - Por que é tão orgulhoso? Me virei surpreso com a sua pergunta. - Por que prefere deixa-la ir, do que assumir que você foi um babaca?! - Eu não sou um babaca! Papai franziu a testa. - Bom... Talvez eu tenha sido, um pouquinho! Mas jamais vou ficar mendigando o perdão de uma mulher que não está nem aí pra mim! - Pither, Pither! Ele balançou a cabeça estalando os lábios. - Você é igualzinho a mim, e isso é um grande problema! - Por que está afim de alguém também, ham? Sorri maliciosamente. - Eu vou para a clínica, te espero lá! E vê se não se atrasa! Hoje não terá o cafézinho forte da Diana como consolo! Ele saiu me deixando sem respostas, me joguei no sofá desanimado tentando me sentir menos frustrado. (...) Quando cheguei na clínica, eu estava um pouco menos pior. Tinha tomado um banho, e um analgésico. E a cabeça parecia querer parar de doer. - Pâmela! Chamei a secretária de papai envergonhado, depois de ontem a noite. - Vem na minha sala por favor! - Sim Senhor! Respondeu assentindo. Abri a porta do consultório e ela apareceu logo atrás de mim. - Fecha a porta por favor! Pedi me sentando diante da minha mesa. Ela obedeceu e eu mostrei a cadeira para que ela se sentasse também. - Pâmela! Que horas tenho paciente? - As dez Senhor! Ela respondeu prestativa. - Bom na verdade, eu queria falar com você sobre ontem! Falei da forma mais sem graça possível. - Não se preocupe Doutor! Seu pai já conversou comigo me pedindo descrição total! - Eu não te chamei por isso! Pâmela o que eu fazia quando você me encontrou naquele bar? Perguntei analisando suas expressões para ver se mentia. - Doutor Pither, o senhor não cedeu ao charme da moça, se é isso que esta te perturbando?! saiba que te trouxe intacto! Logo que cheguei o senhor desmaiou! Peguei a chave do carro que estava no seu bolso, e assim te trouxe até em casa... Suspirei aliviado por ter um pecado a menos nas costas. - Pâmela me perdoe a indelicadeza, mas o que você fazia uma hora daquelas num lugar como aquele? Ela se remexeu na cadeira, como se ficasse incomodada com a pergunta. - Bem eu... - Desculpe minha intromissão! Falei acenando com a mão para que esquecemos o assunto. - Você não precisa me contar nada! - Doutor... Minha mãe é alcoólatra! E eu sou a única renda da minha casa. Por isso quando ela some eu vou em bar em bar procura-la! Vi suas bochechas corarem com a revelação. - Poxa Pâmela! Você é uma menina tão legal! Perdoe o termo menina, mas é assim que eu te vejo... Não merecia passar por isso! Ela levantou seus olhos dando um meio sorriso. - Obrigada Doutor! - Pâmela eu quero te ajudar! Se tiver algo que eu possa fazer por você?! Me prontifiquei. - Eu... Eu acho que o senhor não pode fazer nada por mim! Vi tristeza nos seus olhos. - Você não gostaria de procurar ajuda para a sua mãe? Uma clínica de reabilitação? Profissionais para atende-la? - Doutor essas coisas custam caro! E no momento isso não é possível... - Pâmela preocupe se em convencê-la a aceitar a internação! Eu conheço uma clínica excelente pra esse caso! - Doutor o senhor não tem obrigação com a gente, obrigada mas... - Eu não estou sendo obrigado Pâmela! Quero te ajudar! Não se preocupe com valores... Eu te devo uma! Você de uma forma o outra salvou a minha pele! Ela sorriu vermelha com a minha oferta. Levantou-se e me estendeu a mão. - Obrigada Doutor! O Senhor é um anjo! - Não sou não! Apertei a sua mão. Anjo é a Esther, eu sou apenas um reflexo dela! (...) As horas passaram e eu voltei pra casa pensando em tudo... Na minha vida. Nas dificuldades de Pâmela, e na conversa enigmática de Naná. O que tinha de tão importante no criado mudo de Esther que eu precisava ver? Tentei espairecer esses pensamentos, mas fiquei curioso me forçando a ir conferir o que ela havia dito. Cheguei em casa desanimado e me virei para subir as escadas. Encontrei Val no corredor. - Doutorzinho... Ela me cumprimentou sorridente. - Val o quarto que a Esther dormia está fechado? Perguntei. - Não! Desde que a menina foi embora ninguém mais entrou nele... - Perfeito! Respondi indo até o quarto. E Valdete seguiu o corredor cantarolando. Quando entrei no quarto senti como se uma flecha havia me atingido. Várias lembranças surgiram na minha mente, e eu tentei fazer com que aquilo não me afetasse ainda mais. O quarto estava exatamente igual como ela deixou. E a visão de Esther me desenhando na cama fez toda a muralha que eu tinha feito em volta de mim balançarem. Quem eu queria enganar?! Puxei a primeira gaveta na expectativa que Naná tivesse deixado um bilhete pra mim, explicando alguma coisa ou fosse uma carta de Esther. Mas ao invés disso eu vi um exame. Arqueio as sobrancelhas confuso, mas abri para ver o que era. Beta HCG - qualitativo = Positivo - Meu Deus não pode ser! Senti calafrios na espinha e minhas pernas baquear enquanto lia. - O que foi que eu fiz?!
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