CAPITULO 4

1445 Palavras
— Até logo! A Sra. Broussard gritou atrás da porta do banheiro enquanto eu entrava no chuveiro. Depois que ela se foi, finalmente consegui esquecer a minha fachada forte e chorei quando a água morna atingiu o meu rosto, as minhas lágrimas se misturando a ela. Eu nem tentei segurar os meus soluços enquanto mais e mais lágrimas escorriam lentamente. Chorei pelo meu irmãozinho e pelos abusos dos quais não pude protegê-lo. Ele era a criança mais adorável, com um coração tão grande que não cabia no mundo, e eu só podia imaginar como o ódio que ele recebia o afetava. Eu mesmo passei por momentos difíceis... ameaças de morte, insultos, ostracismo. Foi uma cruz pesada para eu carregar, eu não conseguia nem começar a compreender o quão pesada poderia ser para ele. Quando a água esfriou e as minhas lágrimas secaram, saí do banho, Prendi o meu cabelo rebelde e coloquei a minha maquiagem pela primeira vez em meses. Não me sentia nem remotamente preparado para enfrentar o mundo, ainda mais hoje com o meu rosto aparecendo em todos os jornais desta cidade, mas algumas coisas eram mais importantes que o meu próprio conforto, como resgatar o meu irmão e sair de Riverside. Olhei para minha conta bancária e, apesar das minhas poucas economias, decidi entrar num Uber pelo menos uma vez. Achei que não conseguiria enfrentar os olhares curiosos, zangados e críticos das pessoas que ainda se perguntavam se eu havia participado com os meus pais. Quando cheguei à agência, fiquei satisfeita ao ver que o balcão da Sra. Lebowitz estava perto da porta e que, exceto pela jovem loira atrás do outro balcão, a agência estava vazia. Ela não havia mudado nada desde o colegial, com o cabelo grisalho no meio das costas, o vestido boêmio esvoaçante e os olhos castanhos gentis. Eu quase podia sentir o seu perfume de flores atrás da porta. Quando entrei, os olhos da jovem se arregalaram. Era óbvio que ela sabia quem eu era com apenas um olhar. Eu agora era uma celebridade local... Que bom por mim. A Sra. Lebowitz ergueu os olhos e sorriu para mim. Fazia tempo que não acontecia comigo e me senti muito bem. — Senhorita Cassandra! Ela sorriu, batendo palmas, fazendo os seus muitos braceletes tilintarem com aquele som familiar que me lembrava o Instituto. — O que te traz aqui? Alisei a minha camisa, tentando me dar alguma presença. — Bom dia, Sra. Lebowitz, há quanto tempo. — Por favor, me chame de Patty! Eu sai da escola faz tempo. Ele apontou para o assento à sua frente — O que posso fazer por você? Sentei-me e suspirei. Eu não tinha certeza se deveria fingir. Ela sempre foi tão perspicaz com os alunos, talvez fosse isso que a tornava tão boa no seu trabalho. — Eu preciso de um trabalho. Eu finalmente disse. — Sim, claro. Ela começou a digitar no seu computador enquanto eu olhava para a outra mulher. Ela nem fingiu mais. Ela tinha deixado o telefone fora do gancho e estava olhando para nós, o cotovelo apoiado na mesa, o queixo na mão. A Sra. Lebowitz olhou para a tela pelo que pareceu uma eternidade antes de se virar para mim, o seu antigo sorriso genuíno substituído por um falso, que eu nunca tinha visto no seu rosto antes. — Ummm, você sabe, Cassandra, não é a melhor época do ano e os empregos estão bastante raro nos dias de hoje. — Eu aceito qualquer coisa. Sim, eu não estava acima de implorar neste momento. — Você sabe que não fiz absolutamente nada de errado. Eu disse desesperadamente. — Claro que sei! Ela engasgou, descansando a mão no peito. Você foi uma das alunas mais equilibradas e atenciosas que já conheci. Ela balançou a cabeça. — Eu não entendo como pessoas como eles tiveram uma filha como você. — Eu preciso salvar o Caio. As pessoas são más comigo e isso não importa, mas ele... Eu franzi os meus lábios e balancei a minha cabeça. Não era hora de começar a chorar. — Só preciso de dinheiro, rápido. Ele inclinou a cabeça e os seus olhos se encheram de tristeza. — Cássia... — Tem o Hartfield Manor. A outra mulher entrou na conversa, fazendo a Sra. Lebowitz ficava tensa. Ela virou a cabeça lentamente e olhou para a loira. Acho que nunca vi Patty Lebowitz menosprezar ninguém. — Acho que essa não é a solução, Karin. Por que você não volta ao seu trabalho? Eu fiz uma careta, ainda mais intrigada agora. — O que é Hartfield Manor? Eu perguntei, olhando diretamente para Karin. Ela se virou para mim, jogando o cabelo loiro sobre o ombro como se dissesse um “fo*da-se” silencioso para Patty, mas eu estava desesperada demais para conseguir um emprego para me importar nesse momento. — É um trabalho de limpeza em tempo integral. Ela respondeu com uma voz doce demais para ser honesta. Ela não estava tentando me ajudar, não realmente, mas minha necessidade de dinheiro superava qualquer sinal de alerta na minha cabeça. — Ok... Olhei para a Sra. Lebowitz, que estava jogando adagas em Karin. — Não posso dizer que tenho muita experiência na área. Eu fui para a escola de enfermagem por dois dos meus três anos, mas... Eu fiz uma careta. — Além disso, sou Cassia West, não tenho certeza se alguém... Ele acenou com a mão com desdém e zombou. — Eles estão desesperados. Eles aceitarão qualquer um que enviarmos. Isso é quatro vezes o salário médio por hora de uma governanta. Ela disse e encolheu os ombros. — Você disse que precisava de dinheiro rápido, então pensei... — Você não pensou em nada, Karin, apenas na sua comissão. Patty retrucou antes de se virar para mim. — Ouça, Cassia, querida. Ela suspira. — Este trabalho não é para você. Não sei quem é o dono, mas as sete empregadas que mandamos pediram demissão em menos de seis semanas. Sete, Cássia. Mordi o lábio inferior, era verdade que não parecia bom, mas ao mesmo tempo... — Quanto é o salário? — Cassia... A Sra. Lebowitz interrompeu cansada, provavelmente Sabendo que eu estava perdida. — Por favor. A minha voz falhou. Ela suspirou derrotada. — Mil e quinhentos dólares por semana. — Mil e quinhentos dólares por semana? Eu gritei. Com esse dinheiro, eu poderia garantir um lugar e economizar o suficiente para trazer Caio de volta em quatro a seis meses. Amy havia me prometido que assim que eu conseguisse um apartamento de dois quartos, um emprego estável e economias suficientes para garantir a segurança financeira no caso de um obstáculo, que estimamos em cerca de dez mil, poderia trazer Caio de volta. A cidade era cara, mas o subúrbio era bom e ficava longe o suficiente de Riverside para que pudéssemos começar do zero. No entanto, ele precisava de dinheiro e muito. Este trabalho pode ser a minha salvação. — Eu aceito. Posso trabalhar todos os dias, exceto quinta à tarde. É o único dia em que pudia ver Caio. O sorriso de Karin se alargou. — Excelente. Eu farei a ligação. — Por favor, Cassia, não tenho certeza se essa é a melhor jogada... — Você tem mais alguma coisa para me oferecer? Eu perguntei um pouco mais frio do que pretendia. Com certeza não era o trabalho ideal, mas era muito dinheiro, e se a cad*ela loira estava certa, eles estavam desesperados o suficiente para não se importar que eu fosse filha de malucos de Riverside. Ela negou com a cabeça. — O homem é mau. Os outros candidatos ficaram apavorados. Eu dei de ombros. — Pelo menos elas saíram vivos, é mais do que os meus pais faziam com as pessoas. E sério, com a forma como fui criada? Eles eram maus, frios, desdenhosos. Estou preparada e desesperada o suficiente para lidar com um velho horrível. — Qual é o nome do tirano? Ela se recostou na cadeira, sabendo que havia perdido a batalha. — Fomos contratados por um consórcio sediado na cidade. Ela balançou a sua cabeça. As outras mulheres nunca ficavam tempo suficiente para conhecê-lo e... Ela encolheu os ombros. Francamente, acho que ele é um velho acionista maluco que eles querem manter escondido. Eu fiz uma cara. — É uma imagem adorável. — Eu gostaria que você reconsiderasse, Cassia. Eu balancei a minha cabeça. — Não posso, isso é muito importante. Ele acenou com a cabeça antes de se virar para Karin, que tinha acabado de desligar. — Você foi aprovada para sair na tarde de quinta-feira. Você também tem domingos. Eles esperam você amanhã às nove horas.
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