Alessandra Narrando A manhã já tinha começado daquele jeito: telefone tocando, gente aparecendo na minha mesa toda hora, o sapato apertando meu pé e eu ali, segurando a onda. Tinha escolhido uma saia preta bem ajustada e um salto médio, porque queria passar aquela impressão de firmeza. Cabelo solto, maquiagem leve – um batom cor de boca, rímel pra destacar os olhos. Tava tudo no esquema, mas o clima tenso da empresa tentava derrubar meu bom humor. — Alessandra, preciso de uma assinatura aqui! — gritou um dos analistas do financeiro, já largando um calhamaço de papéis na minha frente. — Calma, meu filho, tu acha que eu tenho quatro braços? — respondi, tentando não soar grossa, mas também não sendo doce demais. Ele forçou um sorrisinho, entendeu o recado e saiu de fininho. Eu era a secre

