Álvaro Narrando A noite já tinha caído quando entrei na minha sala e encontrei a secretária ainda lá, sentada diante do computador, concentrada num relatório que eu nem lembrava de ter pedido. A empresa tava vazia, o corredor só com uma luz de emergência acesa, e o silêncio era quase total. Todo mundo já tinha ido embora, mas ela continuava ali, firme e forte, teclando sem parar. — Caramba, você ainda aqui? — falei, encostando na porta. — Não achei que alguém ia ficar tão tarde. Ela levantou o olhar, um pouco surpresa. Tava tão focada que nem notou minha presença. — Ah, seu Álvaro... desculpa, não ouvi o senhor chegar. Tô terminando o relatório do terceiro trimestre. Falei que ia deixar tudo pronto antes do final de semana. Sentei na poltrona de couro, cruzando as pernas, observando

