capítulo 7

1050 Palavras
Kaito permaneceu parado no hall da vasta mansão, braços cruzados, corpo relaxado, mas olhos atentos, frios e penetrantes. Ele não disse nada; não precisava. Cada movimento de Linyin era observado com precisão silenciosa. O modo como ela mantinha a postura, mesmo com o pé ainda levemente dolorido, o sorriso doce nos lábios, a cabeça erguida apesar da frustração aparente — tudo isso o intrigava profundamente. Ele não a ajudara. Apenas permanecera ali, deixando que ela se equilibrasse sozinha, mas sem tirar os olhos dela. Cada gesto dela parecia contar uma história, cada expressão carregava intenções ocultas. E Kaito, calculista como sempre, analisava, medindo cada passo, cada reação. Linyin, por sua vez, fingia calma, dolorida e grata, mantendo a doçura que todos esperavam dela. Mas a mente corria veloz: observava cada detalhe do magnata misterioso, cada linha de seu rosto, cada sombra em seus olhos. Não lembrava de tê-lo visto antes, mas havia algo na presença dele que sugeria: ele sabia mais do que deixava transparecer, ou estava testando-a. Após alguns minutos de silêncio carregado, ela se retirou discretamente para o andar privado da mansão, agradecendo baixinho, com a voz doce, sem jamais mostrar qualquer alerta que pudesse incomodá-lo. Cada passo seu era calculado, a postura impecável mesmo com a leve dor no pé. No banheiro luxuoso da mansão, Linyin finalmente pôde relaxar um pouco. A água quente do chuveiro escorria pelo corpo, levando embora a tensão do dia, mas sua mente permanecia alerta. Observava o reflexo no espelho embaçado, o vapor envolvendo o ambiente, enquanto pensava sobre o homem que a observava com tanto interesse silencioso. Ela não lembrava de tê-lo conhecido em sua vida anterior. Era estranho, perturbador até. A memória lhe falhava, mas algo em seu instinto dizia que ele não era comum, que cada detalhe de sua presença carregava poder e perigo. O pensamento a fez estremecer levemente, mas ela se manteve firme. Mesmo ali, sozinha, a imagem de Kaito permanecia vívida em sua mente: os olhos que pareciam enxergar através dela, a postura impecável, a calma absoluta que contrastava com a força magnética que irradiava. Ela sorriu levemente para o reflexo, ainda mantendo o semblante doce, mas a mente calculando. — Interessante… muito interessante — murmurou baixinho para si mesma, deslizando os dedos pelo pescoço e sentindo o medalhão sobre o peito. — Esse homem… ele vai mudar tudo. A água continuava a cair, e com cada gota, Linyin sentia que algo dentro dela se fortalecia. A fragilidade aparente, o sorriso doce e a postura angelical continuavam sendo armas poderosas. E, enquanto a mente pensava nas próximas jogadas, uma certeza surgia: aquele homem, Kaito, seria uma peça importante no jogo que ainda estava apenas começando. Ela fechou os olhos por um instante, deixando o vapor misturar-se com os pensamentos, e respirou fundo. Mesmo sem saber o que esperar dele, sabia que tudo mudaria a partir daquele encontro, e que precisava estar pronta para qualquer movimento — tanto da irmã adotiva quanto desse magnata misterioso que agora ocupava silenciosamente um lugar em sua vida. MANHÃ SEGUINTE: O carro preto deslizou suavemente pelas ruas largas da cidade até parar em frente à imponente mansão Mazaki. Linyin observava a fachada familiar, os detalhes dourados e a grandiosidade que sempre a impressionaram, mas que agora pareciam apenas parte do cenário de um jogo muito maior. Seu joelho estava protegido pelo curativo, ainda sentindo a leve dor, mas ela mantinha o sorriso doce e impecável nos lábios. Kaito desligou o motor, permanecendo no banco do motorista por um instante, silencioso, seus olhos escuros fixos nela. Havia algo em sua observação que fazia Linyin se sentir estranhamente exposta, como se cada gesto estivesse sendo avaliado. Mas, como sempre, ela mantinha a fachada de inocência, de gratidão discreta. — Muito obrigada por tudo, senhor… — começou ela, a voz suave, delicada, carregada de sinceridade calculada — …por me ajudar ontem. Foi inesperado, mas… extremamente gentil da sua parte. Kaito arqueou levemente uma sobrancelha, mantendo a expressão séria, mas seus olhos brilhavam com interesse. Ele não disse nada por um instante, apenas observou o modo como ela mantinha a postura, o jeito doce de falar, os olhos marejados que escondiam inteligência e controle. Finalmente, inclinou-se levemente em direção a ela, apenas o suficiente para que a presença dominante fosse sentida. — Mocinha — disse, com a voz firme e baixa — cuide-se. Evite se colocar em perigo novamente. Linyin sorriu mais amplamente, com aquela combinação perfeita de doçura e gratidão. Ela abriu a porta do carro e desceu com elegância, mancando levemente para proteger o pé ferido. — Pode deixar, eu vou tomar cuidado — respondeu, ainda mantendo o tom doce, mas cada palavra cuidadosamente escolhida. — Espero que nos encontremos novamente… Kaito apenas acenou com a cabeça, silencioso, mantendo o olhar fixo nela por mais alguns segundos antes de ligar o motor novamente e desaparecer na rua. Linyin ficou parada por um instante, observando o carro desaparecer, respirando fundo. Então, puxou o celular do bolso e digitou rapidamente, preparando-se para o próximo movimento. Um sorriso travesso surgiu nos lábios enquanto ela se aproximava do portão da mansão. — Se o senhor quiser… — murmurou baixinho para si mesma, como quem joga uma isca — …pode aparecer hoje à noite. Teremos um evento na mansão… seria interessante sua presença. Ela deixou o convite implícito, elegante e casual, com o tom de quem apenas sugeria, mas que já planejava que ele ficasse curioso. A mão acenou delicadamente em direção ao carro que já não estava mais lá, mas a sensação de que ele a observava de algum ponto distante persistia em sua mente. Com um último sorriso doce, Linyin entrou na mansão, sentindo cada passo como parte do seu próprio jogo silencioso. Ela sabia que aquela noite seria decisiva: cada gesto, cada olhar, cada movimento poderia revelar algo sobre Kaito — e sobre a maneira como ele realmente via a jovem que agora caminhava entre os corredores de sua família adotiva como alguém que tinha poder e inteligência para desafiar qualquer expectativa. E enquanto fechava a porta atrás de si, o convite silencioso pairava no ar, deixando a certeza de que o encontro daquela noite não seria apenas social — seria um teste, um jogo de intenções e estratégia, e Linyin estava pronta para jogar.
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