A luz da manhã entrou pela janela, espalhando-se suavemente pelo quarto. Linyin despertou lentamente, sentando-se na cama, os olhos ainda meio sonolentos. Foi então que a viu: Kaito, perto do espelho, secando o cabelo com cuidado, vestindo apenas um robe masculino que destacava seus ombros largos e músculos definidos.
Um leve rubor subiu às bochechas de Linyin, mas ela rapidamente se recompôs, endireitando-se e oferecendo sua postura mais educada e graciosa.
— “Bom dia, senhor Ren.” — disse, a voz doce e calma, como sempre.
Kaito olhou para ela e respondeu de maneira firme, mas controlada:
— “Bom dia.”
Havia algo no tom dele que transmitia autoridade e, ao mesmo tempo, segurança. Ele continuou:
— “Prepare-se, vou levá-la para a faculdade.”
Linyin assentiu e se levantou. Entrou no banheiro, tirando o roupão e começando o banho. A água quente deslizava sobre sua pele, e ela se perdeu nos pensamentos. Sua vida havia mudado tanto; tudo era diferente, mais intenso, mais real. O destino parecia até brincar com ela, presenteando-a com um homem tão belo e poderoso — quase como um príncipe em um conto moderno.
Quando saiu, enrolada na toalha, encontrou Kaito já vestido: uma camisa social preta impecável, calças ajustadas, cabelo alinhado perfeitamente. O charme dele parecia ainda mais evidente naquele ambiente silencioso, e Linyin sentiu o rubor voltar ao rosto.
Ela hesitou, sem saber como pedir para ele virar, para que pudesse se vestir em paz. Kaito percebeu o pequeno embaraço dela e, sem dizer uma palavra, virou-se de lado.
— “Pode se vestir.” — disse, com aquele tom firme, profissional, mas carregado de um magnetismo que faria qualquer mulher corar.
Linyin respirou fundo, retirou o roupão e vestiu o uniforme da faculdade, já preparado cuidadosamente para ela. A cada gesto, sentia o coração bater mais rápido, mas manteve a calma externa, o sorriso suave nos lábios.
Quando terminou, falou com tranquilidade:
— “Pode virar agora.”
Kaito permaneceu a observando por um instante, avaliando cada detalhe dela com olhos atentos, depois caminhou até a porta. Pegou a mochila dela, abriu a porta e fez um gesto discreto para que ela saísse primeiro, mantendo a postura firme e elegante que o caracterizava.
Linyin caminhou ao lado de Kaito pelos corredores silenciosos da mansão. A presença dele era imponente sem esforço algum — cada passo parecia calculado, estável, como alguém que estava acostumado a comandar tudo ao redor.
Ao chegarem à entrada, um dos carros pretos da casa já os aguardava. O motorista abriu a porta traseira, mas Kaito levantou a mão em um gesto discreto.
— “Deixe. Hoje eu mesmo a levo.”
O motorista apenas inclinou a cabeça e se afastou.
Linyin entrou primeiro, ajeitando a saia do uniforme. Kaito acomodou-se ao lado dela, fechando a porta. O carro saiu lentamente pela estrada particular da mansão.
Por alguns minutos, só o som do motor preenchia o interior. Linyin olhava discretamente pela janela, tentando ignorar o fato de que a aura dele, tão próxima, deixava seu coração acelerado.
Kaito quebrou o silêncio primeiro:
— “Você acordou mesmo bem?”
O tom era firme, mas havia uma atenção real por trás.
— “Sim… acordei muito bem.” — ela respondeu, com o mesmo sorriso delicado — “Obrigada por me levar.”
Ele passou os olhos por ela, sem pressa, como se estudasse cada microexpressão.
— “É minha responsabilidade agora.”
Ela engoliu em seco. Dito daquele jeito, soava quase como uma promessa.
As ruas começaram a ficar mais movimentadas conforme se aproximavam da cidade. Linyin apertou a alça da mochila no colo, pensando em como seria chegar ali… acompanhada justamente por ele. Todos olhariam. Todos comentariam.
Como se lesse seu pensamento, Kaito falou:
— “Na faculdade, mantenha o comportamento que sempre teve. Não precisa mudar nada por… isto.”
O “isto” soou como se abrangesse toda a situação dos dois.
Linyin sorriu, jovial e dócil como sempre, escondendo com perfeição a mente afiada por trás.
— “Claro, senhor Ren. Eu sei me portar.”
Kaito virou o rosto para ela por um instante, analisando-a com intensidade calculada — aquela que sempre fazia o estômago dela apertar.
— “Eu sei que sabe.”
Parecia uma confirmação, não um elogio.
Como se ele enxergasse exatamente quem ela era por trás da doçura.
O carro reduziu a velocidade ao dobrar a última esquina antes da faculdade. Vários alunos já se aglomeravam na entrada.
Linyin respirou fundo.
Kaito, ao lado dela, parecia um rei prestes a ser anunciado.
— “Estamos chegando.” — ele disse, impassível.
O carro começou a desacelerar quando a fachada da faculdade surgiu entre as árvores. Vários estudantes passavam pelos portões, conversando animadamente, totalmente alheios ao impacto que a chegada deles causaria.
Kaito ajustou a manga da camisa preta, o olhar firme como sempre.
Então virou-se para ela, a voz baixa, objetiva — o tom de um homem acostumado a definir regras claras.
— “Antes de descer, há algo que precisa ficar muito claro.”
Linyin o olhou, mantendo a expressão suave e inocente… mas por dentro, seu coração deu um pequeno salto. Não de medo — e sim pela forma como ele falava com tanta naturalidade, como se já fosse parte da vida dela.
— “Sim, senhor Ren?” — perguntou ela, delicada.
Kaito manteve os olhos nela, sérios e afiados.
— “Enquanto estiver nesta faculdade, não quero ver você tendo contato físico desnecessário com nenhum garoto.”
Linyin piscou, surpresa disfarçada.
Kaito continuou:
— “Nem abraços, nem toques, nem intimidades amigáveis. Você é minha noiva — seu comportamento deve refletir isso.”
Ele apoiou um braço no encosto do banco, aproximando-se levemente, mas mantendo uma postura impecavelmente formal.
— “Se alguém tentar ultrapassar algum limite com você, me avise imediatamente.”
O tom não era ciumento… era simplesmente a voz de alguém que protegia o que era seu com absoluta convicção.
Linyin inclinou a cabeça, fazendo aquele sorriso doce que sempre o intrigava.
— “Eu entendo. Não se preocupe, senhor Ren. Vou agir de acordo com seu desejo.”
Os olhos dele passaram pela expressão dela, como se buscassem algo escondido.
— “Ótimo.” — disse simplesmente.
O carro finalmente parou em frente aos portões.
Alguns alunos já começavam a virar o rosto, reconhecendo quem estava ali dentro.
Kaito abriu a porta antes dela.
— “Pode ir.”
— “Obrigada… senhor Ren.” — respondeu ela, ajeitando a saia do uniforme.
Mas quando ela estava prestes a descer, ele acrescentou, firme:
— “E lembre-se: sem contato físico.”
Linyin sorriu de novo — doce, educada, e ao mesmo tempo com aquele brilho malicioso só perceptível para quem fosse muito atento.
— “Como quiser.”
Ela saiu do carro… e todos começaram a olhar imediatamente.
sempre, segurando a saia como uma boneca porcelana.
O campus inteiro virou um mar de olhos curiosos.
Os sussurros eram inevitáveis: todos tinham visto o escândalo, a coletiva, o vídeo… e o homem misterioso que a carregou para fora da mansão.
Mas ela sorria.
Doce.
Inofensiva.
Como se nada pudesse tocá-la.
Kaito permaneceu no carro por um segundo a mais, observando cada detalhe — ou observando se alguém ousaria se aproximar demais.
Logo, uma voz familiar ecoou:
— LINYIN?!
Fang Fang veio praticamente correndo.
Linyin hesitou por meio segundo — na vida anterior, Minay a fez acreditar que Fang Fang era falsa, invejosa…
Dessa vez, ela não cairia nisso.
Seu sorriso ficou macio.
Ela abriu os braços e abraçou a amiga, deixando Fang Fang surpresa e feliz.
— Fang Fang, senti a tua falta…
— Eu pensei que você nem viria hoje! — Fang Fang segurou nas mãos dela. — Linyin, você VIRALIZOU. A internet inteira só fala do seu noivado, do vídeo, da coletiva… É verdade? Você tá noiva daquele magnata?! Aquele homem que ninguém nem consegue chegar perto?!
Linyin piscou com doçura.
— Estou. Ele me tirou de lá naquela noite e… me levou para a casa dele.
Fang Fang deu um gritinho abafado.
— A CASA DELE?! O QUE?!
Linyin mordeu levemente o lábio, fingindo timidez.
— Ele não me levou ao hospital, nada disso.
Abaixou o olhar em um gesto ensaiado.
— Ele… me fez assinar um contrato de noivado. Oficialmente, sou a noiva dele agora.
Fang Fang arregalou os olhos.
— Um CONTRATO?! Meu Deus, Linyin, isso é coisa de drama de milhões! O que tinha nesse contrato?!
Linyin suspirou baixinho.
— Compromissos, regras… e responsabilidades. É tudo muito sério.
E então, quase sussurrando:
— Dormimos até no mesmo quarto.
Fang Fang levou a mão à boca.
— VOCÊS O QUÊ?! O MESMO QUARTO?!
Linyin desviou o olhar, fingindo uma vergonha inocente, enquanto seu coração de calculadora sorria em silêncio.
— Ele disse que, já que somos noivos, não fazia sentido ficarmos separados.
Olhou novamente para Fang Fang.
— Ele é… muito exigente. E muito intenso.
Fang Fang parecia estar à beira de um surto.
— Linyin, isso é SURREAL! Você virou noiva do homem mais poderoso e inacessível de toda a Ásia… e está dormindo NO MESMO QUARTO QUE ELE?! Como é acordar ao lado dele? Como ele te trata? Como é viver numa mansão daquelas?!
Linyin deu um sorriso suave, com as bochechas levemente coradas — parte atuação, parte real.
— Ele é muito… bonito. Intimidante.
Fez uma pausa cuidadosa.
— Mas tem sido… gentil comigo, à maneira dele.
Fang Fang apertou os braços dela, fascinada, quase vibrando.
— GAROTA, você está vivendo o sonho impossível de qualquer romance! Isso é sério mesmo?! É real?!
Linyin apenas sorriu.