capítulo 10

1613 Palavras
A luz da manhã entrou pela janela, espalhando-se suavemente pelo quarto. Linyin despertou lentamente, sentando-se na cama, os olhos ainda meio sonolentos. Foi então que a viu: Kaito, perto do espelho, secando o cabelo com cuidado, vestindo apenas um robe masculino que destacava seus ombros largos e músculos definidos. Um leve rubor subiu às bochechas de Linyin, mas ela rapidamente se recompôs, endireitando-se e oferecendo sua postura mais educada e graciosa. — “Bom dia, senhor Ren.” — disse, a voz doce e calma, como sempre. Kaito olhou para ela e respondeu de maneira firme, mas controlada: — “Bom dia.” Havia algo no tom dele que transmitia autoridade e, ao mesmo tempo, segurança. Ele continuou: — “Prepare-se, vou levá-la para a faculdade.” Linyin assentiu e se levantou. Entrou no banheiro, tirando o roupão e começando o banho. A água quente deslizava sobre sua pele, e ela se perdeu nos pensamentos. Sua vida havia mudado tanto; tudo era diferente, mais intenso, mais real. O destino parecia até brincar com ela, presenteando-a com um homem tão belo e poderoso — quase como um príncipe em um conto moderno. Quando saiu, enrolada na toalha, encontrou Kaito já vestido: uma camisa social preta impecável, calças ajustadas, cabelo alinhado perfeitamente. O charme dele parecia ainda mais evidente naquele ambiente silencioso, e Linyin sentiu o rubor voltar ao rosto. Ela hesitou, sem saber como pedir para ele virar, para que pudesse se vestir em paz. Kaito percebeu o pequeno embaraço dela e, sem dizer uma palavra, virou-se de lado. — “Pode se vestir.” — disse, com aquele tom firme, profissional, mas carregado de um magnetismo que faria qualquer mulher corar. Linyin respirou fundo, retirou o roupão e vestiu o uniforme da faculdade, já preparado cuidadosamente para ela. A cada gesto, sentia o coração bater mais rápido, mas manteve a calma externa, o sorriso suave nos lábios. Quando terminou, falou com tranquilidade: — “Pode virar agora.” Kaito permaneceu a observando por um instante, avaliando cada detalhe dela com olhos atentos, depois caminhou até a porta. Pegou a mochila dela, abriu a porta e fez um gesto discreto para que ela saísse primeiro, mantendo a postura firme e elegante que o caracterizava. Linyin caminhou ao lado de Kaito pelos corredores silenciosos da mansão. A presença dele era imponente sem esforço algum — cada passo parecia calculado, estável, como alguém que estava acostumado a comandar tudo ao redor. Ao chegarem à entrada, um dos carros pretos da casa já os aguardava. O motorista abriu a porta traseira, mas Kaito levantou a mão em um gesto discreto. — “Deixe. Hoje eu mesmo a levo.” O motorista apenas inclinou a cabeça e se afastou. Linyin entrou primeiro, ajeitando a saia do uniforme. Kaito acomodou-se ao lado dela, fechando a porta. O carro saiu lentamente pela estrada particular da mansão. Por alguns minutos, só o som do motor preenchia o interior. Linyin olhava discretamente pela janela, tentando ignorar o fato de que a aura dele, tão próxima, deixava seu coração acelerado. Kaito quebrou o silêncio primeiro: — “Você acordou mesmo bem?” O tom era firme, mas havia uma atenção real por trás. — “Sim… acordei muito bem.” — ela respondeu, com o mesmo sorriso delicado — “Obrigada por me levar.” Ele passou os olhos por ela, sem pressa, como se estudasse cada microexpressão. — “É minha responsabilidade agora.” Ela engoliu em seco. Dito daquele jeito, soava quase como uma promessa. As ruas começaram a ficar mais movimentadas conforme se aproximavam da cidade. Linyin apertou a alça da mochila no colo, pensando em como seria chegar ali… acompanhada justamente por ele. Todos olhariam. Todos comentariam. Como se lesse seu pensamento, Kaito falou: — “Na faculdade, mantenha o comportamento que sempre teve. Não precisa mudar nada por… isto.” O “isto” soou como se abrangesse toda a situação dos dois. Linyin sorriu, jovial e dócil como sempre, escondendo com perfeição a mente afiada por trás. — “Claro, senhor Ren. Eu sei me portar.” Kaito virou o rosto para ela por um instante, analisando-a com intensidade calculada — aquela que sempre fazia o estômago dela apertar. — “Eu sei que sabe.” Parecia uma confirmação, não um elogio. Como se ele enxergasse exatamente quem ela era por trás da doçura. O carro reduziu a velocidade ao dobrar a última esquina antes da faculdade. Vários alunos já se aglomeravam na entrada. Linyin respirou fundo. Kaito, ao lado dela, parecia um rei prestes a ser anunciado. — “Estamos chegando.” — ele disse, impassível. O carro começou a desacelerar quando a fachada da faculdade surgiu entre as árvores. Vários estudantes passavam pelos portões, conversando animadamente, totalmente alheios ao impacto que a chegada deles causaria. Kaito ajustou a manga da camisa preta, o olhar firme como sempre. Então virou-se para ela, a voz baixa, objetiva — o tom de um homem acostumado a definir regras claras. — “Antes de descer, há algo que precisa ficar muito claro.” Linyin o olhou, mantendo a expressão suave e inocente… mas por dentro, seu coração deu um pequeno salto. Não de medo — e sim pela forma como ele falava com tanta naturalidade, como se já fosse parte da vida dela. — “Sim, senhor Ren?” — perguntou ela, delicada. Kaito manteve os olhos nela, sérios e afiados. — “Enquanto estiver nesta faculdade, não quero ver você tendo contato físico desnecessário com nenhum garoto.” Linyin piscou, surpresa disfarçada. Kaito continuou: — “Nem abraços, nem toques, nem intimidades amigáveis. Você é minha noiva — seu comportamento deve refletir isso.” Ele apoiou um braço no encosto do banco, aproximando-se levemente, mas mantendo uma postura impecavelmente formal. — “Se alguém tentar ultrapassar algum limite com você, me avise imediatamente.” O tom não era ciumento… era simplesmente a voz de alguém que protegia o que era seu com absoluta convicção. Linyin inclinou a cabeça, fazendo aquele sorriso doce que sempre o intrigava. — “Eu entendo. Não se preocupe, senhor Ren. Vou agir de acordo com seu desejo.” Os olhos dele passaram pela expressão dela, como se buscassem algo escondido. — “Ótimo.” — disse simplesmente. O carro finalmente parou em frente aos portões. Alguns alunos já começavam a virar o rosto, reconhecendo quem estava ali dentro. Kaito abriu a porta antes dela. — “Pode ir.” — “Obrigada… senhor Ren.” — respondeu ela, ajeitando a saia do uniforme. Mas quando ela estava prestes a descer, ele acrescentou, firme: — “E lembre-se: sem contato físico.” Linyin sorriu de novo — doce, educada, e ao mesmo tempo com aquele brilho malicioso só perceptível para quem fosse muito atento. — “Como quiser.” Ela saiu do carro… e todos começaram a olhar imediatamente. sempre, segurando a saia como uma boneca porcelana. O campus inteiro virou um mar de olhos curiosos. Os sussurros eram inevitáveis: todos tinham visto o escândalo, a coletiva, o vídeo… e o homem misterioso que a carregou para fora da mansão. Mas ela sorria. Doce. Inofensiva. Como se nada pudesse tocá-la. Kaito permaneceu no carro por um segundo a mais, observando cada detalhe — ou observando se alguém ousaria se aproximar demais. Logo, uma voz familiar ecoou: — LINYIN?! Fang Fang veio praticamente correndo. Linyin hesitou por meio segundo — na vida anterior, Minay a fez acreditar que Fang Fang era falsa, invejosa… Dessa vez, ela não cairia nisso. Seu sorriso ficou macio. Ela abriu os braços e abraçou a amiga, deixando Fang Fang surpresa e feliz. — Fang Fang, senti a tua falta… — Eu pensei que você nem viria hoje! — Fang Fang segurou nas mãos dela. — Linyin, você VIRALIZOU. A internet inteira só fala do seu noivado, do vídeo, da coletiva… É verdade? Você tá noiva daquele magnata?! Aquele homem que ninguém nem consegue chegar perto?! Linyin piscou com doçura. — Estou. Ele me tirou de lá naquela noite e… me levou para a casa dele. Fang Fang deu um gritinho abafado. — A CASA DELE?! O QUE?! Linyin mordeu levemente o lábio, fingindo timidez. — Ele não me levou ao hospital, nada disso. Abaixou o olhar em um gesto ensaiado. — Ele… me fez assinar um contrato de noivado. Oficialmente, sou a noiva dele agora. Fang Fang arregalou os olhos. — Um CONTRATO?! Meu Deus, Linyin, isso é coisa de drama de milhões! O que tinha nesse contrato?! Linyin suspirou baixinho. — Compromissos, regras… e responsabilidades. É tudo muito sério. E então, quase sussurrando: — Dormimos até no mesmo quarto. Fang Fang levou a mão à boca. — VOCÊS O QUÊ?! O MESMO QUARTO?! Linyin desviou o olhar, fingindo uma vergonha inocente, enquanto seu coração de calculadora sorria em silêncio. — Ele disse que, já que somos noivos, não fazia sentido ficarmos separados. Olhou novamente para Fang Fang. — Ele é… muito exigente. E muito intenso. Fang Fang parecia estar à beira de um surto. — Linyin, isso é SURREAL! Você virou noiva do homem mais poderoso e inacessível de toda a Ásia… e está dormindo NO MESMO QUARTO QUE ELE?! Como é acordar ao lado dele? Como ele te trata? Como é viver numa mansão daquelas?! Linyin deu um sorriso suave, com as bochechas levemente coradas — parte atuação, parte real. — Ele é muito… bonito. Intimidante. Fez uma pausa cuidadosa. — Mas tem sido… gentil comigo, à maneira dele. Fang Fang apertou os braços dela, fascinada, quase vibrando. — GAROTA, você está vivendo o sonho impossível de qualquer romance! Isso é sério mesmo?! É real?! Linyin apenas sorriu.
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