Nosso Lance

Capitulo 3

Luana Pierri

- Como assim?! O que eu tô fazendo no "seu morro" ? Eu moro aqui deis que eu nasci amando. — Os olhos dele estão super vermelho, esse filho da p**a deve já ter bebido e cheirado pra caralh4 resolveu me atazanar.

— MENTIRA.— Grita e da um soco na parede, um centímetro pro lado e tinha acertado meu rosto.— Tu tlg que eu sou o dono dessa p***a né? Ando por aqui e conheço geral eu nunca te vi na minha favela.

— Chama o GG pô ele é o antigo dono e me viu crescer, era amigo do meu pai.— Digo debochando, o deboche é um maldito hábito que eu uso tanto pra debochar quanto pra esconder meu nervosismo.

Nessa situação é nervosismo!

Ele me analisa, tentando ver se eu estou blefando, quando ele vê que eu não estou brincando, se afasta pegando o celular e começa digita alguma coisa, depois senta no meu sofá e fica me olhando.

Pego meu celular vendo a hora, é quase meia noite, eu tenho que mandar mensagem pra Rebeca avisando que eu já vim pra casa.

Fico sentada do outro lado do sofá bem longe dele mexendo no meu celular tentando entender o que esse peste ainda tá fazendo aqui.

Depois de uns 15 minutos a porta da minha casa abre e um GG super sério entra, quando ele me ver abre um sorrisinho de lado.

- Opa minha gatinha, quanto tempo eu não te vejo! Não bota mais cara na favela né?— Levanto do sofá e abraço o GG.

GG tem 56 anos, a mesma idade que meu pai teria se estivesse vivo e como eu disse ele me viu crescer e logo após a morte do meu pai ajudou a mim e minha mãe bastante.

— Eu vivo por aqui mas eu tô esses dias mas lá na pista com a dona Renata. E como você tá?

— Tudo suave, tá tudo me! .— Dou risada dele tentando imitar as gírias de hoje em dia. —Eai VK qual teu papo? E o que tu tá fazendo na casa da minha sobrinha? — Não importa quanto tempo ficamos sem sem nos ver, ele sempre vai me chamar de sobrinha.

— p***a GG tlg a mina que eu falei pra tu? É ela aí! Hoje no baile ela me reconheceu e já bateu a neurose, vim atrás e ela disse que te conhecia então te acionei para verificar.

— Tlg, ela é minha sobrinha , tá suave! — Ele assente e se levanta do sofá.

— To voltando pro baile, tu vem junto? — VK pergunta pro GG e ele assente.

Na hora que ele ia falar comigo o celular dele toca e ele se afasta um pouco para fala no telefone, VK aproveita que GG não tá vendo e me pega pelo braço na maior brutalidade.

— Tu se liga na tua caminha! Vai continuar viva por causa do meu mano, mas se tu sonhar em contar sobre o roubo pra alguém tu morrer.— Se meu olhar fosse laser ele já estaria morto.— Tu tá entendo p***a?

— Acho que você foi bem claro, né? Agora me solta!— Falei com firmeza sem demonstrar medo.

Ficamos nos encarando por alguns segundos até ele soltar o meu braço e sai pela porta da minha casa batendo à porta com força.

— Se quebrar vai comprar outra .— Gritei.

Depois de uns minutos tio GG volta pra sala.

— Ouvi você gritando, aconteceu alguma coisa?

— Eu gritando ? Dizem que quando a idade chega começamos a ouvir coisas. — Ele me olha sério.

—Ih col foi, tá me chamando de velho Luana ? — Me seguro pra não rir.

— Eu não tio, é o senhor que tá falando aí ó.— Não aguento com a cara dele de indignação.

— Feiona tu eh! Me fala como tá a tua mãe? Nunca mais vi ela. — Depois da morte do meu pai, GG nos ajudou como dono do morro que teve um morador morto injustamente e como amigo do meu pai de longa data.

Mas depois de uns 3 anos acho que ele passou a ver minha mãe não só como a mulher do amigo falecido e sim como uma mulher solteira e desimpedida.

Tenho certeza que ele até tentou chegar na minha mãe mas ela se fechou e não deu brecha, depois do meu pai ela nunca mas se relacionou ( não que eu saiba) com ninguém e isso me deixa triste, eu super apoiaria o GG com a minha mãe.

— Ela tá bem, sabe? Até tinha melhorado com as paranóia dela, mas agora com o assalto ao banco que teve ela voltou quase à estaca zero.— Explico.

— Como sempre tu chegando na hora errada nos lugar mano. — Olho pra ele sem entender. — Vou lá minha n**a, qualquer coisa tu sabe como me encontrar né? — Assenti.

Me despedi do GG e ele foi embora, mando mensagem pra Rebeca inventando uma desculpa por ter saído do baile sem avisar ela.

Como uma maçã pra não dormir de barriga vazia, tomo um banho gelado, deitei na minha cama bem gostoso, o melhor investimento da minha vida foi esse colchão.

Olho meu celular e vejo que a Rebeca visualizou e não respondeu, vaca !

Deixo meu celular de lado e fecho os olhos tentando dormir.

No outro dia seguinte

Acordo com um barulho de secador infernal dentro do meu quarto, não tô acreditando nisso cara.

— REBECAAAAAAA .— Ela rapidamente aparece na porta do meu banheiro.

— O que aconteceu amiga?? — Tento me controlar pra não chorar de raiva.

— Tu tá de s*******m né? Tá fazendo isso aqui logo no meu banheiro p***a? Sabe que eu odeio ser acordada com barulho mano. — Ela revira os olhos e volta a fazer o bagulho que sempre faz no cabelo com o difusor e eu esqueço o nome.

Bufo irritada, saiu da minha cama desço as escadas me jogando no sofá tentando voltar a dormi quando a Rebeca desce as escadas cantarolando toda feliz.

— REBECA EU VOU TE MATAR CARALH4.— Pulo no sofá me sentando de uma vez e ela me olha toda animada.

— Ai amiga, ainda bem que você acordou. Temos um churrasco pra ir. — Revirei os olhos.

— Você quis dizer que " você" tem um churrasco pra ir porque eu vou ficar o dia todo comendo besteira e andando pelada pela minha casa.— Só de pensar nisso já me sinto tão feliz.

— NÃO MESMO! VOCÊ VAI COMIGO.

— Amiga você nasceu separada de mim e pode muito bem viver sem ser grudada em mim! Hoje eu só quero dormir o dia todo é pedir muito c****e?— Ela me olha toda afrontos, garota filha da put0.

— Vida esses seus surtos quando eu te acordo não me assusta mais! Vai lá toma banho, coloca um biquíni babadeiro e vamos no churras desse boy que eu peguei ontem.— Agora eu entendi o porque dela tá tanto querendo ir nesse churrasco.

— Quem tá oferecendo o churrasco é o macho que você pegou ? — Pergunto já prevendo o surto.

— A amiga promete não surtar? — Por que eu ainda pergunto a Deus? — Ele é o sub chefe daqui do morro.

Parei pra analisar o que ela me falou e quase surtei.

— VOCÊ SENTO PRO L7!? TÁ MALUCA CARA? DEIXA TUA MÃE FICA SABENDO. — Doidona essa menina cara, eu sempre fiquei com macho envolvido mas nunca com patente tão alta.

Tem traficante que é surtado cara, te olha e já te quer como fiel e ai de você se não quiser, tu só sai do lado dele morta ou quando ele cansar de você.

Eu já ouvi falar que em outras favelas rivais se o traficante te quiser naquela noite você é obrigada a ficar com ele.

Você só tem duas opções, ficar com ele ou ele abusar de você pra conseguir o que ele quer e mostrar quem manda.

Graças a Deus que isso nunca aconteceu por aqui ( o comando não permite abuso) Imagina cara? Deus me livre, mas isso não quer dizer nada, afinal o morro é deles e eles mandam.

— Amiga eu fiz sexo com ele e mais nada cara, não jurei amor e nem fidelidade ele me convidou e eu vou cara, só isso! — Olhei pra ela bem desconfiada, porquê aí tem.

— Tá.— Ela me olhou toda animada achando que eu vou.— Boa sorte e que Deus te acompanhe, vou orar por você daqui do meu sofá.— Na hora ela murcho.

— Amiga, por favor! Você me deve tanto favor cara, eu só tô te pedindo isso mana o que que custa ?— Rebeca sabe mexer com o meu psicológico legal.

— Ai que menina chata cara, eu vou! Mas quando eu cansar vou vim pra casa e se você quiser vai ficar sozinha.— Me encolhi quando ela pulou em cima de mim.

— AI TE AMO!! TE AMO, VOCÊ É O AMOR DA MINHA VIDA.— Empurrei ela de de cima de mim.

— Menina falsinha, só deixa pra se declarar quando consegue alguma coisa. — Gargalho da cara de b***a que ela faz.— Também te amo! Você é tudo pra mim, agora vai se arrumar antes que eu desista de ir.

*****

— Meu Deus amiga, tá cheio aqui né?— O se ta, tem gente até nas escadas.— Amiga temos que achar ele.

— Vamos pra área da piscina.

Quando chegamos na área da piscina, vemos

de cara o L7 e VK sentados com várias mulheres e homens em volta deles, a mesinha na frente deles tá cheia de droga, bebida e arma.

VK assim que me vê fecha a cara, juro pra você que não entendo essa birra que ele pegou comigo.

VK levanta de onde ele tá e anda até mim com rapidez quando ele para na minha frente eu fico totalmente sem saber o que falar.

— O que você tá fazendo aqui caral4o? — Abro a boca pra tentar falar mas não sai nada. — A gata perdeu a língua ?! Responde p***a!

— Calma mano, elas são minhas convidadas. — L7 chega afastando ele de mim, só aí eu volto a respirar.

— O que foi isso? — Rebeca perguntou baixinho só para mim escutar.

— Eu não sei amiga, nem conheço ele. — Tento me fazer de desentendida.

L7 fala alguma coisa pro VK que bufa com raiva e n**a com a cabeça, então o L7 fala alguma coisa que deixa ele puto, pois o VK sai puto do local sem nem se despedir do amigo.

L7 vem na nossa direção com um sorriso de lado como se nada tivesse acontecido.

— Perdoa o meu mano aí n**a, ele tá neurótico com uns bagulho aí.— Assinto e ele olha pra Rebeca.— E não é que tu veio mesmo.

— Vim né, tu acha que eu ia perder uma boca livre?— Se não fosse pelo o momento que eu acabei de passar eu já estaria me acabando de rir.

Rebeca geralmente sabe flertar mas com o L7 ela tá toda nervosa e sem saber o que falar.

—Slc, eu pensando que a gata veio aqui por mim .— L7 fala dando um meio sorriso.— Eai Luana, suave?