Capítulo 249
— O que está acontecendo com Cassius? — Perguntou Kaleu ao observar Cassius que digitava impacientemente no laptop como se fosse uma máquina.
— Ele está estressado. — Respondeu Braston secamente.
— Ele saiu do hospital assim que Laysa estava fora de risco e não voltou mais para casa. — Completou Frederick.
— Depois do que aqueles duas doidas fizeram é melhor deixá-lo gastar seu tempo aqui. — Comentou Kaleu.
— Será que podem fazer silêncio e trabalhar? Além disso, o que está acontecendo? — Perguntou Cassius impaciente.
— Orfeu continua derrubando as outras potências, a cada final de mês as posições são atualizadas pelo sistema econômico de Rowland.
— O que está dizendo?
— Se não recuperarmos a atualização do próximo dia será menos dois para a máfia e Orfeu ganha território.
— Porque não matamos Orfeu de uma vez! — Vociferou Braston.
— Você sabe… — Cassius solta um grunhido. — Se ele morrer, Hélio entra na jogada, se Hélio entrar na jogada… — Esticou os lábios formando um sorriso leviano.
Hélio é o pai de Orfeu, o mesmo não concorda com os métodos de Orfeu, Cassius e Orfeu sempre pareciam estar em um jogo de xadrez, mas Hélio agia como se não houvesse nada para proteger.
Naquele momento Orfeu estava na mansão de seu pai, ambos estavam discutindo na sala de reunião.
— Eu não vou tolerar, já faz anos que a máfia está agindo na cidade, após você ter derrubado a organização de Teodoro pensei que você seria adequado para pôr fim a essa praga na cidade.
— Pai, não é fácil assim, se eu usar os mesmos métodos, pessoas inocentes vão morrer, será um genocídio.
— Orfeu, eu já estou um pouco velho para isso, a única coisa que eu sei é que não deveria ter havido outra nomeação para Dom, Cassius já não vai fazer vinte anos dominando a cidade, eu não vou permitir! — Hélio vociferou alterado.
— Eles não vão conseguir, eu já estou conseguindo derrubar as potências que eles dominam.
— Como você pode ter deixado chegar a tal ponto? — Continua a repreender Orfeu.
— Minha maior missão é proteger os cidadãos, não vou repetir!
— Você não está protegendo quando deixa a máfia dominar a cidade, você deve tirar toda a nossa família daqui e começar a operação para colocar os ratos na ratoeira ou na cova.
— E ignorar todo o restante da população? — Perguntou Orfeu cético.
— Para grandes feitos precisa-se de grandes perdas.
— Rowland não entrará para a história por ter expulsado a máfia, mas por ter causado o maior genocídio do país. — Lamentou a visão distorcida de seu pai.
— Eles na cidade operam em tudo que é tipo de situação que vem trazendo muito mais mortes, além de cidades que foram evacuadas e não podem ser frequentadas porque homens estão proibindo, pessoas perderam suas casas, agora me diga? Eu mataria mais cidadãos ou criminosos.
— Pai, posso fazer isso de forma mais diplomática, a máfia só se sustenta em nossa cidade enquanto eles têm poder econômico, mas quando isso começar a cair, podemos pegar um por um.
— Bom… esse é o seu jeito, vou deixar você fazer, mas saiba que o seu jeito está permitindo que eles cresçam e até cheguem perto de tomar seu lugar na liderança e se isso acontecer as empresas Enginer Prince, nós perderemos o apoio de todas as organizações de segurança. — Asseverou em seguida se retirando do salão demonstrando mau humor.
Enquanto isso entre os herdeiros Seagreme logo seus ânimos já estavam voltando ao seu velho estado, Cassius se mantinha preso na academia ainda tentando esquecer e se recuperar do estresse que passou por causa de Laysa e Lilith.
Já fazia três dias que Cassius não via a luz do dia, nem mesmo pisava os pés em casa.
Nesse momento estava na hora do almoço quando ele decidiu dar uma volta pela academia e ver como estavam as coisas por ali após alguns dias ausente e em sua trajetória tinha os planos de visitar Filipe.
Assim que ele entra na academia feminina, encontrou vazia, apenas algumas meninas ali treinando.
— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Cassius franzindo o cenho.
— Você não estava aqui esses dias, e Luna criou o dia em que todos da academia poderiam se reunir para competir uns com os outros, tanto homens quanto mulheres. — Explicou a menina.
— Aquela coisa pequena fez isso? Quem manda aqui? Não é a Jack?
— Jáck é irmã dela e mima ela. Você dá doces a ela e mima ela, é óbvio que ela pensa que é mais dona do que seus filhos.
Cassius sai dali e desce indo em direção à área de treinamento dos homens.
Assim que entra, encontra uma confusão sem tamanho. Enquanto alguns homens estão no chão encolhidos gemendo de dor, ele passa por entre as pessoas, e a cada passo que ele dá, o barulho e o alvoroço começam a diminuir, trazendo um ar de seriedade e medo.
— Isso, quebra ele, mostra para eles quem manda nessa academia! — Cassius ouve Luna gritar em cima do ringue, liderando as lutas como um juiz, enquanto Filipe está se segurando em uma das pilastras, demonstrando medo.
— Pode repetir? —Vociferou Cassius ao se aproximar do ringue.
A menina arregala os olhos ao ouvir a voz atrás de si e sorri cinicamente, demonstrando desconforto.
— Olá, Senhor Don... Murmurou com a voz arrastada.
— Diga de novo, quem manda nessa academia! Rosnou, segurando a menina pelo gorro e a arrastando para fora do ringue. Logo todos se dispersaram deixando o local vazio, apenas Filipe estava ali ainda se segurando na pilastra, jogado no chão, agora aliviado por Cassius ter chegado.
— Quando você me tiraria desse inferno? Gritou Filipe.
— Quem disse que você pode gritar? Perguntou rispidamente, fazendo o menino engolir em seco. — O que vocês dois andam aprontando, em?
— Você disse para ensinar a ele e hoje, pergunte a ele o que ele aprendeu. Pediu de forma prepotente com um sorriso debochado.
Cassius seguiu até o menino que começou a soluçar de chorar sem soltar a pilastra.
— Tudo bem… esse lugar é um pesadelo, eu já aprendi a minha lição, eu não quero mexer nunca mais com mulher nenhuma, tudo o que aprendi com meu irmão, foi errado! — Choraminga desesperado. — Eu, as mulheres são um monstro, jamais devo mexer com elas.
Cassius encarou a pequena Luna e esticou o dedão aprovando os seus resultados com aquele garoto.
— O senhor manda na academia, Senhor Don! É por isso que eu obedeço e executo bem o meu trabalho!
— Sua pequena arteira, então? Qual é o seu pedido?
— Nada de mais, só me prometa que não importa o que acontecer, você vai manter eu e minha irmã em segurança.
— Vocês… eu faço o possível, até que você possa se proteger por si só e se torne dona de seu futuro, então estude muito e treine muito.
— Sim, Senhor!
Cassius segue até Filipe o suspendendo pela gola da camisa, seu olhar é de desaprovação enquanto Luna segue para a cabine do elevador indo embora.
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Cap.250
— Você… a partir de hoje você vai ficar na academia particular. — Anunciou Cassius demonstrando mau humor.
— Como assim? Eu não vou passar para a academia masculina?
— Em primeiro lugar, eu não vou deixar você com as meninas porque você é fraco, e nem vou te deixar com os homens, porque você chora por bobagem.
— Qual a finalidade disso tudo?
— Me diga, você faria m*l a qualquer uma daquelas meninas? Estive pensando em uma coisa, uma missão para você, já que você ajudava seu irmão a portar aquelas coisas e apagar o rastro imundo dele para não serem pegos, eu gostaria de saber se você me ajudaria a apagar o rastro de um cara tão influente como eu.
— Do que você está falando?
— Você viu quantas meninas estão aqui? — Perguntou virando de costas observando o ringue enquanto Filipe engolia em seco. — São muitas e às vezes não tem como dar conta, eu quero vender a maioria delas para o tráfico, mas preciso de alguém que apague os rastros dessa atividade, isso pode render milhões. — Cassius estica um discreto sorriso leviano enquanto Filipe às suas costas ficava sem reação.
— Vende elas para o tráfico?
— Sim, elas vão ser vendidas para casas de prostituição e também… a depender de sua saúde elas podem até me render uma boa grana, podemos ficar ricos com isso, o que acha.
— Está falando sério?
— Sim, alguém está interessado em uma delas, duas delas.
— Qual delas? — Perguntou sentindo receio com o peito apertado.
— Estão interessados na menina que mais te atormentou esses dias, Luna, e em consequência a sua irmã.
— Você prometeu ainda agora que as protegeria… — Sua voz falha e sua cabeça pesa e algumas lágrimas pingam sobre o colo, ele sabia que Cassius poderia apenas matá-lo ali sem que ele possa fazer nada.
— Eu posso mentir, eu uso tudo para o meu benefício.
— Ok… — O menino aperta os punhos ao encarar Cassius ainda de costas para ele. — Eu… desde que aprendi a conviver com elas… eu vi meninas tentando sobreviver, caírem de cansaço, acreditando em você e na sua proteção e aproveitando o máximo de tempo que têm ali por uma oportunidade de viver, por serem filhas de mafiosos exilados, elas estavam felizes porque não foram parar em um lugar r**m, mas elas estão erradas.
— Estão? — Perguntou Cassius com o olhar endurecido.
— Você pode me matar agora, eu nunca vou te ajudar a ferrar a vida de nenhuma daquelas meninas, muito menos tocar em Luna, ela é só uma criança obediente que você compra facilmente com doce e a transforma em seu cachorro, minhas pernas podem falhar e eu ser uma merda que não aguentaria nem um segundo de ringue com você, mas, mesmo assim, eu lutaria para protegê-la! — Vociferou, se levantando da cadeira, mesmo com suas juntas tremendo e doloridas.
Cassius sorriu satisfeito e em seguida se virou para encará-lo.
— Você está pronto, vamos embora! — Diz indiferente, empurrando o menino, fazendo-o se sentar na cadeira novamente.
Filipe ficou confuso, mas logo percebeu que Cassius estava o testando. Depois daquele momento, Cassius o tratou melhor e o levou até a enfermaria, deixando-o com Nate.
— Pelo menos aqui… alguma coisa está dando certo, mas ainda falta a minha bolinha. — Murmurou para si enquanto esperava na cabine, contando cada andar.
Ele seguiu para o departamento de esporte, ele nem precisou entrar para avistar sua irmã caçula, Lara, e Kaleb ainda aproveitando sua hora de almoço.
— Já disse para você não se importar tanto com sua aparência. — Kaleb a repreendeu.
— Ainda faltam dois anos para que possamos ficar juntos, até lá, eu quero emagrecer! — Diz ela determinada enquanto ele enfia comida em sua boca para a calar.
— Já disse, você não precisa emagrecer, é uma das Seagreme mais lindas que já vi, além disso não adianta querer emagrecer se vai fazer da forma que pode te matar.
— Eu sei… você cuida tão bem de mim! — Diz demonstrando felicidade.
— Olha só para esses dois… — Resmungou Cassius fazendo os dois se assustarem.
— Irmão? — Suspirou Lara, ficando séria e indo em direção a ele. — Ah… todos esses dias sem te ver, estava com tantas saudades desse maldito ogro fofo. — Murmurou, alterando a voz como a de um gatinho, enquanto aperta ele com força pelo quadril.
— Você parece estar comendo bem, cresceu tanto que está conseguindo me esmagar.
— Seu indelicado, eu deveria te esmagar até a morte, eu estou muito forte se não sabe.
— Estou vendo, você está comendo bem.
— Sim, Kaleb não tem me deixado vacilar e nem pular refeições, mesmo que eu fique gordinha.
— Do que está falando, você é a bolinha mais linda que eu conheço, queria te apertar um pouquinho, mas quero que você saia um pouco, quero conversar com alguém a sós. — Avisou, direcionando seu olhar endurecido a Kaleb, que recuou receoso.
Lara engoliu em seco, encarando Cassius.
— Não machuque ele, por favor…
— Que tipo de pessoa você acha que eu sou, quero conversar, foi isso que eu disse, certo?
Assim que Lara saiu, ele seguiu até o balcão.
— Não fique com medo, só quero dizer que o último alerta está de pé. Lara tem dezesseis anos, mas ainda é só dezesseis anos, se você tocou…
— Não fiz! Senhor Don, seria hipócrita se eu dissesse que não gosto dela, mas gosto muito dela, mas em respeito a ela, enfatizo novamente, a ela e não a você, quero esperar até que ela seja maior de idade e possamos assumir um relacionamento. Eu a respeito mesmo quando ela se aproxima demais. Por agora, eu só a trato bem como alguém que quero para a minha vida, você não precisa dizer mais nada. — Explicou determinado, mas por trás do balcão suas pernas tremiam que nem vara verde, esperando que Cassius o lançasse longe.
— Temos um acordo, então. — Diz indiferente, logo após se retirando dali.
Ele voltou à sala de reunião após receber uma mensagem.
Anônimo: [Ofelio estará no grande salão do Al-stone, parece que ele e Francis estarão em uma reunião]
O Don: [Devemos comparecer também, vou juntar minha equipe]
Cassius enviou uma mensagem a Ramis [Vamos ao Al-stone hoje à noite, parece que a velha águia estará por lá.]
— Recebeu a notícia? — Perguntou Kaleu, já de pé e impaciente.
— Vamos até lá fazer a segurança, certo? — Perguntou Braston assim que Cassius se sentou, demonstrando tranquilidade.
— Bom… parece que esta noite poderemos ter um bom motivo para matar Ofelio. — Comentou Cassius.
— Nós sabemos que ele e nosso pai já são inimigos há muito tempo, com certeza o plano dele é nos desestruturar ao capturar nosso pai. — Comentou Frederick.
— Exatamente, como já sabem, Ofelio não é muito a favor dos métodos de Orfeu, digamos que ele age como a gente, matar ou matar, e esta noite, se ele capturar um dos membros do conselho mundial da máfia, vai fazer uma bagunça na cidade. — Explicou Cassius de forma calculista.
— Esta será a a******a dele para derrubar as potências, isso não vai acontecer! — Rosnou Braston.
Francis e Ofelio eram antigos inimigos e naquele dia, Ofelio havia marcado uma reunião com apenas Francis para tratar sobre o assunto dos disquetes que Cassius havia entregue para salvar Ramis.
Francis não sabia qual era o acordo, mas pensou que poderia ser uma boa ideia ir até lá e saber se o acordo de Ofelio seria viável para a organização mafiosa se manter segura, já que a decodificação daquelas informações seria a destruição de sua família.