Capítulo 5 - Machucados.

991 Palavras
- Concordo. - Disse Caio encerrando o céu também.  - Você pode avisar eles? - Perguntei olhando para Bia e Mat, que apostavam corrida de skate.  - Aviso sim, não saia daqui. - Falou para mim já se levantando.  Eu queria ficar mas, ao mesmo tempo, ir embora, eu não sei ao certo explicar, era estranho ver o Caio me tratando daquela maneira, muitíssimo estranho.  Sem pensar duas vezes, peguei o meu skate e fui para casa sem esperar por ele, eu não sei o que poderia acontecer se eu o esperasse, o jeito que ele me olhou na pracinha... Ok... Talvez eu esteja ficando maluca, isso é psicológico.  Ao chegar em casa, escutei o meu estômago protestando, sorri de lado e fui direto para o quarto, eu estava toda suada e precisava de um longo banho.  Adentrei o chuveiro na maior inocência, até sentir uma ardência quase que insuportável.  - d***a! O meu machucado.  Meu joelho ficou imóvel, terminei de tomar banho rapidamente, mesmo sentindo aquela dor e me sentei na cama enrolada numa toalha.  Encarei o meu joelho e fiquei pensando em como eu desceria até o armarinho da sala para pegar o kit de primeiro socorros.  - Você é teimosa, em. - Escutei a voz do Caio.  Olhei para o lado e avistei o mesmo com a caixinha que eu estava pensando agora mesmo em pegar.  - Sabe que é f**o entrar sem bater na porta, né? - Falei ignorando totalmente a sua "bronca". - Acho que temos algo em comum. - Falou se sentando ao meu lado.  - Como assim? - Perguntei sem entender o que ele quis dizer.  - A teimosia. - Sorriu. Eu gargalhei e disse: - Obrigado pela caixinha, já pode se retirar. - Falei pegando a caixinha de suas mãos.  Caio deu risada e disse: - Acha que vai conseguir limpar isso sozinha? - Me encarou.  - Eu vou! - Falei com certeza.  - Eu duvido. - Me entregou a caixinha e eu senti o meu coração disparando rapidamente de novo.  Peguei um algodão e um remédio em forma de spray, quando espirrei o mesmo, senti arder mais ainda.  - Ai, ai... - Reclamei de dor fechando os olhos.  - Me dá isso daqui. - Falou pegando o remédio de minhas mãos e dando uma gargalhada.  Ele passou o algodão delicadamente em meus joelhos e eu permaneci de olhos fechados, pois aquilo ardia e muito.  - Pronto. - Falou depois de uns 5 minutos.  - Obrigada. - Falei um pouco sem jeito.  - Obrigada nada, 10 reais. - Falou brincando. - Demos gargalhada juntos e logo em seguida fiquei séria.  - Eu preciso me trocar. - Falei para que ele saísse do meu quarto.  Nessa, ele me olhou de cima a baixo e disse: - Tudo bem, te vejo na janta. - Sorriu.  Quando ele fechou a porta do quarto, fui mancando até o meu armário e peguei um pijama.  Suspirei ao lembrar de seus olhos nos meus.  Eu o odiava, certo?!  Já arrumada, fui até a cozinha andando igual uma tartaruga e fiz um prato de comida, não havia nenhum sinal do Caio na sala e nem na cozinha.  Me sentei no sofá e coloquei o meu filme favorito, um amor para recordar.  O filme já estava praticamente na metade e eu, chorava feito uma criança, eu odiava chorar, mas aquele filme mexia com o meu emocional profundamente.  Eu já havia comido e estava agarrada numa almofada com as pernas na posição de "índio", meu rosto queimava, provavelmente eu estava vermelha igual um tomate.  Escutei, repentinamente, uma risada.  Olhei para a escada e lá estava o Caio, sem camisa e me encarando dando risada.  — Qual é a graça? — Perguntei sem entender nada, já que ele não estava com o celular na mão ou algo do tipo.  — Eu deveria tirar uma foto de você agora. Levantei uma sobrancelha ainda tentando o entender.  — Você está chorando por causa de um filme, fala sério, que bobagem, Jennifer. — Continuou falando.  — Isso significa que tenho sentimentos. — Rebati. — Está querendo dizer o quê? — se sentou de frente para mim no sofá.  — Entenda como quiser. — Limpei uma lágrima solitária que escorria pelo meu rosto.  — Eu tenho sentimentos, Jenni. — Falou intrigado.  — Se tivesse, não faria o que fez. — Falei colocando para fora aquilo que tanto me sufocava.  — Vai ficar jogando na minha cara agora? — Falou se demonstrando um pouco irritado.  — Que foi? Se irritou é? Não aguenta a verdade? — Sorri ao ver ele fechar a cara.  — Agora eu entendo o porquê de ninguém querer amizade com você, não tem como te levar a sério, e quer saber? Eu não me arrependo do que fiz, sua Nerd f**a.  Aquilo foi literalmente o fim...  Eu escutei da própria boca dele que ele não se arrependia de nada, então o que foi aquilo mais cedo? E na pracinha? E agora pouco naquele quarto?  Eu realmente acreditei que, talvez, ele tivesse mudado, mas erroneamente caí nessa enrascada de acreditar nisso.  Me levantei do sofá sentindo um nó se formando em minha garganta, eu já estava cansada de tanta humilhação, ninguém me respeitava.  Respirei fundo e fui para o meu quarto em pequenos passos.  Me deitei na cama e olhei para o teto. Não é pelo outros, mas sim por mim, chegou a hora de mudar, de me sentir bem comigo mesma, de parar de ser humilhada pelas pessoas ao meu redor.  Peguei o meu celular e encarei a tela do mesmo.  Ligação: — Bia? — Falei escondendo a minha voz de triste.  — Oi, amiga, está tudo bem?  — Está sim, só quero uma ajuda sua, pode faltar amanhã? — Perguntei torcendo para que ela concordasse.  — Faltar? Mais as aulas m*l voltaram, Jenni, aconteceu algo?  — Aconteceu sim, está na hora de mudar! — Falei cheia de certeza.  — O quê?! — Falou espantada. — Você tem certeza que está tudo bem, Jennifer?  — Para de graça, Bia, é sério, cansei de ser o saco de pancada dos outros, quero mudar o meu estilo, meu cabelo, comprar outras lentes de contato pra nunca mais usar esse óculos. — Falei um pouco irritada.  — Meu, nem estou acreditando. — Falou contente. — Nesse caso, eu falto amanhã com o maior prazer do mundo, esteja pronta às 9:00, amiga, o nosso dia será longo.  — Mau posso esperar. — Sorri de lado. 
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