Encarei a governanta saindo do quarto que minha irmã vai ficar.
Ela parou no meio do corredor, me encarou confusa.
— Não sabia que tinha uma irmã.
— Está sabendo agora. — sorri "amável"
— Senhora, ela não trouxe roupas.
— Vou me encarregar disso, pode se retirar.
Passei por ela, fechei a porta para ter um pouco de privacidade com Verônica.
Ela olhava o quarto, sem vida, mas agora ela está aqui para preencher esse lugar.
— Ele ameaçou me tocar... — sussurrou baixinho. — Alana.
— Julian não vai fazer essa loucura, ele teria que me matar para encostar em você. — deixei claro indo para perto dela. — Isso é uma ameaça para ele conseguir ter sua esposa em controle, fica calma.
Ela me encarou confusa.
— Você não é igual antes. O que ele fez com você?
— Comi o pão que o d***o amassou, Verônica. Quase morri nas mãos dele, conto melhor depois, quero saber da minha irmã e sua vida com o seu falecido marido.
Sentei ao lado dela na cama.
Uma lágrima grossa rolou pelo seu rosto.
— Ele era bom, tínhamos uma vida simples, sem muitas coisas e ele morreu para defender essa máfia maldita que destrói tantas famílias e pessoas. — disse aos prantos.
— Você teve sorte em conhecer esse homem, mas Verônica preciso de você, bem e ao meu lado.
— Não sei se consigo sobreviver ao submundo, Alana. Ele morreu nos meus braços no hospital, perdi minha oportunidade de ser feliz e agora vejo o que Julian fez com você. — lamentou chorosa.
— Estou bem, sério. — peguei em sua mão. — Se você ficar comigo, tudo vai dar certo para nós duas, confia em mim. Vem, quero que você pegue algumas roupas minhas, depois compro para você.
Puxei ela pela mão.
— Vamos sair? — perguntou confusa.
— Sim, uma boate maravilhosa em Nova York. É comandada pelo Don da Cosa Nostra, vou ser apresentada para ele e outras pessoas, e a minha irmã vai estar deslumbrante para chamar atenção.
Ela abriu um sorriso pequeno.
— Faz muito tempo que não vou para uma boate ou fico deslumbrante com roupa cara.
— Isso é passado, viva o agora.
Peguei bastante roupa e fiz Verônica experimentar, ela ficou encantada por algumas roupas, fiz ela escolher o que chamasse sua atenção.
Mostrei o quarto para ela, a mesma ficou em pé olhando tudo, fui até o closet e mostrei minhas outras roupas.
— Você adora decote agora, estou surpresa. — negou rindo.
— Eu gosto muito.
Abri uma gaveta onde ela viu um baú vermelho, abri mostrando minhas jóias.
— Alana, são suas?
— Ele acha que me compra, gosto de jóias, mas vendo essas que não tem importância nenhuma. — garanti rindo. — Quero que use esse colar de diamante, vai ficar lindo.
Entreguei para ela.
— Ele não vai ficar irritado?
— Não, e não tem explicação para ele se meter nisso, estou te dando algo que é meu, não dele. Qualquer coisa, tenho algo que funciona contra ele, sexo.
— Você usa o sexo...
— Sexo me salvou de tantas situações no passado, ele é homem e o ponto fraco é o prazer. — expliquei. — Gosto de sexo, a máfia me ensinou a gostar e usar.
— Alana, pode contar comigo para qualquer situação. — afirmou sorrindo. — Você não está sozinha, e Julian não vai se meter nisso.
— Ele tem coisas melhores para fazer, pensa apenas nele. Fica tranquila, toma um banho, leva suas novas roupas, e te vejo depois.
Ela saiu carregando uma montanha de roupas.
Julian quer me controlar deixando ela aqui, mas m*l sabe ele que minha irmã é a aliada que eu precisava.
Encarei o espelho enquanto coloco minha arma dentro da minha bolsa, junto com batom, nunca saio sem ela para usar em uma situação surpresa.
Meu vestido é esmeralda, veludo, a lateral bordada.
Estou pronta para essa noite.
O espelho ficou pequeno para a presença obscura de Julian, ele se aproximou de mim olhando o vestido de cima a baixo.
— Não gostou?
Ele riu.
— Você fica bem em tudo, para sua sorte é gostosa, todos os homens querem minha esposa, mas nenhum vai ter, apenas eu. — puxou meu cabelo colando nossos corpos.
Meu pescoço ficou na altura do peitoral dele.
— Eles sabem disso. Sou casada com o subchefe. — sorri divertida.
É preciso jogar o mesmo jogo que ele joga comigo.
— É melhor tudo sair como eu quero, e não deixe sua irmã falar com as pessoas, ela não tem a mesma atenção que você tem. — exigiu sério. — Um passo em falso e vocês duas estarão com grandes problemas.
Assenti.
Virei para encarar seus olhos.
— Nada sairá do controle, prometo para você. — beijei sua boca ouvindo seu grunhido de satisfação quando minha língua entrou na sua boca.
Verônica esperava por nós, usando um vestido azul marinho longo, e o colar de diamante.
Os cabelos escuros soltos.
Ela está maravilhosa.
— Estou pronta. — disse olhando para mim.
— Agora sua aparência está do meu agrado, cunhada. Vamos, não tenho a noite toda para conversas insignificantes, não fale nada, apenas o necessário e não saia de perto da Alana, sabe o que acontecerá se não fizer isso. — ameaçou novamente.
— Claro, Julian.
Ela ficou ao meu lado, o carro estava esperando por nós. Verônica encontrou um homem bom, diferente de mim, mas agora ela precisa estar com os olhos bem abertos.
A máfia é traiçoeira e não consigo abrir os olhos dela e jogar com Julian ao mesmo tempo.
O trajeto foi um silêncio mortal, senti o medo da minha irmã ao olhar para Julian, mesmo do banco de trás, ela não consegue disfarçar o medo enorme que tem dele.
Segurei sua mão disfarçadamente, tentando passar confiança, ela se acalmou mais.
Quando chegamos, fiquei ao lado do meu marido, minha irmã ficou atrás de nós dois. A boate é maravilhosa, realmente há um bom gosto, e o espaço é ótimo para diversão. Ao mesmo tempo tem as garotas que conseguem arrancar dinheiro dos clientes.
Uma em especial olhava para Julian, ela nem se tocou que eu a encarava fixamente.
— Vou ao escritório, fiquem aqui e Alana, sabe o que fazer. — ele me avisou antes de sair.
Verônica suspirou profundamente.
— Estou bem melhor. Podemos beber?
— Claro, vamos pegar bebidas, estou precisando. — peguei em sua mão.
Pedi dois drinks, bebi o meu lentamente quando meu olhar encontrou a oferecida junto com outras prostitutas, e com certeza falando de Julian.
Fui até ela para ouvir melhor.
— Sim, o subchefe está aqui! Ele é um gostoso, deve escolher uma de nós ou melhor, eu. — afirmou confiante.
Sorri divertida.
— Lamento, mas ele tem mulher, não é um cliente como os outros.
Ela me encarou arregalando os olhos.
Um pouco menor do que eu, cabelos cacheados, morena, olhos verdes.
— Estava brincando, você quem chegou ouvindo o que não devia. — respondeu sorrindo provocativa.
Tirei minha arma da bolsa, ela gritou quando peguei em seus cabelos, e encostei a arma na testa dela.
— Não! Você não sabe quem sou eu, sou a preferida do Don, melhor não se meter... — rosnou irritada.
— Mentirosa, onde ele está que não veio te defender? — debochei rindo.
Bati o cano na cabeça dela e a soltei.
Ela saiu desesperada.
— Alana! — Verônica repreendeu se aproximando de mim.
A encarei rindo.
— Não atirei, apenas dei um susto nessa p**a. Verônica, não iria ficar ouvindo ela falar de Julian, e ainda me provocar, dizendo que o Don a elegeu como favorita. — revirei os olhos. — Ela não sabe com quem está se metendo.
Verônica iria falar, mas ficou pálida.
— Ela disse que é mulher dele, arrancou uma arma da bolsa! — a voz da p**a surgiu atrás de mim.
Virei lentamente pronta para quebrar ela se necessário.
Mas encontrei um homem olhando para mim, analisando minha roupa, o rosto... tudo em mim.
Seus olhos são escuros.
Os cabelos também, mas seu olhar é penetrante, quente.
O terno não disfarça seu corpo musculoso.
— Quem é você? — sua voz rouca causou impacto em todo o meu corpo.
Iria responder quando Julian entrou no meio.
— Alana, é minha mulher. Esposa, apresento o Don, meu irmão, Javier Lucchese.
Olhei para a garota que deu um passo para trás.
— Ela iria me matar!
— Saia daqui. — Javier rosnou e a mesma saiu rapidamente de perto de nós.
— Mostrei minha arma, mas ela estava olhando para o meu marido. Avisei para ela que Julian é casado. — confessei olhando para ele e o Don.
— Para ter essa autoridade na minha boate, deve ganhar minha confiança, Alana. — Javier avisou.
— Claro, afinal é uma regra. — compreendi.
— Minha mulher é intensa, estava mostrando o seu lado ciumento. — Julian disse com uma mão em minha cintura. — Você precisa se controlar, amor. Javier, ela está conhecendo a família pela primeira vez.
O olhar de Javier é algo que eu posso me acostumar.
— Adoro que tenhamos uma mulher intensa na família, mas antes de qualquer coisa, fale comigo.
Um convite ou uma ordem?
Assenti.
Abrindo um leve sorriso.
Em uma mesa tendo visão das prostitutas dançando no palco, os homens da Cosa Nostra estão reunidos.
Sentei em outra mesa.
Verônica junto comigo, na companhia de algumas mulheres casadas com os homens da família.
Faço parte disso, oficialmente agora.
— Vocês são irmãs? — uma mulher ruiva perguntou.
— Sim, trouxe ela para conhecer melhor a boate, o marido dela morreu recentemente.
— Sinto muito, ele era algum soldado? Não sabia de nenhuma morte. — perguntou curiosa. — Meu marido sempre comenta comigo.
— Era um soldado. Morreu defendendo nossa família, mas ela não está sozinha. — sorri olhando para Verônica.
— Você é muito bonita, Alana. Julian não mostrava você antes por cuidado para ninguém olhar muito. — riu divertida.
Gargalhei.
— Obrigada pelo elogio. Cheguei ontem aqui em Nova York, estava ansiosa para conhecer melhor nossa família, estou aqui para servir ao meu marido e a máfia. — deixei claro.
— Com certeza. É nossa obrigação, não concorda? — perguntou para minha irmã.
— Claro que sim, afinal somos mulheres, quem mais gosta de união do que nós? — Verônica disse com um pequeno sorriso.
Ela está se saindo bem, ótimo para Julian calar a boca e não ter argumentos para dizer o contrário.
Observei a mesa ao lado, ele foi criado pelo pai de Javier, deveriam ter uma relação de irmãos, mas consigo ver que nenhum dos dois sente um carinho de irmãos.
Interessante.
Uma morena de cabelos lisos se aproximou de Javier, dizendo algo em seu ouvido, enquanto tocava em seu peitoral.
Observei a ousadia dela, com certeza deve t*****r com ele para ter essa i********e.
— Fique de olho. Depois falo com você. — ele disse e ela assentiu.
Saindo e ganhando os olhares dos homens, e até do canalha do Julian que observou a b***a no vestido colado ao corpo.
— É uma bela morena. — um deles elogiou. — Parece melhor que nossas esposas.
Eles riram.
Javier encarou um por um.
— Não gosto de loiras, tenho uma preferência por morenas. — disse com a voz rouca. — Apesar que isso não seja o assunto.
Senti uma provocação direta para mim com essa resposta.
Eu sou loira!
— Está vermelha. — a mulher ruiva ao meu lado reparou.
— Verônica, quero whisky. — pedi e minha irmã saiu para buscar. — Garganta seca, mas continuando, quantos anos de casada tem com seu marido?
— Quatro. Casei um pouco mais velha, desculpa nem falei meu nome, Ariel. — explicou sorrindo.
— Prazer, Ariel. Tudo bem, esqueci de perguntar, um erro que não irei cometer mais.
— É ótimo e bom que todas nós tenhamos uma união, somos mulheres da grande família da Cosa Nostra, temos que ter essa união e estar uma ao lado da outra. — comentou ganhando atenção de todas.
— Concordo totalmente com você, espero que eu esteja sendo transparente com todas. — abri o meu melhor sorriso. — O mais importante é a nossa família e o meu marido, claro.
Elas riram.
Coitadas.
Quase todas tem chifres pelas traições desses canalhas, amor é uma piada que muitas mulheres maravilhosas caem e não querer ver o que está diante dos olhos dela.
E o pior é romantizar os homens como príncipes encantados.
— Você é uma das nossas, adorei seu jeito, Alana. — Ariel afirmou sorrindo.
Percebi que ela tem um respeito pelas outras mulheres, ótimo que ela já esteja gostando de mim.
O marido dela deve ser o conselheiro do Javier.
Minha irmã roubou minha atenção ao trazer o whisky.
Bebi um gole lentamente, apreciando a bebida aos poucos.
A mão do meu marido tocou meu ombro, as mulheres sorriram para ele.
— Ariel, espero que Alana e você sejam boas amigas.
— Claro, assim como o conselheiro e o subchefe são unidos, suas mulheres também são. — Ariel respondeu com um grande sorriso.
— Preciso falar com ela, depois devolvo minha esposa para vocês.
Levantei sorrindo.
Saindo acompanhada por ele.