Lucifer e Baal estavam voltando das terras de Caim depois de uma jornada sangrenta. O sol estava se pondo quando eles chegaram ao acampamento, cansados da batalha, mas satisfeitos com a limpeza que haviam feito. As cabeças empaladas dos rebeldes pendiam das árvores, um aviso claro para qualquer um que ousasse desafiá-los. Cada um deles carregava no rosto a frieza de quem não hesitava em derramar sangue para manter a ordem. Era um mundo brutal, onde a sobrevivência não se dava pela bondade, mas pela força.
Após desmontarem os cavalos e se acomodarem, Lucifer e Baal decidiram montar um acampamento para descansar durante a noite, antes de continuar sua jornada no dia seguinte. As fogueiras estavam acesas, e o calor das chamas iluminava os rostos dos guerreiros que ainda estavam por ali, fazendo com que a noite fosse mais suportável.
Enquanto isso, Dinah, vestida com roupas masculinas, caminhava pelas ruas escuras, faminta e com o estômago roncando. O vento frio cortava sua pele, mas a necessidade era mais forte que o desconforto. Ela não tinha dinheiro e m*l conseguia encontrar comida. Quando via uma oportunidade, roubava de viajantes distraídos, pegando moedas ou alguma comida para saciar a fome momentânea. A vida na cidade era implacável, e ela sabia que não poderia mais viver como uma simples mulher vulnerável. Ela precisava se transformar, e se disfarçar era a única maneira de sobreviver.
Após dias vagando sem rumo, ela se deparou com um acampamento. Os homens ali pareciam estar descansando, e Dinah percebeu que seria uma boa oportunidade para conseguir algum alimento e dinheiro. Ela ficou nas sombras das árvores, esperando o momento certo para agir. O acampamento estava tranquilo, com a maioria das pessoas dormindo, e até os guardas pareciam ter relaxado, um erro que Dinah sabia aproveitar.
Quando o silêncio da noite tomou conta do acampamento, ela se moveu sorrateiramente. Com passos leves, ela se aproximou do caldeirão de comida. O cheiro era irresistível. Ela não hesitou em pegar uma porção e devorá-la rapidamente, satisfeita com o que encontrou. No entanto, a fome era apenas parte do que a movia. O ouro e as moedas ainda estavam ali, à vista, e ela sabia que poderia pegar um pouco para si.
Enquanto caminhava pelas tendas, suas mãos ágeis e experientes começaram a roubar pequenos objetos, moedas e outros itens dos homens que estavam ali. Ela sabia que devia ser rápida, mas algo dentro dela a impulsionava a continuar. Talvez fosse o desejo de ter mais, de garantir a sobrevivência por mais alguns dias. A adrenalina corria em suas veias, e o som da sua respiração era o único companheiro naquelas horas.
Com algumas moedas já em sua bolsa, ela pensou em partir, mas uma última tentação a fez hesitar. Olhando para a maior tenda do acampamento, ela viu o homem mais imponente de todos. Seu porte era de líder, e a cama onde ele dormia era um luxo que contrastava com as condições do resto do acampamento. Ele parecia estar em um sono profundo, e a bolsa de moedas pendia ao seu cinto, um prêmio tentador demais para resistir.
Dinah, com uma coragem renovada, se aproximou silenciosamente. Seus dedos tocavam os bens com precisão, sentindo o peso da bolsa cheia de moedas. A tentação era forte, e ela sabia que aquilo garantiria sua sobrevivência por mais tempo. Ela estava prestes a completar sua missão quando, de repente, um movimento brusco a pegou de surpresa.
Antes que ela pudesse reagir, foi levantada pelo calcanhar e puxada para trás. O coração de Dinah disparou, e ela virou a cabeça rapidamente, sentindo uma pressão crescente em seu pescoço. O homem a olhava com raiva. Seus olhos eram frios e penetrantes, cheios de desprezo e raiva. Ele a segurava com uma força que a fazia se sentir como um animal preso.
— Hora da verdade — ele disse, a voz baixa e ameaçadora, enquanto a levantava do chão. — E não é que eu achei um rato!
Lucifer, com os olhos cheios de raiva, observava a mulher que ousara invadir seu espaço. Seu coração batia forte, não pela surpresa, mas pela frustração. Ele não tolerava ser desafiado, muito menos ser roubado na calada da noite. O ódio transbordava de seu olhar, e o poder que irradiava de seu corpo fazia o ar ao redor parecer mais pesado. Ele sentia o cheiro do medo emanando de Dinah, mas também sentia algo mais. Ela estava ali, não como uma vítima, mas como alguém disposto a lutar até o fim.
O silêncio pesado que se seguiu entre eles foi quebrado apenas pela respiração apressada de Dinah, que tentava se soltar, mas não conseguia. A força de Lucifer era esmagadora, e ela sabia que sua vida dependia da maneira como lidaria com aquele momento.
— Solte-me! — ela gritou, mas sua voz tremia, refletindo a tensão e o medo em seu peito. Ela não sabia o que esperar, mas algo lhe dizia que não seria apenas um castigo comum.
Lucifer observou a jovem com um olhar frio. Ele a estudava, tentando entender quem ela era, o que a motivava a desafiar um homem como ele. Não era qualquer um que se atrevia a entrar em seu acampamento, e, de alguma forma, ele se sentia desconcertado com a audácia daquela garota que, até então, não passava de uma sombra.