A chuva fina cobria o telhado de zinco como um véu de lamento quando Jonas finalmente cruzou a porta de casa. O cheiro de mofo e abandono invadiu suas narinas antes mesmo de ele acender o lampião. A luz trêmula revelou o que ele já pressentira: as cadeiras tombadas, o armário escancarado, os trapos que um dia foram cortinas arrancados. Nenhum vestígio de Miriam. Nenhum sinal de Dinah. Apenas o silêncio, pesado como uma lápide. — Cadê você, sua maldita? — rosnou, chutando um balde enferrujado. O barulho ecoou pela casa vazia, mas nenhuma voz respondeu. Nem mesmo o gemido de Miriam, que costumava vir do quarto nos dias em que a febre a consumia. Ele saíra há um mês, prometendo voltar com dinheiro para remédios. Mentira. Fora atrás de uma dívida de jogo, daquelas que deixam marcas em carne

