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856 Palavras
Judith Judith — E então? — questiono quando ele permanece em silêncio por alguns minutos. — A verdade, é que eu não sei por onde começar, Senhorita Evans. — Curiosa, arqueio as sobrancelhas. — Pelo começo seria uma boa opção, não acha, sua graça? — O fato de eu rebater com o um tom formal demais e da maneira correta o faz encarar o meu olhar. Contudo, Thomas desvia seus olhos dos meus outra vez, para fitar o horizonte em seguida. E ele solta um suspiro alto pela boca. Me pergunto se algo o está incomodando? — Ok, você está certa. — Ele solta mais uma respiração e continua. — Da última que conversamos percebi que você não gosta de falar sobre o seu passado. Ah, sério? Ralho mentalmente. — E? — Também não gosto de falar sobre o meu passado, Senhorita Evans. Mas às vezes para fazer as pessoas nos compreenderem é preciso tocar na ferida, mesmo que a ardência nos faça retrair um pouco. Suspiro. — Sua graça, eu não estou entendendo onde o Senhor quer chegar com essa conversa. — Deixei-me falar, Senhorita Evans. — Ele pede calmamente, fazendo um gesto de mão. — Devo dizer que desde a partida de minha esposa eu não senti o desejo de me relacionar com as pessoas ao meu redor. Em especial com outras mulheres — declara. — Mas desde a nossa última dança eu não consigo tirá-la da minha cabeça. E… eu andei tendo algumas ideias. Ideias? De onde veio isso agora? — Sua graça, eu não… — Pelo amor de Deus, Judith não me interrompa, ou eu não terei coragem de seguir em frente com essa loucura! — O home grunhe exasperado, puxando mais uma respiração, dessa vez um tanto pesada e encara-me duramente. Loucura? Que loucura? — Judith, eu sou um homem de um único amor — declara, me deixando confusa. — Ou eu era. — Thomas parece aturdido. — Eu já nem sei mais o que pensar realmente. O que eu quero dizer é que… eu sou o tipo de homem que se entrega ao amor de corpo e alma, entende? Amor? Ele não pode estar falando sério, não é? Gostaria de responder-lhe que não entendo, mas ele não para de falar. — E foi por esse motivo que eu me afoguei pela primeira vez. Oh! — Confesso que não estou preparado para um novo amor preenchendo o meu coração machucado, Senhorita Evans. E temo que nunca esteja apto a amar outra vez. Mas infelizmente o meu título exige um novo casamento e eu… gostaria de fazer-lhe uma proposta. — Thomas para a caminhada e olha dentro dos meus olhos. Paro de andar e de respirar também. — Uma… proposta? Que tipo de proposta? — inquiro receosa. — Você perdeu os seus pais muito cedo e viveu a sua vida toda trancafiada dentro de um orfanato… — Me desculpe, mas como sabe disso? — inquiro perplexa. — Isso não é relevante, Judith Evans. — Thomas rebate um tanto seco. — E continuando, após sair do orfanato você se dedicou a trabalhar para uma editora de renome no Brasil, porém, evitou todo e qualquer tipo de relacionamento. E ao que parece, você não tem interesse por sentimentos e essas coisas do coração, certo? Balbucio sem saber o que dizer. — E por que acha isso, sua graça? — retruco com certo desdém, mantendo a minha pose de garota determinada. Mas a verdade, é que saber que a minha vida é tão resumida me deixou frustrada. Inesperadamente sua graça ergue a sua mão e o seu polegar desliza suave pela minha bochecha. Contudo, o Duque parece perceber onde estamos e os olhares curiosos que com certeza devem estar em cima de nós dois agora. Então ele recolhe a sua mão imediatamente, porém, seus olhos indecifráveis permanecem nos meus. — Porque eu consigo ver isso nos seus olhos, Judith — sibila, dessa vez baixo demais. No entanto, Thomas limpa a sua garganta e parece se recompor. — Eu consigo ver em suas retinas a força com que abraça essa sua solidão convicta, Senhorita Evans. E eu sei que podemos fazer isso acontecer. Se você aceitar, claro. Uno as sobrancelhas. — Me desculpe, mas fazer o que acontecer? — questiono um tanto confusa. — Um casamento, Senhorita Evans. Meu coração erra uma batida. — Um… casamento? — questiono sem acreditar nesse pedido tão s*******o. — Na verdade, um casamento por contrato. — Uno as sobrancelhas. — Um casamento sem qualquer sentimento envolvido. Eu ponho um anel no seu dedo, lhe ofereço o meu título e com isso calamos as vozes daqueles que nos empurram para um compromisso que não queremos ter. Assim poderei conviver com o meu amor perdido e ferido. E você terá a paz de que sempre quis ter. O que me diz, Senhorita Evans? — Oh! — Resfolego. — É… eu não o que dizer. — Apenas pense na minha proposta, Judith. E quando estiver preparada poderemos conversar sobre como isso vai funcionar. Apenas solto o ar pela boca quando ele me faz uma sútil reverência para se afastar logo em seguida.
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