CHARLES NARRANDO O sol tava forte, queimando minha pele enquanto eu rondava o morro. Andava devagar, sem pressa, disfarçando. O boné na cabeça, o telefone na mão, fingindo que tava ocupado, que era só mais um qualquer andando por ali. Mas eu não era. Eu sabia muito bem quem eu era e sabia muito bem onde tava pisando. E também sabia que, se o Caio me visse por aqui, o mínimo que ia acontecer era ele enfiar uma arma na minha cara de novo. Mas eu tava disposto a correr esse risco. Porque eu precisava ver a Marta. Ela podia não querer me ver, podia até me expulsar, mas eu tinha que tentar. Respirei fundo e continuei andando. O morro tava agitado, como sempre. Muita gente passando, moto subindo e descendo, música tocando de algum barraco. Foi quando eu vi o carro do Caio descendo.

