ANGELO
Quando Alessandro me conta o que aconteceu, sinto meu sangue ferver e
preciso de cada grama de contenção que me resta para me impedir de ir até Winter e arrastá-la ao meu lado. Ela estava ferida, foi porque eu dei a ela liberdade sem proteção e permiti que alguém se aproximasse dela.
Alessandro está observando minha reação e sei que ele está se perguntando o que acontecerá a seguir. É uma loucura que compartilhamos. Uma fome de violência, de retribuição e de distribuir nossa própria forma de justiça pessoal.
Eu mantenho meus pensamentos trancados em meu mundo louco a maior parte do tempo, mas quando se trata da minha irmã gêmea, isso libera o monstro dentro de mim, eu sei que ele está interessado em ver esse meu lado.
Quase não consigo respirar. Ele me envolve como um gás venenoso, penetrando em minha corrente sanguínea e corrompendo minha alma. A Winter foi ferida. Apenas um golpe é o suficiente para me deixar selvagem, embora eu saiba que minha irmã pode cuidar de si mesma, ela não deveria. Eden passou dos limites e não vai ser bonito para ela, então digo em voz baixa. — Traga Winter para casa depois da aula. Precisamos fazer a lei.
Quase acho que Alessandro se alimenta da minha raiva porque seus olhos brilham com uma excitação incomum. Não nos emocionamos. Nada nos desafia aqui, estamos aguardando nosso tempo até podermos liberar nossa raiva em um mundo desavisado.
Mesmo a professora de inglês não pode me distrair hoje e o fato de eu
ignorá-la durante toda a aula a irrita um pouco e quando a campainha toca ela diz bruscamente. — Angelo, uma palavra.
O fato de eu ficar de pé e passar por sua mesa é um grande 'vá se f***r' e quando chego ao corredor, meus amigos caminham atrás e ao meu lado. Sim, estamos cerrando fileiras e eles não precisavam ser informados. É um sexto sentido que temos e agora o clima mudou porque Winter foi ferida.
Alessandro se afasta e segue na direção oposta para trazer minha irmã até mim. Eu sei que não devo ir sozinho porque ela não viria se eu não a carregasse chutando e gritando. Ela não poderá recusar Alessandro porque aquele cara nunca aceita um não como resposta e sua força bruta será tudo o que precisa para carregála pelo campus contra sua vontade. Eu sei que Winter pode lutar, inferno, eu mesmo ensinei a ela, mas apenas Ivan pode se igualar a Alessandro em força, o que nos diverte quando os vemos praticar um contra o outro no ringue de boxe que montamos em um dos muitos quartos vazios de nossa casa.
Demos o nome à nossa casa, The Edge of the Abyss,2 certamente é assim que nos sentimos. Uma cela pronta para liberar os demônios do Inferno no mundo. Prontos para matar, mutilar e corromper sob o comando de nossos pais.
Cada um de nós já tem seu futuro mapeado, no entanto, temos um futuro diferente em mente. Laços e lealdades são formados na escola, duvido que algum de nossos pais tenha previsto isso. Todos nós podemos vir de diferentes famílias do mundo exterior, mas agora pertencemos a uma família mais forte e unida, quando deixarmos os portões da Rockwell Academy, faremos isso como uma unidade sólida que será unida por mais do que apenas quem nos criou.
— Qual é o seu plano?
Malik acompanha o passo ao meu lado e eu digo sombriamente. — Precisamos enviar uma mensagem e mostrar às pessoas que não se metam com minha irmã. Eu deveria saber que isso aconteceria e se estou com raiva de alguém, sou eu mesmo.
— Você acha que ela vai ficar feliz com isso?
— Não. — Ele ri baixinho ao meu lado, eu sorrio, o sorriso distorcido de uma mente fodida e digo sombriamente. — Limpe o último andar e torne-o adequado para uma princesa. Já é hora de Winter entrar na linha.
— Ela está se mudando. — Ele parece surpreso, mas não deveria. Sempre ia acontecer porque não posso operar sabendo que ela está tão perto, mas fora da minha vista. Durante todo o tempo em que ela esteve em Glendale, pude respirar. Ninguém nos conhecia lá. Ela tinha anonimato e estava trancada em uma escola para meninas, segura por enquanto. Então meu pai bastardo estragou tudo e a mandou para cá, o lugar onde os rancores são profundos e os sonhos de vingança das pessoas são realizados. Eu tenho muitos inimigos aqui, diabos todos nós temos e isso porque tratamos essas pessoas como cachorros. Eles nos odeiam, mas desejam a loucura que nos cerca, Winter agora está envolvida nisso.
Apenas imaginá-la envolvida em uma briga faz meu sangue ferver. Ela poderia ter se machucado, gravemente ferida, ela continua sendo meu único foco. O fato de Eden ter bagunçado o rosto de Claudia não é da minha conta. Uma noite de prazer lhe rendeu um semestre de problemas, eu não dou a mínima para isso. Ela gostou bastante quando envolveu suas pernas dispostas em volta de mim e me puxou para dentro. Ela adorou os orgasmos consecutivos que lhe dei e a noite de puro prazer. Ela não estava reclamando quando acordou em meus braços e eu fiz tudo de novo, mesmo quando eu trouxe panquecas e a alimentei, ela não se arrependeu de nada.
Para seu crédito, ela saiu de cabeça erguida, sem nenhuma das inseguranças que muitas têm na fria luz do dia. Ela até me agradeceu e por um momento quase pensei em convidá-la para voltar naquela noite, mas nossa regra existe por um motivo. Sem anexos e sem bagagem, só que agora tenho um grande problema, que é manter Winter segura.
Chegamos em casa e enquanto entramos, jogo minha bolsa no sofá, vou direto para a cozinha e tomo uma cerveja gelada. Jogando uma para cada um dos meus amigos, sentamos na ilha e Malik suspira pesadamente. — Precisamos limpar este lugar. É nojento, a faxineira só chega daqui a dois dias.
— f**a-se isso. — Ivan rosna — Traga alguém para dentro, não sou empregada doméstica.
Por um momento, rimos porque o pensamento da enorme b***a tatuada empunhando um esfregão é divertido e Flynn sorri. — Não sei. Eu me imagino com um espanador.
— Maldito b****a.
Ivan atira-lhe um sorriso provocador e Flynn encolhe os ombros. — Então, novamente, eu poderia arrancar a cabeça dele e enfiar a vara na sua b***a. Você gostaria disso, garotão? Ouvi dizer que você gosta de um pouco de perversão.
— f**a-se, Flynn, você está procurando conhecer seu criador ou algo assim? — Eu balanço minha cabeça quando Ivan rosna e Flynn apenas mostra o dedo do meio para ele e um sorriso.
Malik, sempre prático, diz com interesse. — Como vai funcionar e o que
acontece quando festejarmos?
— É por isso que ela tem o último andar. Ela pode ficar lá em cima e
ficar fora disso. Há uma chave para a porta ao pé da escada. Nós a trancamos.
— Cara, ela vai ficar chateada com você. — Flynn balança a cabeça e eu dou de ombros.
— Não dou a mínima. Winter sabe como essas coisas funcionam. Ela provavelmente vai preferir, sabendo que nenhum filho da p**a com t***o vai invadir seu espaço privado, o que me lembra.
Eu lanço a todos um olhar sombrio por sua vez. — Fiquem longe da
minha irmã. Ela está fora dos limites.
Malik rosna. — Isso nem é preciso dizer. Você esquece que sabemos
como isso funciona.
— Apenas checando. — Pego outra cerveja e Ivan se levanta. — Eu
tenho uma luta esta noite, você precisa que eu fique?
— Não, vá brincar.
Ele concorda. — Eu preciso disso, p***a. Toda essa merda de escola está começando a mexer com a minha cabeça.
Enquanto ele caminha, eu o vejo sair e sinto uma sensação de pena pelo meu amigo zangado. De todos nós, ele é o que tem mais dificuldades com a educação. Ele batalha academicamente, mas tem a mente mais capaz que conheço. Criado na Rússia, ele foi enviado para cá para morar com a Bratva, após seu pai ser executado juntamente com sua mãe. Ivan foi levado como pagamento pelas dívidas de sua família e moldado em uma máquina de assassinar. Ele picou seu primeiro cadáver com nove anos, assassinou sua primeira vítima com sete anos. Ele foi treinado como um assassino do tipo mais mutável e apenas o boxe mantém sua cabeça no lugar. Ele é o qual mais me preocupa porque sem nós para segurá-lo e mantê-lo, ele é instável e provavelmente explodirá.
Nós controlamos Ivan até certo ponto, mas se ele não encontrar uma
saída para sua raiva, não tenho certeza se podemos impedi-lo de levar a Rockwell Academy até a lua.