Destino: lua de mel em cancún
A festa tinha acabado bem tarde por sinal, todos tinham se divertido muito e desde a conversa com o Don, Vittorio não estava com uma cara muito boa
era de madrugada quando estávamos indo para a casa nova, no carro reinava o silêncio, sua mão repousava em minha perna já a outra estava no volante, ele dirigia focado na estrada enquanto dois carros nos seguiam para garantir proteção. Em menos de meia hora tínhamos chegado em uma propriedade de luxo um pouco afastada da cidade
Nossa casa ficava mais para o campo, toda família preferia assim para garantir nossa segurança, os capos que estavam na entrada viram o carro e abriram passagem, Vittorio estacionou o carro e e me ajudou a descer do mesmo já que o peso e o volume do vestido eram significativos
Desci do mesmo e adentramos a casa juntos, apesar do clima tenso entre nos dois só pude reparar na beleza da casa, tudo do jeitinho que eu tinha planejado, até mesmo as flores do jardim, faltavam alguns detalhes mas nada tão importante assim
Subi as escadas indo em direção ao quarto, Vittorio já tinha tirado o terno e estava se preparando para entrar na ducha, não quis dar atenção e comecei a tirar meu vestido, todo aquele tule me incomodava
-Não vai entrar ? - ele perguntou enquanto a água escorria pelo seu corpo definido
-Depois de você - falei pegando meu celular e procurando alguma distração
- Que isso Daria ? vai ficar brava ?
- estou tentando evitar uma briga, só isso
- tudo por causa de Cancún
Amava Vitto, mas não queria ceder quanto a essa viagem, era nossa lua de mel e no momento ele estava se importando mais com toda máfia do que conosco, uma semana não mataria ninguém
- se não quiser ir Vitto, fique, nunca foi um problema viajar sozinha, principalmente na lua de mel- falei em tom de desdenha
- não vou deixar você viajar sozinha pra um país que nem conhece - ele falou saindo do banheiro apenas de toalha
- então por qual motivo esta chateado ? - falei pegando algumas malas, estava decidida a ir
ele ficou em silêncio, mentalmente agradeci por isso, pude ver de relance ele encostado na porta do closet todo molhado enquanto eu colocava algumas peças de roupa na mala
- Vem cá - ele me abraçou por trás - Eu te amo Di
- ama tanto que não pode tirar uma semana pra ficar comigo
- sem essa amor, nos vamos para essa viagem e eu prometo fazer dela inesquecível
- se não fosse a Nina..
ele riu
- Salva pela Nina - ele fingiu animação mas eu sabia que por dentro ele estava com um pé atrás de ir comigo nessa viagem
Um dia depois
Tinha acordado cedo para terminar as malas, faltava pouca coisa, alguns bíquinis e itens pessoais, Vitto já tinha finalizado a sua e já tinha descido a maioria das coisas já que em meia hora estaríamos pegando o jatinho em direção ao México
peguei as últimas bolsas e desci, peguei meu celular e gravei um áudio para mamãe avisando da viagem repentina, ela ficou feliz e nos desejou uma boa diversão, também mandou eu não abusar da boa vontade de Vittorio, só o que me faltava
colocamos as coisas no porta-mala e entrei no carro, Ângelo deu partida e nos levou até o hangar onde estariam nos esperando
para a máfia era muito mais seguro alugar um avião/ jatinho do que ir em voos domésticos e passar por toda aquela segurança do aeroporto já que em sua maioria levavam armas e as vezes até drogas nas malas
Em menos de meia hora já estávamos no hangar, alguns funcionários já foram pegar as malas enquanto eu e Vitto entrávamos no jato, na primeira poltrona tinha uma carta e uma caixa de bombons
"Crianças, lhes desejo uma excelente lua de mel, aproveitem cada praia de cancún como se fosse a última viagem de suas vidas, divirtam-se e façam muito sexo
XOXO Nina e Alexander"
Eu e Vittorio começamos a rir sem parar, sem dúvida era a melhor carta que eu tinha recebido na minha vida, os conhecia a pouco tempo, mas com certeza os dois já tinham um lugar no meu coração, especialmente Nina, ela sem dúvida era a melhor
Abri a caixa de bombons, coloquei meu fone e encostei a cabeça no ombo de Vitto, estava animada e muito feliz
Ele começou a fazer carinho nos meus cabelos, era meu ponto fraco, caí no sono que nem um bebê
depois de algumas horas acordei com gargalhandas do meu lado, abri meus olhos e vi Vittorio rindo de alguma coisa boba com a aeromoça que preparava nosso lanche, ele já sentiu o meu olhar e desfez sua feição no mesmo instante
pedi para a moça se retirar e fiquei o encarando, um Leonino e uma Escorpiana a guerra era feia mas claro que eu sempre vencia
- proibido rir agora ? - ele perguntou dando um gole no copo de uísque
- se a mulher não for sua esposa está proibido sim senhor Vittorio Mazza - falei me levantando e indo até o banheiro - inclusive rir com alguém cujo não é sua parceira configura um dos piores crimes que já vi
Peguei minha necessaire e retoquei a maquiagem que fiz cedo, em poucas horas chegaríamos em Cancún, queria chegar ao menos arrumadinha depois de longas horas de voo
saí do banheiro e voltei a me sentar, mas dessa vez do lado dele, encostei minha cabeça em seu ombro enquanto ele fazia cafúne e digitava algumas coisas no celular, certamente cuidando das coisas de longe, eu sabia que apesar da animação ele estava preocupado, iria tentar tirar essa tensão na viagem
Não o culpava por ser assim, obcecado pelo que fazia, ele e toda família, já que toda máfia dependia do empenho de cada um, nenhum deslize seria permitido. Enquanto eu brincava de bonecas ou saía com as amigas na adolescência ele era treinado e ensinado a cuidar dos negócios desde cedo
então cada esforço dele para que tivessemos um casamento o mais normal possível eu reconhecia, era tão importante para mim quanto pra ele
amava aquele homem
Férias em Cancún
Tínhamos chegado na noite anterior, fomos direto para um resort reservado já que não possuíamos aliados no México, queríamos o menos de exposição possível, por conta do cansaço acabei por ir dormir enquanto Vittorio passou a noite no telefone falando com seu capos
Na manhã seguinte acordei bem cedo, queria aproveitar o máximo das praias, fiz minhas higienes pessoais, tomei um banho e coloquei meu bíquini, Vitto ainda dormia, certamente nunca tinha descansado tanto em dez anos
Não queria incomoda-lo então o deixei dormindo e fui explorar os arredores do grande resort, tinha certeza que faria uns 35 graus naquela manhã o que estava perfeito para tomar um sol e garantir um bronze
Encontrei uma piscina nem tão movimentada e decidi ficar por lá mesmo, coloquei minhas coisas na mesinha ao lado e me sentei na espreguiçadeira tomando sol . Em quase duas horas ali já tinha lido revistas, checado o i********: e até bebido uns drinks que por sinal o meu favorito era Michelada, estava precisando dessas férias
Meu celular começou a vibrar na bolsa e logo atendi
- que foi ?
-como assim o que foi ? eu acordo e você sumiu do quarto p***a - Vitto falava preocupado
- sem essa amor, estamos de férias, estou na piscina - falei como se fosse óbvio
-um dia você me mata Diana - desligou
Que matar o que, quem me mataria um dia seria ele como esse humor péssimo logo cedo, é de estragar a áurea de qualquer pessoa. Não demorou muito e ele estava parado na minha frente de bermuda
Confesso que quis rir ao ver aquela cena, o homem vivia de terno, no máximo uma calça de alfaiataria e agora o vejo de bermuda, é as coisas mudam mesmo
- você para de me olhar - ele falou se sentando ao meu lado
não aguentei e caí na risada
- amor - suspirei puxando o ar - você tá muito fofo
- para com isso Diana, que estranho - falou ficando com a cara fechada
Ficamos o dia inteiro na praia e o restinho do dia na beira da piscina aproveitando que estava vazia, experimentei todos os Drinks existentes naqueles bares, Vitto não aguentava mais me ver enjoada pelo excesso da bebida
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Quatro dias em Cancún
Era quase dez da noite e estávamos voltando de um jantar temático de tradições específicas de lá, estava um pouco alcoolizada e Vitto me carregava pelos corredores do Resort
- tenta ficar em pé - ele falou pegando a chave do bolso para abrir a porta enquanto eu me equilibrava na parede do nosso chalé
- eu .. eu acho que vou.. - nem terminei a frase e saí correndo para o banheiro e colocando tudo para fora
Realmente tinha bebida muito
- eu falei pra não beber de tudo - ele falou segurando meus cabelos - vem - pegou na minha cintura me colocando de pé e me levando até a cama
Deitei na cama e fiquei esperando vittorio procurar algum remédio na bolsa, escutei algum telefone vibrar no criado mudo mas não dei atenção
se fosse tão sério assim ligariam de novo outra hora
- bebe isso - me deu um copo com água e um comprimido que eu nem sabia o que era
pelo menos ele não tinha esse desejo de me ver morta
Vittorio deitou ao meu lado e adormeci em seu peito pelos efeitos do remédio, sentia longe ele acariciando minhas costas, apesar de não se expressar bem ele cuidava muito de mim, fazia minhas vontades, era um bom marido
01:45 da manhã
Acordei com barulhos no quarto, Vittorio estava com o telefone no ouvido e arrumava todas as malas que estavam no quarto, minha visão ainda estava um pouco embaçada mas via de longe ele jogando as roupas de qualquer jeito dentro das mesmas
Não sabia o que estava acontecendo e nem tinha forças para tentar raciocinar, ele se virou me viu acordada e me puxou da cama com um braço
-vem, tenta acordar no caminho, precisamos sair daqui agora - ele me deu um moletom e vesti
- o que aconteceu ? - perguntei preocupada
-aconteceu que o cartel de drogas do México ficaram sabendo da nossa vinda e mandaram homens para matar o Alexander e a Nina em Milão e agora estamos em perigo até sair daqui - ele colocou duas armas na cintura e me entregou outra
um sentimento r**m começou a me invadir
-mas..eles estão mortos agora ? e meus pais ? - comecei a chorar
ele segurou meu rosto com as duas mãos tentando me acalmar
-engole o choro, você é uma mulher da máfia, precisa se controlar em momentos assim - ele limpava minhas lágrimas - eu não sei o que aconteceu em Milão, sei que estamos em perigo aqui e preciso que você use essa arma para atirar em qualquer ser humano que não seja eu que se aproxime de você amor
Apenas concordei com a cabeça e escondi a arma embaixo do moletom, por ser de madrugada não tinha ninguém nos arredores, apenas alguns guardas do lugar que poderiam ser suspeitos
Do lado de fora havia um capo da nossa máfia,ele seria responsável por cobrir vittorio e nos levar até o Hangar
Saímos do chalé com todas as malas nas mãos e saímos correndo até o estacionamento, estava tudo escuro o que me deixava com mais medo ainda
de longe pude ver um carrinho de golf piscando as luzes, corremos até ele e vi um dos nossos a nossa espera, entramos no carrinho e ele acelerou o mais rápido pegando a rodovia
A essa hora apenas caminhões de carga passavam por nós na estrada, qualquer carro que aparecesse seria suspeito. Estávamos a quinze minutos do hangar e eu torcia para não precisar usar aquela arma a cada minuto que passava meu coração ficava mais acelerado, Vitto tentava ligar para seu pai mas nada do sinal colaborar
-Acelera essa p***a - ele gritou
-Já está na velocidade máxima senhor
Vittorio continuou resmungando e tentando fazer a ligação, e eu só sentia o gelado do corpo da glock na minha barriga
Estávamos passando pelo portão do Hangar quando três SUV'S nos cercaram
- atira em qualquer pessoa que se aproxime de você - vitto falou já sacando sua arma junto com o capo que nos levava
Apesar de serem três carros apenas cinco homens desceram, todos armados e nenhum deles tinha uma cara muito boa
-¿Qué carajo hace aquí la mafia italiana? - um deles falou apontando a arma e eu não entendi nada o que me deixou com mais medo
-vacaciones, solo vacaciones- vitto respondeu em espanhol
Os homens se entreolharam e começaram a rir
-aquí no hay lugar para italianos - deu um tiro no capo
O homem instantaneamente caiu morto fora do carrinho, meu coração congelou e a troca de tiros começou, vitto me puxou para fora do carrinho e caímos rolando no concreto frio, acabei batendo a cabeça no chã́o me deixando tonta
ele se levantou rápido e me puxou para atrás de um dos carros
- a gente vai morrer - comecei a chorar
ele me olhou incrédulo pelas palavras
- cala a boca a gente vai viver - sussurrou
Tirei a arma do moletom e fiquei na espera assim como vitto, minhas mãos tremiam o suficiente para errar qualquer disparo
-vamos a jugar a las escondidas - um deles falou e pude escutar seu passos
Achei que conseguiria mas na hora de dispara um deles me pegou por trás deixando vitto encurralado
Naquele momento vi minha vida inteira passando como um filme pelos meus olhos e pude entender o real motivo do meu marido não querer uma viagem de lua de mel e de nunca termos viajado para nenhum lugar fora da Itália, fora do seu controle, fora do controle da nossa máfia
tinha uma arma apontada para minha cabeça e vitto estava de joelhos no chão em forma de rendição
-Italiano aquí se fode - um deles falou apontando a arma para meu marido
estranhei ele estar tranquilo com uma arma na cabeça assim como eu, pude ver seu telefone ligado na chamada com alguém por quase vinte minutos
Um barulho estrondoso me atingiu e o homem atrás de mim caiu fácil, enquanto na cabeça dos outros tinha uma luzinha vermelha prometendo que daqui a pouco estariam sem vida como o primeiro
Em menos de cinco segundos a cabeça dos quatro estourou e Vittorio se levantou e finalizou a ligação em seu celular com um "obrigado"
-vem amor - ele pegou na minha mão e me abraçou
caminhamos até o jatinho e de longe vimos vários homens nos esperando
- o que é isso ?- perguntei com medo
- amigos dos Estados unidos
suspirei aliviada
- thank you gentlemen ( obrigada senhores ) - ele fez um sinal e eles começaram a se retirar em caminhonetes pretas
Entramos no jato e o piloto já estava a nossa espera
- pegamos suas coisas senhor - o piloto falou entrando em sua cabine
- obrigada - falei
-Vem aqui - vitto me puxou e me colocou deitada em seu colo como um bebê me fazendo sentir segurança - não te prometo que não vamos enfrentar mais uma dessas, mas prometo que sempre vamos sair dessas, nunca vou deixar te machucarem - ele beijou minha testa
- tudo vai mudar agora né - perguntei
- vai sim amor - ele suspirou e levantamos voo de volta para Milão