Capítulo 3

2181 Palavras
Liz Valença narrando Luísa- Liz come algo, já amanheceu e ficar assim sem comer não irá ajudar em nada. Benta- Luli tem razão minha filha. Liz- Não tenho fome vó. Luísa- Vamos na sua casa, assim você toma banho, vamos lá na padaria tomar um café reforçado e trazemos pra tia Benta, o que acha? Benta- Eu acho uma ótima ideia minha querida, a leve para tomar um banho, a faça comer e estarei aqui esperando por vocês. Liz- Tudo bem, vó quer que trago algo para senhora? Benta- Não querida, depois vou em casa, e você fique aqui. Luísa- Levo a senhora tia Benta, hoje não temos aula. Benta- Certo querida. Liz- Então vamos, assim retorno logo. Encaminhamos para fora do hospital, são 06:00 horas de uma manhã ensolarado aqui no Rio, o sol já está radiando por todo lugar, menos meu coração, que nesse momento se encontra despedaçado. Hoje não teremos aula, então assim fica melhor para poder correr atrás do dinheiro e também ficar no hospital para que minha vó vai para casa descansar, aqui não é adequado para ela, muito menos confortável para uma idosa como ela Luísa- Vou indo na frente tomar um banho, e te espero para tomarmos café da manhã juntas, pode ser? Liz- Sim, obrigada de coração por tudo Luli, por estar ao meu lado, você é incrível. Luísa- Sempre vou estar aqui, amo você Liz e nossa amizade. Liz- Eu também amo você e nossa amizade. Nos abraçamos bem apertado e me permito chorar mais um pouco, porque sei que com Luli poderei sempre contar. Desço do carro entrando dentro de casa, já indo logo pro quarto, entro no meu quarto indo direto pro banheiro, faço minha higiene matinal, entro no chuveiro o ligando em seguida, entro debaixo do chuveiro molhando todo meu corpo, da cabeça aos pés, para assim ver se acalma meu coração, se a água leve de mim todo esse sofrimento, essa angústia em meu peito, minhas lágrimas se misturam com a água escorrendo por todo meu corpo, lavando nesse momento minha alma, todo meu ser. Depois de tanto chorar, saiu do banho, me enxugo, enrolo meu cabelo na toalha, hidrato meu corpo, meu rosto está muito inchado e vermelho de tanto chorar, passo uma maquiagem básica, somente para ver se melhora mais a minha aparência, como se fosse possível, já não sei me maquiar, mais assim está bom e resolve alguma coisa, pouca coisa, mais já é o suficiente. Vou no guarda-roupa procurar o que vestir, afinal tenho que ir no banco também para ver se consigo alguma coisa, não custa nada tentar. Visto uma blusa branca tricot de manga curta princesa, trama aberta, uma calça jeans baggy styling com aplicações de strass de bolinhas, cinto branco, a calça é de lavagem média nem muito escuro, nem muito clara, calço uma sapatilha bege, seco meu cabelo o deixando solto, pego minha bolsa e saiu do quarto indo para a padaria de dona Lene. Caminho de cabeça baixa, por conta do sol que já se encontra quente, também para que ninguém veja meu rosto inchado e vermelho como tomate, devido o choro. Esbarro em alguém ao entrar na padaria, vou de b***a no chão devido o tombo ter sido forte. Dom- Olha pra frente p***a, tá com o olho no cu Tomo um susto com suas palavras grossas e idiotas, olhando em seus olhos frio e escuro, não desvio o olhar, ele também não. Luísa- Vem Liz deixe que eu te ajudo. Só agora que me dou conta que estou no chão ainda, nossa que vergonha. Dom- Na próxima vez olhe para onde anda garota. Luísa- Ela não fez por querer, não seja grosso com ela, não sabe o motivo dela estar assim atordoada. Lene- Minha filha por favor, desculpe Dom pelos modos da minha filha, e a menina Liz não esbarrou no senhor por querer. Dom- Dessa vez passa, não é todo dia que estou bonzinho. Ele fala se retirando do estabelecimento, Luli e tia Lene me levam lá pra dentro, céus fiquei tão sem reação, tão sem graça e envergonhada que não me desculpei com aquele homem grosso e arrogante. Liz- Me desculpe tia Lene eu não fiz por querer. Lene- Não se desculpe minha filha, eu sei que não foi de propósito, mais ele não entendi isso. Luísa- Há claro que não, o todo poderoso jamais entenderia. Lene- Luísa por favor, se comporte, e controle essa língua minha filha. Liz- Quem é ele? Luísa- O DOM. Luli fala em tom de ironia e deboche a palavra Dom, chega ser engraçado. Lene- O dono desse morro minha querida. Liz- Nossa não sabia, qual o nome dele? Luísa- Isso ninguém sabe, aliás de ninguém que trabalha pra ele, só sabemos os vulgos, o dele é Dom. Liz- Estranho alguém ser chamado assim. Luísa- Todos eles são estranhos, não só os nomes como eles também em si. Lene- Luísa! Luísa- Eu só disse a verdade mamãe. Lene- Venha minha filha tomar um café da manhã bem reforçado, não dê ouvidos a Luísa não. Liz- Tá bom tia Lene rs. Francisco- Bom dia menina Liz, como você está, sua vó e seu avô? Luli nos contou. Lene- Verdade minha filha, com toda essa confusão agora pouco, esquecer de perguntar você. Liz- Meu avô está na mesma tio Francisco e tia Lene, sedado, minha avó tentando ser forte, e eu tentando também ser forte, e não demostrar a ela minha tristeza devido tudo isso estar acontecendo. Francisco- Você é forte menina Liz, e sei que logo logo eles dois saíram dessa. Lene- Tenha algo que possamos fazer querida? Liz- Só orações tia Lene, pois a quantia em dinheiro é grande para tratamento de ambos. Francisco- Luli nos contou esse detalhe, se pudesse ajudar vocês. Liz- Sei que não podem, e se pudessem ajudariam, são bondosos conosco desde que cheguei para cá. Lene- Amamos você como uma filha, sempre estaremos aqui, e seus avôs são especiais para nós. Eles me abraçam e sou grata por ter pessoas como eles em minha vida. Tomamos café da manhã juntos, tia Lene prepara um café bem reforçado para minha vó. Luli me leva de volta pro hospital, para entregarmos a minha vó o seu café da manhã. Liz- Vó comem tudo, eu vou ali mais retorno logo. Benta- Obrigada querida Luli, agradeça seus pais por mim, vocês são muito especiais. Luísa- Agradeço sim tia Benta, agora come tudo para ficar forte, voltamos logo rs. Benta- Está bem, se cuidem. Liz- Pode deixar vó. Luísa- Pode deixar tia Benta. Saímos do hospital entrando no carro em seguida. Assim que Luli estaciona, entro no banco indo falar com o gerente. Liz- Olá bom dia, poderia falar com o senhor Monteiro? Secretária- Tem horário marcado? Liz- Não, diga a ele que sou Liz Castro Valença, neta de Joaquim Castro. Secretária- Só um momento senhorita Valença. Liz- Espero. Ela encaminha para onde imagino ser a sala dele, e rezo mentalmente para que dê tudo certo e eu consiga conversar com ele. Secretária- Senhorita Valença, ele irá atende-la, por aqui por favor. Liz- Certo. Acompanho ela até a sala do senhor Monteiro, paramos em frente uma porta grande. Secretária- Pode entrar, ele a espera. Liz- Muito obrigada. Secretária- Por nada. Dou dois toques na porta de leve, para o mesmo saber que estou entrando. Liz- Bom dia senhor Monteiro, licença. Luís Fernando- Bom dia, sente-se senhorita Valença, em que posso ajudá-la? Liz- Gostaria de saber com o senhor se é possível um empréstimo? Luís Fernando- Em qual valor? Liz- 50 mil. Luís Fernando- Veja bem, a senhorita até poderia, mais teria que dar algo como troca para nos garantir esse empréstimo nesse valor, compreende? Liz- Sim senhor, só temos uma casa, e não poderia os deixar na rua, jamais faria isso com eles. Luís Fernando- Sinto muito em não poder ajudá-la. O que houve? Liz- Meus avôs estão doentes, quero garantir conforto a eles em um hospital particular, com melhor tratamento. Luís Fernando- Eu sinto muito. Liz- Obrigada senhor Monteiro, desculpe o incômodo. Luís Fernando- Imagine, não foi incômodo algum. Liz- Até mais. Luís Fernando- Até mais senhorita. Saiu de sua sala pior que entrei, totalmente arrasada por não conseguir o dinheiro, agora não sei o que fazer, nem sequer em que pensar para os ajudar, para os transferir para um hospital melhor, com tudo do bom e melhor para a saúde e bem estar deles. Luísa- Então? Liz- Infelizmente não conseguir Luli, estou arrasada, não posso os perder, como direi a minha vó que não conseguir? Não sei o que fazer. Luísa- Calma, vamos pensar em uma solução, a Lory está lá nos esperando, vamos dar um jeito. Liz- Eu espero que sim, porque não posso os perder. Luísa- Não vai. Vamos pro hospital, vou o trajeto todo em silêncio e Luli respeita isso, pois a mesma sabe que nesses momentos gosto de ficar no meu canto quieta. Agradeço por ela me conhecer tão bem, por estar comigo nesses momentos. Chegamos no hospital, e por pouco não desço do carro, falho na hora de encarar minha vó, como dizer a ela que não conseguir e ver a sua cara de tristeza por saber que não terá um tratamento bom para meu avô e a cirurgia dela, definitivamente não sei o que dizer ou pensar. Lohane- Liz, venha cá deixar eu te abraçar. Lory me abraça bem apertado, como uma amiga maravilhosa que ela é. Liz- Obrigada por estar aqui também. Lohane- Sempre estarei, só não vir ontem porque tive que ir com minha mãe na casa do meu avô vê-ló e lá na roça não tem sinal. Liz- Está tudo bem Lory, o importante é que você está aqui. Benta- Então minha menina? Liz- Vó.. é que.. bom.. Luísa- O gerente vai ligar mais tarde para dar a resposta tia Benta. Olho para Luli surpresa com a mentira que ela inventou, pois não haverá ligação alguma, pois sequer conseguirei o empréstimo. Benta- Certo. Lohane- Tia Benta vá descansar um pouco, ficamos aqui esperando notícias. Luísa- Isso mesmo tia Benta, vá descansar um pouco. Benta- Está bem, qualquer coisa me chamem. Ela vai para salinha de espera que tem uma poltrona confortável, não muito, mais é um pouco. Assim que ela sai olho para Luli querendo saber o motivo da mentira. Luísa- Eu sei que não devia ter mentindo, mais não queria ver nem você nem ela mais tristes ainda. Lohane- Não conseguiram o empréstimo? Liz- Infelizmente não. Falo chorando novamente, meu coração chega doer demais. Luísa- Não fique assim Liz, daremos um jeito. Liz- Como Luli? Não tem o que fazer. Luísa- Vamos pensar juntas em algo. Lohane- Vamos ver alguém que empreste esse dinheiro. Liz- Quem? Não conhecemos ninguém que tenha esse dinheiro todo assim, é muito dinheiro Lory. Luísa- Isso é verdade. Lohane- Ter tem, só não sei se vocês vão gostar, pelo menos você Liz. Luísa/Liz- Quem? Eu e Luli perguntamos juntas, chegou ser engraçado. Lohane- O Dom. Liz- Quem? Lohane- O dono da favela, o chefe. Luísa- Tá louca Lory? Nunca que ele emprestaria esse dinheiro pra Liz, e depois pagar como? Liz- Céus, mexer com bandido, isso eu nunca imaginei. Lohane- Ele é o único que tem esse dinheiro, aliás aquele dali nada em dinheiro. Luísa- Isso seria muita loucura, aquele homem é o próprio d***o em si, sem contar que não presta. Lohane- Eu sei Luli, mais infelizmente ele seria a única solução, eu poderia ver meu irmão o Frajola para poder conversar com ele. Liz- Eu não sei, preciso pensar. A Lory tem um irmão que é desse meio, bandido, não o vejo muito, mais sempre me respeitou muito bem, não tenho o que falar da pessoa dele, meus avós também não tem, se ele escolheu esse caminho, infelizmente não podemos fazer nada quanto a isso, desde que o respeito prevalece, está tudo bem. [•••] As horas se passam, as meninas tiveram que ir embora, não poderão ficar pois cada uma tinha um compromisso importante, e eu entendi muito elas, conseguimos convencer a minha avó de ir com elas, e descansar um pouco, ela também precisa de cuidados, ficarei aqui com meu avô, em hipótese alguma o deixaremos sozinho. Ainda é madrugada, o dia está a amanhecer novamente e não preguei o olho até agora, não consigo dormir sabendo que meu avô estar assim, e minha avó também, mais algo também que está atormentando muito meu juízo, e não me deixando pensar em mais nada, é sobre o empréstimo com o dono do morro Dom, e se ele for r**m mesmo como as meninas disse? E se ele não emprestar? E também como o pagarei depois? Isso é muito perigoso, sim é, e muito, mais se eu não tentar pelo menos, meus avós que sofrem, que pagam por isso, e não quero os perder. Então resolvo fazer exatamente isso, irei até ele pedir o empréstimo, é a única solução e rezo mentalmente para que ele aceite, que seja generoso, mesmo sendo um mostro como as meninas mesmo disse.
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