Capítulo 3

1516 Palavras
Esse, assim como todos os acampamentos militares, era feito da seguinte maneira: havia um forte que era uma espécie de castelo fortificado, com altas torres e canhões, onde as patentes mais altas ficavam, e tinha o acampamento, composto por tendas.   No centro do forte tinham as arenas, onde ocorriam nossos treinamentos e lutas.  Neste instante eu estava em uma das salas de treino que ficavam próximas a arena.   As tendas do acampamento eram diversificadas. Tinham as tendas de dormir, as de comida, as de banho etc. As patentes mais baixas ficavam nas tendas e a partir da patente de capitão você ganha um quarto no forte -O que pensa que está fazendo Haylock?! -grita o tenente comigo pela décima vez no dia, o que me faz revirar os olhos   -O que acha que eu estou fazendo, tenente? -indago sarcástica enquanto termino minha nonagésima nona flexão com uma das mãos nas costas   -Flexões?   -Exato -respondo- e essa foi a centésima- digo e com um impulso, me levanto e o encaro   -Quero que me escute soldado: você é um ninguém! Se eu mandei fazer, faça, se eu mando comer, coma, se eu mando morrer, morra! Não me interessa o que você faz! Quero que me obedeça! Você é um nada, um ninguém! Desse jeito vai ser o primeiro a morrer no campo!   -Sim senhor-respondo tentando esconder minha risada   -Eu mandei você fazer uma série de treinos e completar o circuito! E o que você está fazendo? Flexões! Só porque é uma mulher não quer dizer que tem de fazer diferente dos meus homens! -esbraveja   -Senhor, eu terminei o circuito e fiz o treino antes de qualquer outro soldado. Tudo que estou fazendo é minha série de treino pessoal. Não há necessidade de gritar comigo, afinal, como você disse: você mandou e eu fiz -respondo dando de ombros e tomando um gole da minha água   -T-terminou... hã -indaga coçando a garganta e retomado a postura- você então... pode... hã   -Acredito que Haylock tenha dormido com alguém para poder falar isso ao senhor com essa segurança, tenente-diz o major Antony se aproximando com seus amigos- pode falar Haylock, com quem foi?   -Acredito que tenha sido com você. Ah não, espera,- pontuo balançando a cabeça em negação como se me lembrasse de algo importante- esqueci que eu não durmo com galinha. Ou quero dizer frango? Ou talvez vagabundo? Aí caramba me desculpe major, são tantos defeitos que eu nem sei qual uso para te definir-respondo cínica enquanto dou mais um gole de minha água de modo causal   -Acho melhor acabar com a briga por aqui. Haylock, ele é um superior! Mostre respeito! -o tenente esbraveja antes de sair do local às pressas, intimidado pelo superior   -Ele tem razão bonitinha. Sou seu superior! Faça o que eu mando-diz com um sorriso sádico- meninos, por que não me deixam a sós com o soldado aqui?   Após sua fala, os homens que antes o acompanhavam, saem da sala de treinamento, deixando Anthony e eu a sós. Escuto a porta se fechar e um barulho de chave logo em seguida.   -Se eu disser tire sua roupa. O que você faz? -indaga me prensando contra a parede   -Eu te bato-respondo encarando seus olhos   -Não. Você as tira, boneca-afirma sorrindo maldosamente   -Se você não me soltar eu acabo com você-respondo   -Se você tentar algo contra mim, eu posso ir atrás de Carina, ou até mesmo da Megan, o que acha?   Sua fala me paralisou e me fez arregalar os olhos. Ele era uma patente acima de Carina e Megan. Se esse filho da mãe usasse isso contra elas...   Saio do meu transe ao senti-lo cheirando meus cabelos e aproximando sua mão de meu corpo.   Eu um movimento rápido, eu o chuto, fazendo-o recuar e me afasto dele. Corro em direção a saída da sala de treino, mas a enorme porta estava fechada, e, importunamente, trancada.   Bato na porta, mas nada acontece   Em troca sinto uma dor em minhas costelas e noto que Antony me disferiu um chute no local, o que me fez cair no chão. m***a, qualquer lugar menos nas costelas!   -Você vai pagar ruivinha   Ele se agacha em meu corpo e prende meus braços com uma de suas mãos. Sua perna pressionava minhas costelas, o que me fez gemer de dor. Ele dá um sorriso sádico e se aproxima de mim.   Quando seu rosto está próximo suficiente, cuspo em seus olhos, e como ato reflexo involuntário, ele leva sua mão ao rosto liberando meus braços   Com as mãos livres, o transfiro um forte soco, que o fez recuar e noto uma fresta de sangue correr de sua boca.   -v***a!   Bato mais uma vez na porta, mas não obtinha resposta.   Se ele me encurralasse agora, não sei o que faria. Posso ser forte, mas ele tem o dobro do meu tamanho e força! Além do mais, minhas costelas estão um caco e eu tenho dores musculares pelo treino e pelo circuito! Minhas condições não estão muito boas hoje!   Encosto minhas costas na porta e fecho os olhos. Eu prendo a respiração por leves instantes já que precisava pensar...   Antes que eu pense em algo, sinto a porta atrás de mim ser aberta tão abruptamente, que caio para trás. Antes que eu atinja o chão, braços musculosos me envolvem e me colocam atrás dele de modo protetor. Tudo que vejo é Dylan dar um soco tão forte em Antony, que o faz desmaiar e cair no chão em um estalo. Olho para trás e me deparo com os amigos do major no chão e já inconscientes.   -Demorou comandante-respondo enquanto coloco a mão sobre minhas costelas   -Haylock, o que houve? -indaga olhando para onde minha mão repousava   -Um pequeno imprevisto -respondo dando de ombros   Ele se aproxima de mim em passos rápidos e duros e levanta minha camisa o suficiente para ver um grande hematoma em minhas costelas   -Desgraçado -vocifera em um sussurro- PEQUENO IMPREVISTO!? -esbraveja- mais o que? Ele tentou te estuprar? -indaga sarcástico   -Na forma resumida sim-respondo dando de ombros e ele me olha abismado   -ELE O QUE?!-grita em resposta   -Olha comandante, eu acabei de passar por um treino bem chatinho agora e eu preciso muito de um bom almoço-digo me virando   Começo a caminhar para fora dali, quando sinto Dylan segurar meu punho por tempo suficiente para me fazer parar   -Você não vai a lugar nenhum!   E após a fala ele me puxa para fora dali.   Durante todo o caminho, olhares foram atraídos a nós. Afinal, por que diabos o comandante estaria puxando um soldado -que era mulher e tinha cabelos escarlate- por todo o forte? Não sabemos meus caros. Só o que eu quero é comer, mas tudo que essa criatura quer é atrapalhar minha vida.   Chegamos em um corredor que eu conhecia muito bem, o soldado-postura-impecável já tinha me levado lá. Era a sala do comandante Hendeston.   Ao chegarmos na enorme porta, ele a abre e adentra sua sala me puxando em seguida. Coloco minha mão na área do ferimento quando sinto-o latejar. Nas costelas é sacanagem...   -Assente-se -pede apontando para sua cadeira e eu o faço   Segundos depois ele aparece com gases, algodões e esparadrapos. Onde está Carina quando precisamos não é mesmo?   -Não preciso disso -disse tentando me levantar, mas ele me empurra de volta na cadeira   -Você não precisa é desse ferimento ridículo-afirma enquanto molha o algodão em um líquido- francamente, qualquer lugar menos nas costelas-murmura baixinho e sorrio levemente em resposta   O líquido entra em contato com o machucado fazendo-me encolher na cadeira. Dou um resmungo de dor e permito que ele continue seu trabalho   O hematoma estava f**o e minhas costelas estavam um caco   -Desculpe-sussurra enquanto colocava a gaze sobre meu ferimento   -Hm? -indago confusa   -Não queria que passasse por algo assim. Não acredito que Antony foi capaz disso...   -Já passei por coisas piores comandante. Além do mais, eu acho que deveria te agradecer   -Deveria? -indaga confuso   -Eu deveria, mas não vou porque você deu um soco nele quando na verdade eu quem queria quebrar a cara dele-digo descontraída e o vejo soltar uma leve risada   -Bom, pelo que eu vi, ele acabou com suas costelas -diz terminando o curativo e eu dou um t**a em seu braço- auch! -resmunga em falsa dor como resposta   -Em minha defesa senhor comandante, eu tinha acabado de sair de um treino!   -Ah, ok! Me desculpe senhorita “fortona”-diz levantando as mãos em sinal de redenção e eu reviro os olhos   -Só para constar, você ainda é um i****a-digo me levantando e me dirigindo até a porta   -Aonde você vai? -indaga   -Onde você acha que eu vou? Já vi que ser soldado não rola, então acho que vou começar a levar esse negócio de subir de posição a sério- digo caminho para fora da porta   -Boa sorte soldado- fala alto devido à distância e em um tom divertido   -Não preciso de sorte comandante-grito antes de virar o corredor com um sorriso de canto   Me parece que minha estadia nesse exército vai ser mais legal do que imaginei Como eu disse: esfregar na cara dos outros... as coisas vão ser excelentes
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