Acordei com o peso do silêncio.
Ainda era cedo. A luz que entrava pela fresta da janela era fina, dourada. Dava pra ouvir o barulho de passarinho lá fora misturado com o som distante do rádio de um vizinho.
Mas ali dentro… só ela respirando.
Valentina dormia virada pra mim, os cabelos espalhados pelo travesseiro, a boca entreaberta. Tinha um vinco leve na testa, como se até dormindo ela carregasse um peso.
A mão dela tava apoiada na barriga, a nossa barriga. O Zezinho, como venho chamando ele, crescia cada vez mais. O corpo dela mudou, o jeito de andar, de sentar, até de dormir. Tudo por causa dele.
Fiquei ali um tempo só olhando.
Não era sobre beleza, mesmo ela sendo linda. Era sobre paz. Sobre ver alguém tão deslocada ali naquela cama, mas mesmo assim… inteira.
Aos poucos, ela foi
