O sol nem tinha esquentado direito quando ele entrou em casa. Veio com a cara fechada, como sempre, o boné baixo e o celular na mão.
Eu tava sentada no sofá, com a mesma camiseta de ontem e um copo de Nescau na mão, tentando fingir que o mundo fazia algum sentido às oito da manhã.
Ele nem tirou o boné.
— A mãe do Bê mandou te avisar que tu tem que começar o pré-natal.
Levantei os olhos devagar. Ele ainda tava de pé, parado na porta como se estivesse passando um recado de vizinho, não falando da p***a do meu bebê.
— Oi?
— Ela disse que tu tá com quantos meses? Quase três, né? Já era pra ter feito o primeiro ultrassom. Essas paradas de ver se tá tudo certo.
Fiquei muda. O coração deu um pulo pequeno, não por preocupação, mas por surpresa. Ele tinha pensado nisso? Quer dizer… ele tava
