Dois

4634 Palavras
Jackie e eu chegamos mais cedo na escola, para sabermos mais sobre o incêndio. Caminhando em passos largos, gastamos cerca de vinte e cinco minutos e para nossa surpresa, estavam todos em filas coordenadas pela diretoria. Ao chegarmos a nossa, perguntamos para Lucy o que estava acontecendo: -O que aconteceu? – Perguntei aflita. - Mandaram a gente formar fila, parece que acharam um suspeito. Chamaram os meninos de nossa sala, Will estava no rol e para minha surpresa, Jackie também foi chamado. Antes de ele ir apertei seu braço e disse preocupada: -Vai ficar tudo bem – Dei uma piscadela e ele foi junto com os outros. Cerca da metade dos meninos foram chamados e para me deixar mais preocupada, quando eles começaram a retornar, não vi Jackie entre eles; algo havia acontecido. Precisava saber o que exatamente, quando ia pedir a professora para sair de sala, um ajudante da direção vem me chamar: - Com licença professora, Morgana esta solicitando a senhorita Parker. Professora assentiu e eu me retirei de sala, quando ia fazendo a curva no corredor, logo atrás do ajudante, dou de cara com Will que me olha, mas nada diz. Dou uma rápida virada para olha-lo novamente, ele estava parado me olhando, quando nossa troca de olhares foi cessada pela porta que se abriu diante de mim e entrei na sala da diretoria. Jackie, Morgana e o professor Hills conversavam seriamente quando entrei. Cessaram a conversa e pediram para me sentar: - Susan, pedi que lhe chamassem, por que seu amigo pediu. Jackie estava serio, mas ao mesmo tempo abatido, como se tivesse recebido uma noticia h******l. Não esperei que ele dissesse algo, logo perguntei: -O que aconteceu?! – Perguntei aflita. - Senhora Morgana, poderia nos dar uns minutos a sós? Morgana e senhor Hills saíram. Tornei a perguntar: - Mas o que aconteceu?! Diz logo por que ta me deixando preocupada. - Estão me culpando pelo incêndio – Disse ele serio e seco. Diante daquilo, meus olhos arregalaram de surpresa, a única coisa que me veio à boca foi: - O que?! Como assim?! - Encontraram meu caderno de anotações na sala de experiências e algumas latas de spray no meu armário. Disseram que é o suficiente para me culpar. Eu jamais poderia acreditar naquilo, conhecia Jackie muito bem e á muito tempo, ele não seria capaz de fazer aquilo, havia algo de muito errado naquilo tudo: - Isso não é possível, primeiro que você jamais faria isso e segundo, você esteve o tempo todo comigo. Lucy e Brown estão de prova. - Eu sei disso, mas, seu amiguinho Will, afirmou com toda certeza que me viu andando pelo corredor próximo a sala, pouco tempo antes do incêndio. Eu passei sim pelo corredor, mas fui ate meu armário pegar meus livros e isso foi muito tempo antes e o mais curioso é que não tinha lata nenhum de spray por lá. Eu tinha toda certeza de que ele era inocente, que jamais faria qualquer coisa desse tipo, nem mesmo por vingança. Depois de alguns minutos de silencio, ele continuou: - Eles disseram; que se eu pedir desculpas perante a escola toda, pelo ato de vandalismo, só irão me dar uma pequena punição; detenção de 4 dias, começando de hoje, mas se eu me negar a pedir desculpas, serei suspenso, expulso ou ate mesmo transferido. Disseram também, que como sou um ótimo aluno, não contariam a meus pais e diriam que ficaria depois da aula durante esses dias, para aulas extras. Susan, eu não fiz isso, se sabem que sou um bom aluno, como podem me julgar por vandalismo?! Eu juro, não fiz isso. Nesse momento ele já estava de pé, cheguei mais perto e o abracei, tentando disfarçar minha preocupação: - O que você vai fazer? Por favor, diga que mesmo sendo inocente vai pedir desculpas, por que se você for embora, também vou. Ele olhou-me nos olhos e aproximando-se mais ainda disse: - Eu jamais iria para qualquer lugar sem você. Não se preocupe, vou pedir desculpas por isso, mas vou descobrir quem armou isso pra mim e o porquê, tem de haver algum motivo. Pouco depois, Jackie estava conversando novamente com a senhora Morgana e o senhor Hills, ele disse que faria o que lhe foi pedido na hora do intervalo. Ele não poderia voltar para sala antes do intervalo, para que não ocorressem represálias; dei-lhe um ultimo abraço e voltei para sala. Ainda era aula de história, sentei-me no lugar de sempre e para minha surpresa, Will tinha tomado lugar de Jackie, que não voltara para sala. Chateada pelo o que Jackie me contara sobre o incêndio, assim que sentei ainda virada para frente, perguntei baixinho: - Por que disse que viu Jackie no corredor antes do incêndio?! - Por que eu vi. - Essa sua resposta não convém, ele está levando culpa por algo que não fez. - Bom, me perguntaram e eu simplesmente respondi, não queria prejudicar ninguém. Fitei-o com fúria e quando ia questioná-lo, o professor chamou nossa atenção: -Will e Susan, vamos deixar a conversa para depois. Não falei com ele nos próximos 36 minutos que restavam para o intervalo. O tempo passou lentamente, não conseguia me concentrar na aula, a única coisa que prendia minha atenção era o tic-tac do relógio, que pareceu ficar mais alto e acompanhar meu coração. Entrei em devaneio profundo. Meus devaneios ocorriam nos lugares mais impróprios e por conta própria, mas dessa vez, foi muito diferente; vi-me sentada numa sala de aula quase vazia, estava sozinha e saia à procura de alguém pela escola, mas parecia que não havia mais ninguém, ate que apareceu um garoto de cabelos longos, ele estava sentado num banco, quando cheguei mais perto, ele sumiu e reapareceu atrás de mim dizendo: - Não se preocupe, estou sempre com você meu kishdan. Antes de conseguir responder algo, fui acordada pelo professor, que estava parado em minha frente praticamente gritando por mim: - Susan acorde, você está bem?! - Sim, desculpe é só que... Levantei-me sem dizer mais nada, estava me sentindo cansada e atordoada, jamais tivera um devaneio tão forte. Essas coisas começaram a acontecer quando entrei na adolescência, por volta dos 14 anos, mas nunca tinham sido tão recorrentes. Os alunos foram instruídos a irem para a área de palestra, iam fazer um comunicado importante, tentei achar Jackie e dar-lhe uma força, mas não consegui chegar a ele, mas o Senhor Hills achou melhor ele “se virar” sozinho. E quando todos já estavam acomodados e em silencio, Morgana fez o anuncio: - Peço a colaboração de todos, temos um comunicado importante a fazer. Senhor Hills deu continuidade: - Conseguimos descobrir quem causou o incêndio na sala de experiências. Tenho que admitir que, jamais pensei que esse aluno fosse capaz de cometer esse ato, ele sempre foi um dos melhores da escola, mas cometeu esse erro e ele quer se desculpar para vocês, por este ato impensável, Jackie Farrey do terceiro ano entre; por favor. Todos ficaram surpresos, todos pensavam que tinha sido um dos vândalos e arruaceiros, e não o melhor aluno de matemática da escola. Jackie estava de cabeça baixa, odiei vê-lo ali daquela maneira, desejei estar ao seu lado, segurando sua mão. Por algum motivo, ele levantou a cabeça e seus olhos encontraram os meus, um pequeno sorriso de confiança se abriu e ele começou seu discurso: - Peço desculpas a todos os alunos de Forrest Hills, pelo ato de vandalismo que cometi, não sei o porquê, mas só peço desculpas e prometo que isso não irá se repetir. Levantei-me e aplaudi de pé, vendo minha atitude, o restante da turma fez o mesmo. A reação da turma foi muito melhor do que esperávamos ninguém ficou comentando, todos pareciam acreditar na inocência dele. Logo a ultima aula do dia chegou e Jackie ficaria ate às 8 da noite na detenção, não poderia esperá-lo, então me despedi e fui para casa. O caminho parecia mais escuro às 6 da tarde sem ele por perto, mas apressei o passo e em 20 minutos só faltava uma quadra para chegar a minha casa. Enquanto andava o mais depressa possível, tive a sensação de ser seguida, olhava para os lados e para trás, mas nada via. Tive a sensação de sentir algo em minhas costas, virei para olhar se tinha alguém, mas nem sombra, quando de repente escuto uma voz atrás de mim: - O que uma moça tão bonita, faz aqui sozinha?! Viro e tomo um susto, era Will. A única coisa que me correu na mente foi que ele pretendia fazer algo contra mim, já que desde que o conheci, não tinha ido muito com a cara dele e também ficara muito chateada por ele ter falado do Jackie para Morgana. Ainda assustada, tentei me conter e perguntei: - Mas o que faz aqui?! Ta dando pra me seguir agora?! – Disse bem seria. - Não queria que fosse assim, mas se pra ficar perto de você tem que ser escondido então faço esse sacrifício, apesar de preferir ficar bem perto de você. Disse com um tom malicioso e se aproximando de mim. - Não o proibi de chegar perto de mim, mas também não disse que queria sua companhia, mas se queria me acompanhar ate em casa, era só dizer, não gosto de ninguém fazendo as coisas às escondidas, muito menos uma pessoa que não conheço. Ele olhou-me de cima abaixo e mordeu os lábios; nossa apesar de saber muito pouco sobre ele, era impossível não notar sua beleza e seu charme, eram coisas evidentes. Quebrando o silencio ele disse: - Bom, já que é assim, deixa eu te acompanhar ate em casa então. - Tá, pode ser, mas só ate a porta, não posso chamar desconhecidos pra entrar na mina casa, principalmente estando sozinha. Droga; deixei escapar que estava sozinha, mais um motivo para me atazanar e ficar insistindo para entrar. Ele me acompanhou educadamente ate minha casa, ao chegar à porta agradeci pela companhia: - Muito obrigada pela companhia. - Deixe para agradecer quando necessário. Abri a porta e rapidamente a fechei. Subi para meu quarto e tomei banho, fui conferir no quarto de hospedes se minha avó tinha mesmo saído; ela dissera de manhã que iria ate sua casa para ver como estavam seus gatinhos, já que ela estava me fazendo companhia nas ultimas 2 semanas. Estava terminando as tarefas da escola ia dar 8:30, telefone toca, corro para atender, era vovó, dizendo que não iria dormir comigo hoje, pois ela morava em outro bairro e como fazia tempo que não ia em casa, tinha ficado muita coisa para fazer, então se ocupara nos afazeres o dia todo e só terminara a pouco tempo, e se fosse pegar condução para vir, iria chegar muito tarde. Agradeci por ter ligado avisando, mas tive de resmungar: - Ótimo, o dia começou maravilhosamente bem, Jackie sendo punido por algo que não fizera. Will gato esquisito me seguindo, vovó me deixando sozinha e sem falar no estranho devaneio que tive no meio da aula. Desci para conferir portas e janelas, estavam tudo trancadas, ao chegar ao quarto, minha janela estava aberta, mas eu tinha trancado ela, quando fui trancá-la escuto uma voz masculina vindos do meu armário: - Pensei que fosse uma garota que acompanhasse a moda, mas estava enganado. Dei um pulo com o susto, cai sobre a cama e vejo de quem era à voz; Will: - MEU DEUS! O que tá fazendo aqui, como entrou aqui?! - Não é muito difícil empurrar uma janela aberta. – Disse insinuosamente. - Saia agora mesmo, pelo mesmo lugar por onde entrou. Estava tremula, sem saber o que fazer, nunca tinha trazido um garoto ao meu quarto, tirando Jackie, mas éramos amigos e nunca tinha acontecido nada de r**m. Só queria que ele saísse do meu quarto e fosse embora, sentia que algo de muito r**m poderia acontecer se ele continuasse ali. Mas ele simplesmente deu de ombros, sentou-se numa poltrona próxima ao armário e disse: - Só queria te fazer uma visita. - E essa visita, não podia esperar para amanhã de manhã, na escola ou na rua, com tanto que fosse de dia?! - Infelizmente não, só tenho ate hoje para te convencer. - Me convencer?! De que?! Ele saiu da poltrona e se aproximou de mim dizendo: - Nunca demorou tanto tempo assim, costumava ser mais fácil. - Do que você está falando?! Antes de poder perguntar qualquer outra coisa, ele chegou mais perto, a ponto de poder ver a cor da íris de seus olhos eram cinza e não pretas como pareciam ser, o espaço que existia entre nós foi quebrado, ele beijou-me. Nunca tinha sentindo algo como aquilo era inexplicável, era como se já tivesse beijado ele antes, mas não lembrava mais como era. Ele parou de me beijar e fitou-me nos olhos dizendo: - Minha kishdan. Algo em minha mente alertou-me, aquela palavra, ouvira em meu sonho e agora da boca do Will. Sem reação perguntei: - O que é kishdan? Ele olhou-me surpreso e respondeu: - Nada, esqueça. Posso passar aqui amanhã e leva-la para a escola? Não podia dizer não, algo em mim queria muito ficar perto dele, mas outra parte queria dizer não e manter distancia dele, mas acabei cedendo ao seu pedido: - Pode só não se atrase. - Às 7 horas, pode ser? Afirmei balançando a cabeça. Ele deu boa noite, um beijo na bochecha e pulou a janela, fui vê-lo, mas já tinha sumido na escuridão da noite, logo dormi e sonhei novamente com o estranho garoto. Estava sentada num banco de praça, quando um homem de chapéu chega e senta-se ao meu lado. Notei que ele segurava um lenço em uma das mãos e repentinamente ele começou a conversar: - Eu e minha amada, costumávamos vir ate aqui, toda tarde e olhar o por do sol. Sem saber o que dizer, preferi fazer uma pergunta: - O senhor não vem mais aqui com ela? - Não, ela está com outro homem, mas sei que voltará para mim, quando for buscá-la, é daqui a dois dias, é quando termina o prazo de Edward e poderei tê-la de volta, assim eu espero. Quando virei para perguntar algo mais, ele havia sumido e no banco estava um lenço com um nome gravado na ponta; Hellena. Procurei o homem ao redor, mas não o encontrei, o sol estava muito forte para um fim de tarde, forte o bastante para me fazer fechar os olhos, e abrir instantaneamente com o forte raio se sol que estava bem nos meus olhos. Já era de manhã, o sol brilhava forte e já eram 6:45, pensei comigo mesma; “ótimo, só tenho 15 minutos para tomar banho, escovar os dentes e tentar dar um jeito nessa juba”. 7 horas, a campainha toca, era Will; vestido numa blusa preta e calça jeans, um sapato surrado e um belo sorriso branco no rosto: - Bom dia! – Disse ele me olhando de cima abaixo, que ainda estava sem a parte de cima. - Bom dia, desculpa, poderia esperar só um pouco? - Quanto tempo quiser e se precisar de ajuda, tenho duas ótimas mãos. Fiz uma careta negando a ajuda e subi rapidamente. 10 minutos depois estou pronta e vamos para escola, quando vou começando a andar pela rua ele chama minha atenção: - Onde pensa que vai? Disse isso mostrando seu Mustang. Fiquei curiosa para saber como ele conseguiu aquele carro, mas no momento só pensei em entrar e ir para escola. Ele muito cavalheiro abriu a porta do carro e colocou o cinto em mim, enquanto eu gastava meia hora para chegar à escola indo a pé, chegamos vinte minutos depois de sairmos da porta de minha casa. Todos os olhares se voltaram para nós, quando chegamos com seu carrão na garagem da escola, parecia que o presidente dos Estados Unidos que estava chegando. Ate aquela altura, eu só pensara em mim andando naquele Mustang ao lado de um mega gato, só lembrei que sempre vinha para a escola com Jackie, quando ele entrou na sala na terceira aula. Como Will estava sentado ao meu lado, Jackie teve de se sentar nos fundos. Quando ia começar com meus devaneios, pousa um papel em minha mesa, era de Jackie: “O que aconteceu?! Fui ate a sua casa, mas não tinha ninguém lá, pensei que tivesse acontecido algo, chamei por você, por sua avó, mas ninguém saiu” Fitei o papel por alguns instantes, ate que Will fala baixinho: - Não vai responder? – Disse olhando-me com uma cara de curioso. Escrevi logo abaixo da letra de Jackie: “desculpa, Will apareceu lá em casa e peguei carona com ele” O papelzinho foi passando, até chegar às mãos do remetente. A expressão de Jackie mudou totalmente, era uma mistura de confusão e raiva, ou algo muito do tipo, por que simplesmente me olhou e baixou a cabeça. A aula passou lentamente, dividi meu livro com meu novo parceiro de aula, entre olhares e algumas trocas de palavras, ele deixou escapar algo: - Você está tão cheirosa... Apenas olhei-o e sorri envergonhada. Ainda tentando entender o porquê de tudo aquilo estar acontecendo; ele tendo me levado para casa, me beijado e ter me dado carona, era muita coisa pra minha mente conseguir processar. Quando ia me inclinar um pouco para seu lado e perguntar por que tinha feito aquilo, o professor chama meu nome: - Susan, poderia ler para nós o último parágrafo? – Disse o professor Dalton, de literatura. Consenti balançando a cabeça e dei continuidade à leitura: “Ultrapassando as horas, desdobrando os meses, engolindo os anos, desmembrando os séculos, eu sempre o amarei você é tudo que quero, que d****o P.S Kishdan” Terminando a leitura, faltou-me o ar, novamente aquele nome; acreditava em coincidências, mas tantas ao mesmo tempo. Percebi que Will me olhava, aquilo havia atiçado ainda mais minha curiosidade, e para minha alegria, soou o sino para a hora do almoço. Sai em disparada da sala, tentando recuperar o fôlego, não conseguia entender por que aquilo tinha conseguido me abalar tanto daquela maneira. Estava recostada, no muro dos fundos da escola, meu lugar preferido quando queria ficar sozinha, estava de cabeça baixa, quando alguém chegou e pôs a mão no meu braço e diz: - Esta tudo bem?! – Perguntou a voz aflita e incomparável, era Jackie. - Não sei, não tenho certeza... Fitou-me por alguns segundos e perguntou: - Que história é aquela do Will ter te dado carona?! Percebi a preocupação em seus olhos, resolvi acalma-lo: - Ele me acompanhou ate em casa ontem e me ofereceu carona para hoje. - Por que aceitou?! Sua preocupação tornou-se raiva, por ter aceitado a carona: - Pensei que não gostasse dele, já que o evitava, pelo menos na minha presença. Disse com um tom autoritário que não me agradou e fez revidar: - Qual seu problema? Eu nunca disse que não gostava dele, só comentei que achava ele um pouco estranho. - Isso é o suficiente para manter distancia, ou o certo é fazer amizade com pessoas que nem faz ideia de quem seja e de onde vieram?! Antes de responder novamente a mais uma pergunta indiscreta dele, Will chega de repente e retruca: - Tem algum problema ela ir e vir pra escola comigo? Não sou nenhum bicho e apesar de ser esquisito, não vou arrancar pedaço, morder tudo bem, mas não machucá-la. Fiquei surpresa por vê-lo ali, fiquei pensando se ele havia me seguido e se ouvira toda conversa, e novamente, antes de responder algo, Jackie responde rispidamente: - Conheço-a muito bem, e sei que você não é o tipo de pessoa para ficar perto dela. Will chegou tão perto de Jackie, que pensei que fosse dar-lhe um soco, mas ele apenas respondeu, olhando fixamente nos olhos dele: - E por acaso, você é a pessoa certa para ficar perto dela?! Que eu saiba um vândalo que bota fogo na escola, não é a melhor companhia para uma garota. Jackie, furioso não deixou por menos: - Sabemos muito bem que não fui eu, Susan sabe mais do que qualquer um, que jamais faria esse tipo de coisa. Já você, ninguém sabe e nem viu nada, estranho você querer jogar essa culpa pra cima de mim, quem garante que não foi você que fez isso e colocou a culpa em mim?! Will riu sarcasticamente e respondeu: - Por que faria isso? Só pra poder deixar o “guarda-costas” da “princesa” longe dela e tentar roubá-la para mim?! Seria um golpe de mestre, não sei como não pensei nisso. Os dois ficaram se olhando, e antes que um deles falasse mais alguma coisa, interferi: - Chega isso não vai levar a nada. Jackie, temos aula agora vamos. Ate Will. Antes de sairmos, Will me puxa beija-me. Jackie simplesmente larga os livros e parte, para cima dele, os dois ficam ali, se agarrando, rolando no chão, enquanto eu gritava para eles pararem: - PAREM COM ISSO!!! Quando penso que tudo acabou, Jackie agarrou Will pelo colarinho da blusa e o arremessa contra o muro, que estremece e fica um buraco, por onde o corpo de Will passou. Fique imóvel diante daquilo, Jackie estava com a blusa rasgada, suja de sangue, já Will, estava do lado de fora da escola e vinha correndo na direção dele, quando o diretor aparece e diz: - Muito bonito, hein rapazes todos para a diretoria. Ao chegarmos lá, a senhora Morgana já nos esperava, m*l entrei na sala e logo ela disse: - Segunda vez que a recebo nesta sala, em menos de duas semanas de aula hein senhorita Parker e pelo que tenho notado, a senhora é a mentora dos problemas. Tentei me defender e amenizar a situação: - Foi só uma discussão boba entre eles, por conta de dinheiro. Ele olhou-me com um sorriso e visou os jovens sujos de lama e retomou: - Ora senhorita Parker, dois rapazes; fortes, jovens e bonitos, brigando na sua frente, por causa de dinheiro? Já vi desculpas melhores. Terminou olhando para senhor Hills, que também riu da minha resposta. Antes de poder reverter à situação, Will toma o rumo da conversa e fala: - A senhora tem toda razão, ate por que não preciso brigar por causa de dinheiro. O real motivo da briga é esta linda moça que esta na sua frente. Fitei-o para repreendê-lo pelo que tinha dito, mas dou de cara com um sorriso malicioso em seus lábios. Morgana devia ter seus 45 anos e deve ter passado por muita coisa na sua vida de diretora, parecendo farta de ter que lhe dar com brigas de adolescentes, ela foi direta: - É o seguinte, crianças, deixarei vocês irem para casa, por que não quero vê-los sujos andando pela escola, a senhorita também esta dispensada. E mais uma coisa, resolvam seus problemas fora dos muros da escola, se houver qualquer outro problema entre vocês, darei transferência para nunca mais ter de ser obrigada a vê-los novamente. E quanto a você Susan Parker, meta-se em mais um problema e lhe transferirei para o conselho, indagando que você é recorrente em vandalismo e pequenos delitos. Aquilo me deixou boquiaberta, a senhora Morgana que sempre pareceu um amor de pessoa, agora parecia uma madrasta malvada, nos ameaçando, mas principalmente a mim, que nunca havia feito nada, alem de tentar ser uma boa aluna e tirar boas notas. Resolvi consentir e sai rapidamente pelos portões do colégio, alguns minutos depois da caminhada, escuto Jackie gritar por mim, pedindo para esperar dei uma diminuída no passo e logo estava ele do meu lado. Algum tempo de silencio e ele diz: - Desculpa você não merecia ouvir aquilo. Fitei-o e vi sua expressão de decepção e tristeza: - Não precisa se desculpar você só quis me defender, mesmo não fazendo ideia do que, mas era sua intenção. Eu que devo pedir desculpas, não o avisei que vinha com Will e não guardei seu lugar, ao meu lado. Ele simplesmente parou-me e ficou em minha frente e disse: - Gosto muito de você Susan, fiz aquilo para protegê-la daquele i****a, que só quer brinca com você, sei que não seu pai, ou seu... Namorado, mas me importo muito com você. Sorri para ele, com um alívio, por ele não ter ficado com raiva de mim, aconcheguei-me contra seu peito e continuamos a andar. Alguns minutos depois, chegamos a minha casa, como ele não podia chegar á sua casa todo sujo; deixei que ele tomasse banho e trocasse de roupa, havia algumas roupas do meu irmão que serviam nele. Dei-lhe uma toalha e roupa limpa e fui para meu quarto esperar ele sair. Alguns minutos depois, escuto o barulho da porta do banheiro, saio do meu quarto para falar com ele, quando reparo que ele estava sem camisa. Nunca tinha visto Jackie sem blusa, a única vez que tinha visto, foi numas fotos que a mãe dele me mostrará e que eram de quando ele tinha uns 5 anos. Ele estava enxugando o cabelo e ao terminar pôs a toalha em volta do pescoço, seu tórax era exaltado tinha um pouco de pelo, seus braços eram fortes, nunca havia reparado, ate por que ele sempre usara blusas e casacos, sempre me dissera que sentia muito frio, e que por isso usava tantas roupas. Admito que fiquei paralisada em vê-lo daquela forma, ao ver-me, ele também fica sem jeito e rapidamente veste a camiseta fina que havia lhe entregado, mas ainda dava pra perceber seus músculos molhados na blusa. Tentando quebrar o silencio entre nós, ele diz: - Serviu direitinho, obrigado. Sorri consentindo. Fomos ate meu quarto para pegar suas coisas da escola, que tinha deixado lá, enquanto tomava banho. Descemos e o acompanhei ate a porta, despedi dando-lhe um abraço e ele foi para casa, acompanhei-o com olhar e pude perceber os músculos de suas costas se contraírem enquanto andava, naquele momento, vi Jackie com outros olhos, algo um pouco mais que amigos, algo um pouco alem da camiseta fina que ele estava vestindo. Sai de meu devaneio com o telefone tocando, era mamãe: - Meu amor, que saudades, como estão às coisas? Ouvir a voz de mamãe sempre me deixava feliz: - Mãe... As coisas estão bem, não estão melhores, por que você não está aqui. Ela deu uma risadinha e continuou: - Só eu que estou fazendo falta por ai? E seu pai e Hank?! Ah já sei, esta sentindo falta das minhas panquecas, não se preocupe, logo estarei ai pra fazê-las para você. “Logo”, ela só dizia essa palavra, quando não ia voltar logo, já esperando receber a noticia que temia: - Mãe, quando a senhora volta? Houve um silencio tão profundo, que só ouvi o barulho de pessoas rindo ao longe, do outro lado da linha. - Mãe? - Filha... Surgiram uns imprevistos, as nossas passagens, venceram há dois dias e só tem avião de volta pra daqui a 8 dias. Não estava querendo acreditar que ia passar mais 8 dias longe da minha mãe. Achando que ela podia estar brincando disse: - Vocês chegarão amanhã? - Não, desta vez não estou brincando, bem que queria, mas infelizmente é verdade, desculpa. Antes que pudesse dizer algo, escuto a mesma e velha mensagem que tanto odiava: “conexão com o servidor foi perdida, por favor, tentar mais tarde” E mais uma vez, passaria dias sem falar com eles novamente, sem noticias, sozinha; já que minha avó teria de ficar, uns dias na casa dela à espera de uma encomenda do correio e que ela precisaria assinar; algum prêmio de revista velha.
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