O Camelão
A espera fazia parte do jogo. Estava dentro do caminhão há três horas, sentado no banco de trás, me preparando. Agora, eu era um senhor de sessenta anos. O rosto que me olhava no espelho não era o meu, era o de um velho cansado, com rugas profundas, pele flácida e expressão abatida.
A cigana fazia um trabalho perfeito, mas chegar até ela não erafácil. Antes de sequer falar com a mulher, precisei negociar com dois homens: seu marido e seu pai. Ambos eram ciganos tradicionais e não confiavam em qualquer um. Para eles, a segurança da família vinha em primeiro lugar, e testar minhas intenções fazia parte do processo. Não bastava ter dinheiro; era preciso provar que não representava ameaça para eles ou para a mulher que carregava o dom. Era preciso paciência, e paciência era algo qu
