Capítulo UM

2573 Palavras
"Movimento a cidade, baby você tá por onde?" Segunda-feira São Paulo - Paulista Capital Meus olhos lutavam para se manter abertos, o sono tomava conta de mim. Bosta de segunda-feria, e para completar é aula de estatísticas e probalidade, que aula chata da p***a. Suspiro me ajeitando sobre a cadeira dura e desconfortável, e apoio meu cotovelo direito sob a mesa, e deito minha cabeça em minha mão. Olho em volta e vejo quase todos caindo de sono - como eu. Os que não estão da mesma forma, são os filhinhos de papai que não tem preocupações como nós bolsistas. Valeu Luiz Inácio Lula da Silva por pagar minha faculdade com o PROUNI. Olho para meu caderno eu não havia anotado nada sequer, claro esse professor ta lendo o slide, se for assim eu leio também. Como estuda assim? Merda de dia, já começou como a piscina do casarão - suja de droga e bebida. Acordei atrasado, não paguei a conta de água e cortaram, tive que tomar banho na academia, esqueci de comprar comida, a gasolina da minha moto acabou no meio da avenida, e pra finalizar esqueci meu guarda-chuva; tá eu sei que ta ensolarado, mas eu moro no Sampa, obvio que vai chover (sempre chove). E como se não fosse o suficiente, recebi uma mensagem do Kauan, me avisando que as rachas dessa semana seria canceladas por causa das pessoas da cracolândia descendo pro centro de SP. Triste a situação dessas pessoas. Como disse o bêbado do bar da minha rua: "A droga é economia da sociedade!". Demorei para entender essa frase, mas agora compreendo com que Seu Raimundo queria dizer. Mas f**a-se! Bocejo de sono, e sinto meus ombros doerem de tensão e exaustão. Coloco minhas mãos nos músculos doloridos e os aperto firmemente, na tentativa de aliviar alguma coisa, mesmo sabendo que não seria aliviado. A como eu queria uma p**a ruiva pra f***r agora, ia ser ótimo, ha, ha, ainda bem que ninguém escuta meus pensamentos, se não eu estaria preso ou em um hospital psiquiátrico. Ou achariam que eu sou um completo pervertido... não que... esquece. Eu só queria alguém legal, para dar prazer e sentir prazer. Meus olhos lacrimejam, e não me aguento, preciso de um café, ou de um enérgico sei lá. Me levanto pegando meu celular, e saio da sala, e vou em direção ao banheiro. Ao chegar, paro em frente ao mictório e suspiro antes de começar a mijar. Outro jovem entrou ao banheiro, ele parou mais distante em outro mictório - é até que é gatinho, mas não faz o meu tipo. O silencio tomou conta do banheiro, apenas o som do nossos paus urinando. Enquanto olhava a minha urina terminar de sair, sinto um zumbido em meus ouvidos, eles abafaram fazendo eu perder totalmente audição por longos segundos. Um bip alto foi aumentando gradualmente até me causar uma dor em ambos ouvidos, fecho meus olhos e me apoio na parede no banheiro, e esfrego a minha orelha direta para ver se aquele bip parava. O que p***a tá acontecendo? De repente aquele som agudo foi abaixando mas ainda estava presente. Tiro a minha mão de minha orelha, e vejo um pouco de sangue, mas o que? Arregalei os meus olhos, incrédulo com que eu estava vendo. Senti o liquido quente descer pela pequena a******a lentamente. Toquei novamente e meus dedos saíram vermelhos vibrantes e molhados. Meu coração começou a bater forte em meu peito, sinto a musculatura do meu torso ser atinga em cada batimento. Um calafrio ergueu-se em meu corpo me arrepiando dos pés a cabeça. Engoli em seco e senti o gosto ferroso e áspero do sangue descer por minha garganta, me fazendo fazer uma expressão de repulsa. Meus o que está acontecendo? O garoto ao meu lado, saiu do mictório indo em direção a pia, e eu tento disfarçar o que havia acontecendo. Balanço meu pênis com a minha mão limpa, retirando o resto de urina que poderia ter e o guardo em minhas calças. Fui em direção a pia e pareiam frente a uma delas, levemente mais distante que aquele garoto. Sinto aquele bip diminuir gradualmente, conseguindo escutar o barulho da água saindo de ambas torneiras abertas - mas era como chiado distante. "Eu vou terminar com ela hoje, chega disso! Eu mereço mais." Escuto uma voz distante, mas ao mesmo tempo perto. Olho no espelho com a minha testa franzida, e meu coração acelerou cada vez mais, e sinto uma sensação estranha em minhas têmporas. "Aquela desgraçada, só fez da minha vida um inferno, narcisista de merda." Não havia mais ninguém no banheiro, apenas eu e esse garoto. Engoli em seco e olhei para para o lado, e logo notei vendo que ele levava mais do que o necessário para lavar as mãos. Ele olhava para a água cair como se estivesse pensando em algo. "Eu não vou chorar..." Franzi o cenho olhando para ele. - Ahm desculpa, você falou comigo? - Pergunto, sacudindo as mãos. "Otimo agora essa, eu só queria ficar sozinho e esse i****a ta aqui!" - i****a é você meu parceiro, tu achando que eu sou seus manos, cuzão? - Me altero. - Em nenhum momento eu disse nada! Por que você está alterado? - Ah, não, você falou sim! - Respondi, mas ainda confuso. A dor em meus ouvidos e zumbindo para diminuir mas a estranheza e o mau estar era algo que permanecia. - Não... - Ele olhou para mim e franziu o cenho apontando para a minha orelha. - Mano, tua orelha tá sangrando... tá bem, irmão? Eu me virei de frente para o espelho olhando aquele liquido vermelho escorrer em meu pescoço, e imediatamente corri em direção ao suporte de papel e peguei grande quantidade colocando em ambos ouvidos, na tentativa de estancar o sangue. Olhei para ele, e sei que fiz uma expressão confusa. - To bem, eu tenho um B.O nos meus ouvidos. - Menti, claro que eu não vou falar sobre isso para ele. "Isso pode ser sério..." Ouvi novamente mas dessa vez pude ter certeza que ele não havia dito nada. Olho em busca de outra pessoa no banheiro e não havia ninguém além de nós dois. Mas como? - Vai no médico, mano. - Ele disse secando as mãos com um olhar desconfiado para Lucas. Apenas sorri e desviei olhar dele, retirando os papeis encharcados de sangue e sinto o zumbindo ir embora aos poucos. Ele saiu do banheiro e olhei ele sair pelo reflexo do espelho. Suspirei de dor, e abri a torneira debaixo da pia, lavando ela por completo e passando um pouco de água por fora. Assim que acabo, vou em uma cabine chacoalho a minha cabeça lá retirando o excesso de água e passei as mãos em meus cabelos molhados, e soltei o ar preso em meus pulmões. - O que c*****o ta acontecendo? 🏳️‍⚧️ [...] Desde a hora que aquilo aconteceu no banheiro, eu finalmente entendi o que estava acontecendo. EU POSSO ESCUTAR OS PENSAMENTOS DAS PESSOAS. Olha seja lá quem fez isso pra mim, pode tirar! Eu não quero escutar esses absurdos que eu estou ouvindo o dia inteiro! Nada de útil! Na faculdade descobri nada que vai cair nas provas, apenas que a Sheila quer ficar comigo. E eu não suporto a Sheila! Durante as minhas corridas de moto com a Uber, ouvi diversos pensamentos perversos da minhas passageiras de como elas gostariam de f***r comigo - não gostaria de saber que as elas sentem fetiche no meu capacete! E alguns devaneios aleatórios, de pessoas aleatórias. Fora que esse bip infernal me trouxe dor de cabeça - quase enxaqueca. E pra f***r mais comigo, eu escuto tudo no transito, e como nós motociclistas de moto somos bem amados, eu não quero ter que chutar um retrovisor por ai. Então DEUS seja lá quem, tire isso agora, eu imploro. Estou no posto de gasolina, já era por volta das 20:30 da noite, eu estou exausto, estressado, não aguento mais esse dia. Eu vou pra casa daqui. "Eu quero ir pra casa meu deus..." Revirei os olhos ao escutar os pensamentos do homem que colocava a gasolina para mim. Entrego uma nota de vinte para ele, e assim que ele terminou me viro para sair quando uma corrida é solicitada. Olhei para o endereço, era perto da minha casa, diferença de 800 metros de distancia. Um pouco hesitante, concordo em aceitar ao menos a ultima corrida daquela noite - só espero que não seja mais uma maluca que sente t***o no meu capacete. Dou partida com a moto e vou de encontro ao passageiro, Noah... nome de gringo. Só falta isso, um gringo metido a b***a! Ninguém liga que você veio dos Estados Unidos! - só as interesseiras. Ao chegar, paro na frente de um supermercado, e vejo um jovem mais ou menos da minha idade (24 anos) sentado na calçada com uma bolsa preta desgastada. Ele estava com o uniforme do Carrefour, olhos cansados, olheiras profundas,e cabelos levemente bagunçados. Sua pele era bronzeada como a minha, com cachos bem definidos em corte americano - combina com ele. Olhos castanhos claros e lábios levemente carnudos, ele é bem bonito. Coitado, mais um escravo CLT, eu só não sou assim por que a Uber até que dá um bom dinheiro, e também com a tatuagem de palhaço que eu tenho, é complicado arrumar emprego. Até eu remover ela, vou trabalhar assim. O jovem ao me ver, ele se levantou pegando a bolsa colocando nos ombros. Ele parou perto de mim e pensou: "Que bom que ele chegou..." - Lucas? - Ele disse com a voz cansada. Não é gringo, menos m*l. Eu não estava afim de ficar gastando o básico ralo do meu inglês quase 21 da noite! - Sim, Noah certo? - Pego o capacete e entrego para ele. Ele acenou com a cabeça, e subiu na garupa enquanto colocava o capacete. Quando ele já estava em cima, dei partida, e segui em rumo ao destino de Noah. Essa cidade nunca dormia, a noite o Sampa era muito bonito, as luzes e sombras, era um verdadeiro espetáculo urbano. Mas na verdade era apenas um lembrete para mim e talvez para o Noah, que amanhã seria tudo igual, e que para que eles tivessem ao menos um luxo, teriam que trabalhar horas seguidas. Nessa verdadeira selva de concreto temos que ser animais apenas predadores, não temos tempo para ser uma presa! Pela primeira vez naquele dia, estava em completo silencio, nem os pensamentos do Noah nem os meus, eu estava escutando. O cansaço era tanto, que nós dois não conseguimos pensar, mas não demorou muito, para que os pensamentos de Noah começasse a surgir em minha cabeça. "Eu não quero ir pra casa... só de pensar que eu vou ter que lidar com a minha mãe e meu padrasto... Se eu matasse? Se eu apenas pedir pro Lucas, me deixar aqui, a estação da CPTM ta logo aqui perto, eu compro uma passagem e..." Paro em um farol, e sinto um aperto em meu coração ao ouvir esse pensamento, engoli em seco. "A morte é uma opção muito boa, para pessoas como eu... não tem lugar nesse mundo. Ninguém me aceitaria do jeito que eu sou, eu to cansado, exausto, ninguém se importa comigo! Merda..." Sinto meu coração palpitar forte, olho para Noah pelo retrovisor, e vejo os olhos castanhos levemente marejados. O que eu faço? Minha nossa senhora, me ilumina, o que eu devo fazer? Olho em volta, e vejo um restaurante, com um letreiro brilhante dizendo: Aqui você pode levar a vida com mais EMOÇÃO. Foi como uma chave virando em minha cabeça, espero que funcione... - Noah... - Chamei levantando a viseira. - Sim? - Ele sussurrou. - Quer uma corrida com emoção? - Me virei e olhei para ele. Que olhos bonitos. - Como assim? - Ele franziu o cenho. - Segura firme. - Pego as mãos dele e coloco em minha cintura. - E tenta cobrir a placa. Finalizo a corrida para não aumentar o valor para ele, e assim que o farol fica verde, acelero a moto, fazendo ele me agarrar com força. As ruas de São Paulo passava como um borrão de luzes e sombras, o vento batendo no rosto me trazia a mesma sensação de liberdade quando eu vou competir nas rachas. Desvio do caminho da casa de Noah, entrando em avenidas, desviando dos carros, e de pessoas. "Meu deus..." Sorri, e acelerei mais chegando a 100 KM por hora, deito a moto em uma curva fazendo o pneu cantar levemente, nossos corpos grudam um no outro e consigo sentir o coração dele acelerado. Acabei passando em uma lombada, fazendo ele pular em cima da moto, sou uma risada disfarçada pela forma que ele me segurou com medo de cair. Eu nunca deixaria ele cair. "Caralho... bati minha buceta... nossa doeu ha,ha,ha..." Fico surpreso com esse pensamento, não me diga que... c*****o que delicia... Não pude evitar de sorrir, mordi o lábio e faço novamente mais uma curva, e sinto as pernas dele apertar as minhas. c*****o liberdade é um bagulho muito foda... "Isso ta me deixando molhado... merda... não posso ficar com t***o" Acabo abrindo um sorriso maior, ele não estava sentindo isso sozinho. Eu estava igual, minha ereção estava ficando cada vez desconfortável - e claro prazeroso. Acelero em uma avenida passando pelos carros, acelero mais passando pelo sinal vermelho, ouvindo outros pensamentos de xingamento de outras pessoas - e até alguns comentários em voz alta. Mas naquele momento isso não importava, Noah não pensava mais em seus problemas ou na morte, apenas se concentrava em não cair, e na excitação que aquela adrenalina estava causando nele. E isso por algum motivo, me deu tesão... sei que não deveria mas não consigo evitar, p***a não é todo dia que eu PANSEXUAL tenho uma oportunidade de ter um homem desse na minha garupa. Obrigada Deus... "Meu deus... que tesão..." Sim. Concordo com ele em pensamentos, e continuo a pilotar a moto mais rápido. Faço um caminho diferente e mais longo em direção a casa de Noah. Manti a alta velocidade e fazendo drifts, até infelizmente chegar na rua da casa dele. Paro minha moto na frente de um pequeno apartamento humilde, e vejo ele descer com as pernas bambas. Ele retirou o capacete me entregando, e sorriu. Um sorriso sincero e bonito. Ele não sabia o que dizer, mas seus pensamentos estava mostrando gratidão e confusão. "Droga o que eu falo? p***a e agora... isso foi muito bom... pensa Noah p***a!" - O-obrigado Lucas, p-pela gentileza e pela corrida... - Sorriu de forma tímida com as bochechas com um leve rubor. - Por nada. Se precisar de uma corrida com emoção, é só me chamar. - Brinquei fazendo ele rir. - Tá... - Ele abaixou a cabeça, e mordeu o lábio inferior afundando os dentes na área rosada. Meu deus, se esse filho da p**a entrar na minha cabeça eu viro um stalker. Observo ele entrar no apartamento, de costas analisei cada parte do corpo dele, e p**a que pariu! Quando Deus te fez... se loco pae. Se eu pego eu não largo mais. Tirando dos meus pensamentos vejo ele acenar para mim antes de sumir do meu campo de visão. Suspirei realizado, e meti marcha de lá, acelerando a minha moto em direção a minha casa.
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