Capítulo 03

2090 Palavras
O maxilar de Hans pareceu cair. Eu fiquei olhando para sua cara, enquanto colocava gelo na minha cabeça. Eu estava tipo "conte-me algo mais interessante que os golfinhos que defecam no mar", e ele estava tipo "eu não acredito no que você afirmou". Bem, vamos dar uma rebobinada: O 21st Century Boys invadiu minha casa, simpatizaram com meu pai, lancharam minha comida reserva, comeram meus bombons (serve de indireta, Backer e Isaac), quase pegaram meus pôsteres no flagra, me fizeram bater a cabeça e desmaiar, zoaram com a minha cara durante todo o dia, foram convidados para voltar e jogar video-games e no final de tudo, meu pai descobriu que eu sou a garota mais sortuda do mundo. - CARAMBA, MADISON, VOCÊ DEVE SER TIPO, A GAROTA MAIS SORTUDA DO MUNDO! - Hans disse, surpreso. Não falei? - Você confundiu "sortuda" com "azarada", pai. - eu sorri ironicamente. Sortuda por ter conhecido os garotos e azarada por ter só passado vergonha na frente deles. De todas as formas que eu me imaginei conhecendo o Century (que foram muitas) cair de um telhado direto no colo de Henry Carter, não passou nem perto de qualquer imaginação bizarra que eu poderia ter tido. - E você não entende a profundidade disso! - ele se aproximou, levantando as mãos - Você não está feliz? - Feliz? Estar surtando por dentro e querer explodir em duendes coreanos cantando aquela música do Titanic não é estar feliz? Então eu realmente não sei o que estou. - revirei os olhos, mas fui completamente ignorada. - Sua banda favorita veio aqui em casa e a única coisa que você fez foi comer, levar tombos e mandá-los embora! - ele apenas continuou dizendo daquela forma pasma, como se eu não estivesse ali e ele estivesse refletindo consigo mesmo. - Você deveria pular, pedir um autógrafo, se descabelar, pedir para que eles cantassem com você uma música favorita... - Pai. - eu o chamei - Você parece mais fanático por eles do que eu nesse momento e eles são um g***o - Revirei os olhos - Se não se importa, eu vou tomar um banho para começar a desempacotar as caixas. - Eu havia até me esquecido disso. - Disse ele, rindo. - Jura!? - Joguei o pano de gelos por cima do meu ombro e subi as escadas lentamente, mas esperando que saísse da visão dele e pudesse começar a correr. Nos últimos degraus, dei uma corridinha, fechei a porta do meu quarto e apertei meu rosto contra o vidro da minha baywindow. Lá estavam eles, andando pelo gramado da casa vizinha - a deles - e sentando na escadinha da porta. Eles deveriam estar conversando sobre alguma coisa realmente engraçada, pois Backer estava em pé e fazendo gestos com a mão, fazendo os meninos rirem. Fiquei ali por tempo indeterminado. Só estava faltando pipoca e refrigerante para como se eu estivesse vendo um filme interessante na casa ao lado. Então, um carro preto chegou e os meninos se jogaram dentro dele, evaporando depois disso. Bem, eu digo isso, pois não os vi voltar o resto do dia. Posso dizer que fiquei agarrada na janela o dia inteiro para confirmar isso. (...) Me joguei na bancada da cozinha naquele dia frio e cinzento, o comum de Seul. Eu havia acabado de levar um tombo na escada e torci o pulso, que agora estava doendo. Fiquei lamentando minha vida no meu achocolatado que eu estava comprando caixas a nível de ficar diabética para ganhar a promoção 10 viagens para a Orlanda. Que dia mais entediante. - Bom dia, Mad! - Disse meu pai, passando por mim e sorrindo. - MAS O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ISSO!? - Gritei, a ponto de chorar. Meu pai me olhou assustado. - O que? - Perguntou. - Com "bom dia", o que quer dizer? Que é um dia para se estar bem? Que é para eu estar bem nesse dia? Que o dia está bom para se estar bem? Que é um dia que você está bem, pois é um bom dia e eu preciso estar bem também? Deu para ver que eu fiz uma confusão nos neurônios do meu pai. Ele balançou a cabeça e disse: - O que há de muito errado com você hoje? - Reparou no "muito" errado, né? Significa que para o meu pai, eu estou sempre errada, hoje eu estou fora do "comum da Mad". - O QUE HÁ? - Eu fingi chorar - O QUE HÁ? HÁ QUE O CENTURY NÃO APARECE EM CASA FAZ TRÊS DIAS, EU TO SEM NOTÍCIA VIA TWITTER E AQUELES FÃ-CLUBES SÓ ATUALIZAM COM COISA QUE EU JÁ SEI! (Isso para uma stalker, é o cúmulo da tristeza, pois é.) Me arrastei até sua camiseta do pijama e fingi limpar as lágrimas, fazendo biquinho. - O que levaria uma pessoa a "atualizar" no sabonete líquido? - Revirei os olhos. Meu pai e sua mente da década passada. - Mas o que quer que eu faça? - Traga eles de volta. - Pedi. - Ai ai, Mad, você fica cada dia mais louca. - Ele revirou os olhos, mais uma vez e me afastou de sua camisa do pijama - Quando fizer dezoito, pode deixar que essas fantasias de fã passam. - Mas eu TENHO dezoito! - Resmunguei. - Então vai procurar um emprego e para de viver às custas do seu velho pai. Sei... Velho pai que encarna o branco metido à rapper e fica verbalizando gírias adolescentes como "cara", "mano" e o pior de todos "falou". Me joguei na cadeira novamente e percebi que havia entornado o achocolatado na mesa. Meu pai passou na minha frente para limpá-lo. - Quer saber, por que não vai fazer alguma coisa produtiva como ir no supermercado para comprar umas coisinhas que eu comprei há três dias, mas acabaram? - Ele riu e estendeu uma lista quando eu disse que "qualquer coisa menos continuar lamentando a falta do Century". - Aproveita e leva o Loki para passear na coleira nova. - Gritou ele da cozinha. Gatos não usam coleiras. Definitivamente não. Mas Loki tinha uma coleira e eu estou colocando ele nela para sairmos. Coloquei um casaco e fechei a porta de casa, caminhando pelo gramado da minha casa sem obedecer a placa de "não pise na grama" e trazendo Loki na coleira. - O que será que Isaac devorou e meu pai quer que eu abasteça a dispensa? - Falei sozinha, abrindo a lista e colocando na frente do meu rosto. O vento estava tão forte que fez a lista grudar na minha cara. E eu continuava a andar, cega com a lista na minha cara e a coleira de Loki se mexia impacientemente na minha mão. A única mão livre era a que, na verdade não tão livre, eu segurava a lista. Tirei a lista da cara e olhei para a coleira de Loki, que estava sobrevoando no ar. Como assim, agora além de ser um agente secreto, ele voa?! Segui a linha da coleira e me deparei com aquela pessoa que seria impossível de não reconhecer, aquela pintinha em baixo dos lábios e aquela expressão de pânico. Henry estava bem ali, segurando Loki e fazendo carinho em sua cabeça. - He-Henry?! - eu fiquei mais branca que o pelo do Loki. - Hey, Mad! - Disse ele, alegremente. - Estava aqui fazendo carinho no Loki enquanto você está aí com esse papel enfiado na cara parecendo louca com um gato numa coleira... Você sabia que gatos não usam coleiras? Eu gaguejei... E não me lembro do que estava tentando falar. - Hã. Claro que sim, mas o Loki é um gato especial. - Ele riu. - Ah, é? E por acaso ele só tem uma vida? Nós rimos. Quero dizer, era para eu não rir! - Então... Lembrei que não tenho seu contato. Qual seu número? - Perguntou. SANTA VODCA! VOU INFARTAR AQUI E AGORA! ME SEGURA, PRINGLES! Henry Carter está pedindo meu número. Eu fiquei SEM FALA. Literalmente. Nenhuma palavra parecia querer sair. Então eu apenas tirei meu celular do bolso e ofereci, como se pedisse para trocar de celular e eu escrevesse no dele. Ele me passou seu celular e eu comecei a digitar meu número. - Aqui está. - Disse, devolvendo meu celular e eu devolvi o dele. - Então... Seu pai está em casa? - Sim, ele ainda espera a chegada de você e seus amigos para jogar video-games. - revirei os olhos e ele abriu um sorriso, para minha surpresa. - Ah é? Pois eu e os meninos chegamos da viag... digo, chegamos da casa da mãe do Bailey e vamos dar uma passadinha lá. Onde você está indo? - Supermercado. - ele me devolveu o gato. - Ok, então a gente se vê lá na sua casa. - E saiu andando em direção ao meu gramado, sem mais nem menos. Eu acenei para o vento e continuei meu caminho para o supermercado, agora super desconcentrada sobre o que devia comprar. Na minha cabeça, os cinco itens da lista de compras eram: Henry, Henry enlatado, Henry para cozer, Henry com farinha e Henry loção para cachos sedosos. (...) Voltei para casa logo após ter comprado os itens, que no rótulo não haviam nenhum "Henry" para comprar, e de ter tido uma longa discussão com o segurança do mesmo de que aquele não era um cachorro disfarçado e sim, de fato, um gato usando coleira. - ALGUÉM PODE ME AJUDAR? - Gritei ao abrir a porta de casa, sabendo que teriam sete seres altamente fortes... Ok, apenas sete caras com um (pouco) de massa muscular superior, mas podiam mesmo assim carregar as compras. - NÃO É MUITO FÁCIL EQUILIBRAR QUATRO PACOTES ENTUPIDOS DE PORCARIAS E AINDA TER DE PRENDER UM GATO AGENTE SECRETO ATRASADO PARA SUA MISSÃO DO DIA EM SUA COLEIRA! Silêncio, essa foi a minha resposta. Eu já mencionei o quanto adoro o fato de ter tantos atenciosos cavalheiros ao meu redor e disposição? Adoro, principalmente quando eles esquecem que a fã aqui existe e ficam lá em cima jogando video-game com meu pai. Veja só o cúmulo: com meu pai! Ok. Eles querem jogar sujo? Então vamos jogar sujo. - OH NÃO, VEJAM SÓ ISSO! EU ACIDENTALMENTE DEIXEI CAIR TRÊS SACOS ABERTOS DE DORITOS! INFELIZMENTE, COMO NÃO TEM NINGUÉM EM CASA QUE POSSA ME AJUDAR A GUARDAR O RESTANTE, EU SEREI OBRIGADA A JOGÁ-LOS FO... - NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO! - Fui interrompida por um Isaac que corria apressadamente as escadas (se eu tentasse fazer aquilo, cairia nos primeiros dois passos). - Não mexa um músculo! Se fizer qualquer movimento brusco é o fim do nosso relacionamento! - Ele ameaçou segundos antes de ver que não tinha nenhum doritos aberto no chão. - Hum, nós nunca tivemos um relacionamento. - Eu revirei os olhos. Que lástima. Doloroso falar isso e saber que é verdade. - Mas teríamos se você não fosse uma destruidora de sonhos de nachos industrializados. - Ele se aproximou para pegar UMA sacola, mas eu acabei jogando tudo em cima dele, soltei Loki e corri escada acima, prestando atenção onde colocava meus pés. Primeiro, eu tuitei que estava feliz que o Century havia chegado de sei lá onde. Recebi zero mentions dos meus cinco seguidores que nem sabem o que seria Century, provavelmente são cinco pessoas deslocadas que esperam que eu siga de volta. Depois eu invadi a sala de video-games, onde fiquei boquiaberta com a visão de um Noah começando a tirar a camisa porque ele estava jogando boxer com meu pai e agora os dois estavam muito suados. Quem jogava agora era Henry contra Joshua. Que beleza. Bem, melhor que isso n******e ficar. Crente eu estava desse fato, quando todos concordaram que estava muito quente ali, e começaram a tirar as camisas. E eu lá, no canto da sala, aplaudindo que Bailey tivesse ganhado de Backer no jogo quando na verdade, eu aplaudia o corpo escultural que aqueles garotos tinham. - MADISON, QUER JOGAR COMIGO? Tomei um susto quando Henry gritou do outro lado da sala para mim. - Ahn... O QUE VOCÊ QUER JOGAR? - Eu gritei de volta. - GUITAR HERO! - GOSTEI DA BRINCADEIRA DE GRITAR COMO SE ESTIVESSEM A DOIS KILOMETROS, QUANDO NA VERDADE ESTÃO NA MESMA SALA. - Gritou Backer, rindo. - Beleza. - Levantei do chão e fui me juntar à Henry, pegando a guitarra. Mais alguém tem dúvidas de que eu vou perder e ele vai me zoar para sempre? Eu dou balinhas.
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