Meu celular começou a tocar, peguei o mesmo olhando no visor e sai do barulho pra atender, era número desconhecido então deduzi logo que era o outro.
Ligação - Número desconhecido.
- Alô? - falou uma voz masculina.
Suzzy: Oi, quem é?
- Boa noite, eu sou do Hospital Getúlio Vargas e esse celular estava no bolso de um dos homens que foi trazido pra cá, você é parente dele?
Suzzy: Você sabe me informar como ele é?
- Ele tem uma tatuagem no peito escrito Micaelly.
Suzzy: Eu sou... Eu sou esposa dele, o que aconteceu?
- Eu preciso que a senhora compareça com urgência no hospital, traga os documentos dele.
Suzzy: Ele está bem? Está vivo?
- Não posso falar sobre isso pois só o médico sabe informar, eu sou da triagem, atendimento, mais você pode ver com o médico quando chegar aqui, provavelmente ele lhe informará tudo.
Suzzy: Ok, já estou indo pra ir.
Ligação finalizada.
Eu não falei nada com ninguém, dali mesmo parti pra casa, peguei os documentos tanto dele como o meu e fui pro hospital na Penha, quando cheguei me direcionei pro balcão onde um homem falava com outra pessoa que estava ali, esperei um pouco e ele me chamou.
- Boa noite, os documentos por favor. - entreguei. - É consulta pra senhorita? No momento só estamos atendendo urgência.
Suzzy: Não, me ligaram do hospital... - olhei pro lado e vi os policiais que me encararam igualmente. - Me ligaram daqui dizendo que acharam o celular no bolso de um homem que deu entrada, pela característica passada parece ser meu marido.
- Você pode aguardar um minuto? Houve troca de plantão ainda pouco, vou procurar saber sobre isso e já volto. - assenti.
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A má vontade do filha da p**a era tanta que eu fiquei quase que uma hora ali esperando até ser chamada pelo médico pra conversar, ele apareceu de jaleco, era um senhor de aproximadamente quarenta anos e não parecia ser do Brasil.
- Você deve ser a Suzzy, estou certo? - assenti. - Bom, eu sou o Doutor Clóvis, prazer. - estendeu a mão e eu apertei. - Seu marido deu entrada no hospital com dois ferimentos no peito, ele foi internado meia noite mais não resistiu aos ferimentos vindo a falecer dois minutos após a sua internação, o primeiro tiro alojou na costela. - mostrou no corpo dele o local. - Mais o segundo atingiu uma artéria o que gerou uma hemorragia impossível de ser controlada, chamei a senhora aqui porque é importante o reconhecimento do corpo antes de enviarmos para o necrotério, vale lembrar que consultamos também o cadastro dele, sabemos que o mesmo é doador de órgãos e por isso estamos mantendo ele vivo, tecnicamente falando é claro, se você não sabe, o cérebro é o último órgão a parar e por isso pedimos permissão para retirar o que for de grande utilidade, os órgãos dele poderá salvar uma vida.
Suzzy: É muita coisa pra mim processar mais eu dou permissão para a retirada dos órgãos dele caso seja ele mesmo e quando eu posso ir reconhecer o corpo? - pergunto ao mesmo tempo que tento segurar as lágrimas.
Clóvis: O mais rápido possível até porque cada minuto é crucial para a sobrevivência dos órgãos antes do transplante, você pode me acompanhar até lá? Depois você retorna para preencher o formulário de consentimento da retirada dos órgãos.
Suzzy: Posso sim, vamos? – ele concordou e eu o segui.