Capítulo 10 - Kai

1533 Palavras
Armin POV – Nada. Não aconteceu absolutamente nada! Puxei Vikram pelo r**o escutando ele sibilar irritado talvez ainda pela dor que estava sentindo no local ou apenas por eu ter puxado. – Se não tivesse acontecido nada você não estaria tão desesperado... Theodore concluiu me olhando com o semblante fechado, e eu apenas pedi aos céus ou a tudo que me ouvisse que meu amigo resolvesse simplesmente esquecer essa história ao invés de criar caso. Sei que Theo é de extremada confiança, mas eu não podia correr o risco dessa informação vazar. – Você prefere acreditar nele do que em mim? Apelei para a chantagem emocional fazendo minha melhor carinha de choro. E vendo a expressão que Theo possuía, podia concluir que ele havia caído em minha manobra. – Armin mentiroso! Vikram exclamou se virando para mim e eu via que ele estava com raiva pela primeira vez desde que o encontrei. Eu até ia o responder algo, mas Theo nos interrompeu já tão irritado quanto nós. – Chega disso! Dando o basta fazendo tanto eu quanto Vikram nos calarmos, ele passou a mão pelos cabelos exasperado. – Vamos, saiam porque eu preciso me preparar para a apresentação! Apontou ele para a porta, e eu só tive a reação de puxar o híbrido pelas costas do paletó até que estivéssemos do lado de fora do quarto. – Por que Armin mentiu? Armin sabe que beijo aconteceu! Reclamou ele agora com sua franja aparada balançando com formosura na frente de seu rosto. Suas bochechas estavam rosadas pelo esforço que ele fazia ao falar e eu apenas tapei sua boca com uma de minhas mãos olhando ao nosso redor. – Fique quieto ou alguém vai escutar você falando isso! Ralhei entre dentes vendo ele me observar agora quieto. – Não nos beijamos, aquilo foi um esbarrão. Apenas isso! Acabando por perder a paciência, gritei com ele vendo o felino se encolher e se afastar um pouco balançando a cabeça em afirmação. Naquele momento eu percebi que havia pegado pesado demais com ele, mas já era tarde, pois vi ele sorrir entristecido. – Vikram, me desculpe eu...- Tentei me desculpar com ele me aproximando um pouco. – Vikram bem. Foi a única coisa que ele disse antes de sair andando em minha frente apressado. Suspirei angustiado e corri atrás dele pois nem mesmo andar devagar eu poderia, já que se vissem ele andando por aqui sozinho poderiam fazer alguma coisa r**m. [...] Ajeitando meu smoking branco com alguns pequenos e simples detalhes em pérolas, desço as escadas andando para fora onde Victor já me esperava. Ele estava no hall conversando com Arzhel tranquilamente como se eu não tivesse praticamente obrigado ele a ir nesse evento comigo. Ao ouvir meus passos sobre os degraus da escada vi ele se virar para mim e sorrir ladino e se curvar cordialmente apenas por rotina e eu fingi que nem percebi ele alí. Quando na verdade havia não só percebido como também reparado na maneira como ele estava bem vestido. Ele está bem trajado em um terno de corte inglês xadrez cinza com uma blusa branca gola alta e um par de óculos de armação fina dourada. Seus cabelos loiros estavam bem arrumados e organizados fazendo com que ele ficasse mais galã ainda. – Está deslumbrante, jovem Black. Me elogiou falsamente e eu apenas acenei minha cabeça me negando a agradecer em voz alta. – Quero ele em casa às 10! Meu irmão informou com um sorrisinho feliz e com as sobrancelhas franzidas ainda tentando manter sua pose de irmão mau. – Pode deixar, Sr. Black. Disse o Goldberg deixando dois tapinhas no ombro de Arzhel que sorriu para mim acenando ingênuo. Talvez na mente dele eu tenha finalmente aceitado o fato de que eu me casaria com Victor e que suas dores de cabeça teriam fim. Queria muito poder gostar de Victor. Queria muito poder amá-lo. Mas infelizmente as coisas não acontecem dessa maneira, e por isso eu teria que partir o coração do meu irmão e trair a confiança de meu pai para ser livre. Logo que saímos, entramos em um dos automóveis de meu pai onde o motorista já nos esperava, e nos dirigimos ao teatro da cidade sem nem mesmo comentar sobre o clima. Victor por sua vez tentou algumas vezes puxar assunto, mas não insistiu quando finalmente percebeu que ele era apenas meu passe livre para fora de casa. Isso fez meu coração se apertar. Será que ele está chateado por eu ter o usado assim? Ah, faça me o favor! Esse cara agrediu Vikram sem motivo nenhum e você ainda tem pena dele?! Minha consciência gritou me fazendo voltar a meu estado de sanidade normal onde eu odeio Victor sem nem pensar duas vezes. – Me sinto honrado pelo seu convite, querido. Escutei o tal ser odioso zombar já tendo percebido minhas intenções e eu rio por dentro pensando em meus acompanhantes que me esperavam já no teatro. E ao lembrar disso foi inevitável pensar no acidente do porão e de como eu perdi a paciência com Vikram mais cedo. Será que eu fui muito duro com ele? Ele é praticamente uma criança, não merecia ser tratado assim tão rudemente. Eu poderia ter falado com ele de outra forma ou conversado com ele depois em outro momento, mas acabei por magoar o pobre híbrido. Fechei meus olhos respirando fundo esperando que ele não tenha ficado muito triste com aquilo, pois eu mesmo já estava profundamente arrependido de ter feito aquilo. Em contrapartida, também estava realmente ansioso para ver Theodore cantar em público pela primeira vez em um local tão importante, e tenho certeza que ele também estava. Não estava nervoso quanto ao fato de ele se sair m*l ou coisa do tipo, pois sabia bem do que ele era capaz. Escutei ele cantar tantas vezes, ensaiar tantas vezes... Sua voz era algo revigorante. Algo que nos envolve em uma complexidade extraordinária de sentimentos. Cantar já fazia parte de sua alma de uma maneira tão forte que depois de todas as suas apresentações ele chorava no final. Era uma demonstração de que era o mundo dele, o amor dele estampado em notas e expresso em sofejos. Houve uma vez que eu perguntei sobre esse fato de chorar ao final de todas as músicas e ele apenas me respondeu que é como se ele estivesse escrevendo em notas o que suas emoções estão ditando. Depois disso, nunca mais consegui ficar sem chorar também, já que finalmente havia entendido a importância que cantar fazia para ele. Ao chegarmos na porta do teatro fui obrigado a entrar de braços dados com aquele miserável que provavelmente se sentia vitorioso por finalmente conseguir encostar em mim, mas eu não deixo isso continuar por muito tempo pois assim que meus olhos encontram Vikram e Theo eu me solto dele. Mas não foi tão fácil quanto eu pensava, já que assim que tentei me distanciar dele eu senti meu pulso ser segurado. – Nem pense nisso mocinho... Escutei a voz de Victor perto de meu ouvido e eu me virei vendo que ele não parecia muito contente por ver Vikram alí. – Você realmente veio comigo para me trocar por aquilo?! Ele, com raiva, questionou com o nariz franzido em repulsa e eu apenas tentava retirar sua mão de meu pulso mas ele me apertava de uma maneira impressionantemente forte. – Me solta, Goldberg! Eu vou gritar! Eu murmurei entre dentes igualmente irritado e ele riu chegando seu rosto próximo do meu me fazendo sentir o cheiro amadeirado de seu perfume. – Vai em frente. Tenta. Ele responde sem medo nenhum do que eu faria em seguida e eu tentei novamente me desvencilhar dele e, já agoniado por não conseguir de jeito nenhum, ia realmente gritar quando escutei uma voz familiar. – Um cavalheiro nãopode se portar dessa maneira, Goldberg. Eu nunca fiquei tão feliz em ver Kai na minha vida, olhei para ele que tinha uma taça de champanhe a mais em suas mãos e estendeu para o Goldberg que não teve outra opção além de me soltar com a expressão mais revoltada possível. Kai estava bonito em um terno tradicional preto com camisa e gravata ambas pretas também fazendo seu rosto se destacar como a principal atração de seu estilo. Não entendi muito o que ele fazia aqui, mas supus que ele havia sido chamado por Theo, já que eles eram da mesma turma. Sorri minimamente e agradeci Kai apenas com um olhar e corri para Theodore que estava com o híbrido ao seu lado perto dos camarins. – O que aquele babaca estava fazendo com você? Theo perguntou tocando em meu ombro me fazendo sentir suas mãos levemente geladas - talvez pelo nervosismo -, então suspirei. – Não vamos falar sobre ele, tá? Pedi e ele deu de ombros ajeitando o chapéu na cabeça de Vikram que nos olhava atento a tudo que dizíamos. Meu coração pesou levemente por ver que ele se recusava a olhar e se dirigir a mim, porém me mantive firme em não me render a seus protestos silenciosos. – Vamos entrar no auditório? Reservei os melhores lugares para vocês! Theo exclamou sorridente nos puxando.
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