Capítulo 5 - H3

1614 Palavras
Armin POV – Temos que pensar no que vamos dizer para os professores quando eles perguntarem sobre Vikram... Devaneei enquanto ainda caminhávamos em direção a escola que não ficava muito longe de nossas casas. Vi Theo bater os ombros não muito preocupado. – Ele está de uniforme, então é só dizer que ele é um aluno recém transferido! Simplificou ele como se fosse fácil assim enfiar uma pessoa desconhecida dentro de sala de aula. – Espero que isso realmente funcione ou estaremos muito encrencados. Pouco confiante eu suspirei quase que em uma prece silenciosa a qualquer força misteriosa que me ouvisse no momento. O que foi? Depois de conhecer um híbrido de humano/gato eu agora acredito em qualquer coisa. Ao chegar no portão da escola senti Vikram se agarrar em meu braço e me puxar para trás de súbito. Olhei para ele e vi que ele tremia e a cor rosada de suas bochechas havia sumido e seus olhos pareciam meio perdidos. Ele não chegou a dizer, mas era óbvio que ele havia ficado intimidado com o prédio grande da escola e com os barulhos irritantes dos alunos. – Não tenha medo, okay? Vai ficar tudo bem. Assegurei e ele não pareceu tão convencido quanto a isso, mas balançou a cabeça em afirmação e não soltou meu braço ainda encolhido. Olhei ao redor e suspirei. Se ele ficasse assim todos achariam que temos um relacionamento e isso definitivamente não era uma coisa muito boa para mim. Porém, se eu o largasse, ele poderia - amuado pelo medo - cometer algum deslize. E eu não estava disposto a limpar erro de ninguém. Principalmente agora que minha vida está um caos. Então segurei em sua mão, já que se era para parecer um relacionamento iria ser direito. De toda forma, deixe que os outros pensem o que eles quiserem. Talvez isso até me ajude a me livrar de meu casamento forçado, até porque nunca me forçariam a casar com Vikram quando vissem o que ele realmente é. No final de tudo, o que importa é que Vikram esteja calmo e não faça nenhuma besteira. – Se isso não fosse bizarro seria bem fofo. Theo comentou rindo e eu dou um soco em seu braço coberto pelo suéter branco que ele usava por cima da blusa social da escola. Ele não estava ajudando em nada com suas brincadeiras no momento. Eu nem mesmo conseguiria assistir a nenhuma aula por ter que ficar constantemente preocupado com o híbrido ao meu lado. Dispersando por um momento meus pensamentos quase que suicidas por perceber que a única solução era a morte, vimos alguns alunos já andando mais a frente. Todos trajados com as cores oficiais de suas respectivas turmas. Theodore usava o uniforme com detalhes vermelhos por ser da turma A, e eu usava o azul por ser da turma B já que eu não era tão inteligente assim. Por coincidência, Jungkook usava um uniforme azul e cinza igual nosso uniforme de frio. Mas além dessas cores ainda possuía o amarelo da turma C e o roxo da turma D. Você já pode imaginar o quão vergonhoso era usar um uniforme roxo, não é mesmo? Usar o azul já era motivo de vergonha, amarelo nem se fala, mas o roxo era sinônimo de delinquência. Já entrando no colégio estranhando bastante por ninguém da portaria falar nada sobre Vikram, vejo que algumas pessoas olharam para nós quando passamos pelo pátio principal. Eu e Theo éramos conhecidos mais popularmente por sermos os "riquinhos reservados" e por isso raramente alguém vinha falar conosco. Mas quando se tratava de falar de nós... – O que é aquilo, Arminnie? Vikram perguntou baixinho e - eu tentei ignorar o apelido que ele me deu - apontando para o campo onde os garotos jogavam futebol e as garotas torciam ensandecidas na arquibancada pelos garotos mais bonitos do colégio. Não podia negar, eles eram incríveis de fato. As vezes outras garotas - e garotos - das escolas das redondezas vinham assistir os jogos da nossa escola apenas por causa deles. Mais especificamente três deles. – Aquilo? Futebol. Disse despretensioso e ele assentiu parecendo não entender muito bem do que se tratava e eu o puxei para perto da mureta que nos impedia de cair do prédio da escola para podermos ver melhor o campo. – O grupo que jogar aquela bolinha na rede do outro faz ponto. Apontei para a bola que foi passada rapidamente para um dos garotos favoritos e o alvoroço na arquibancada aumentou. – ...e o que tiver mais pontos ganha! Entendeu? Expliquei rapidamente observando a maneira que ele estava entretido com aquilo e isso me deixou embasbacado. Onde ele viveu por toda a sua vida para nem mesmo saber o que é futebol? Ele balançou a cabeça sorrindo animado e apertando minha mão. – Vikram pode jogar também? Neguei seu pedido com pesar vendo ele se tornar cabisbaixo, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa para explicar a ele o motivo, Theodore me interrompe. – Por quê não? Se ele quer deixa ele jogar! Disse aquele ignorante do qual eu chamo de amigo na defensiva sem nem mesmo se dar conta do óbvio. Desferi um tapa nele sem o garoto ver escutando ele reclamar passando a mão no local atingido. – Ele é uma criança perto daqueles garotos! Sinalizei exasperado querendo que ele não colocasse caraminholas na cabeça do híbrido que nem mesmo voltaria nessa escola amanhã se dependesse de mim. – Só o Cesar tem 1,91! Apontei para o rapaz que agora secava o seu suor com uma toalha enquanto as garotas o rodeavam tentando fazer com que eles entendessem o motivo de Vikram não poder jogar. Além do fato de que ele não sabia jogar, e que aqueles garotos poderiam machucar ele por serem extremamente brutos. – Sem contar que eles são animais! Eles com toda certeza esmagariam ele! Mais uma vez reafirmei meu ponto de vista vendo Theo rir com um bico consternado. – Se for apenas por isso, ele também é um... Ele fez duas orelhinhas acima de sua cabeça com as mãos e eu o interrompi com dois tapas em cada uma. – Pare com isso ou vão suspeitar de nós! O alertei de olhos arregalados vendo ele me encarar de volta com tédio. – Suspeitar de quê, Armin? Nem em sonho eles vão suspeitar que...- Interrompi ele com mais um tapa ouvindo ele reclamar mais alto ainda. – Virei saco de pancada, foi?! Ignorei sua reclamação me voltando para o híbrido com os olhos fechados tentando me concentrar em ser paciente. – Vikram, tente entender, eles podem te machucar e... Mais uma vez eu tentava explicar para ele, mas ao abrir meus olhos percebi que eu estava falando sozinho, já que o híbrido em questão havia sumido. – Céus! Cadê ele?! Gritei em sussurros para o meu amigo que nem mesmo me dirigia o olhar, já que ele olhava alarmado para um outro lugar. – Tem como você prestar atenção no problema?! Cutuquei ele desesperado, mas ele pegou em meu queixo me fazendo olhar para o final do corredor onde a cena seguinte ocorria: Os três garotos mais lindos, populares, altos e, no momento, suados estavam vindo do campo a fim de cruzar esse corredor para chegar aos vestiários. E Vikram, o menor garoto dentre os demais, mesmo já sendo extremamente alto para mim, com sua touquinha que destoava do uniforme, andava até eles curioso. – São os H3! Os gritos femininos aumentavam a medida que os garotos populares se aproximavam. – Faça me o favor, que coisa ridícula... Theo frisou escutando aquele nome patético que haviam dado para aqueles garotos. – Jura que você tá preocupado com isso?! Justo agora?! Apontei para Vikram já quase perto dos garotos e senti meu corpo inteiro tremer em nervoso. – Eles são tão lindos que eu posso até morrer! Uma das garotas gritou do nosso lado fazendo minha dor de cabeça se potencializar no meio do caos que era a minha vida e eu revirei os olhos cansado daquela mesma coisa de todos os dias. Seria até irrelevante se eu tivesse que só ver eles passando, mas Kai precisava mexer comigo toda vez que passava. Kai Black era meu primo, que ao mesmo tempo não era, já que ele era bastardo, e eu era a única pessoa na escola toda que ele ainda não conseguiu encostar. E eu era motivo de ódio das outras garotas (e até garotos) pois ele sempre mantinha os olhos em mim por todos os lugares e não nelas. E eu tinha culpa de ele ser um babaca de primeira? Se ele pensava que iria me conquistar como um prêmio para me colocar na prateleira e me esquecer, ele estava muito enganado. Junto com ele andavam dois garotos, Cesar e Finn. E o trio era chamado de H3. Parece ridículo, ou coisa de novela, mas é real. E sabe o que significa H3? Handsome 3 Tão patético que sinto meus órgãos doerem em sintonia. Mas eu não tinha tempo para pensar muito nisso agora, já que meu verdadeiro problema estava do outro lado do corredor. Peguei na manga do suéter de Theo e o puxei por dentre as garotas ensandecidas até conseguir alcançar Vikram. Bom, isso teria sido uma manobra perfeita se Finn já não tivesse sido o único que viu eu puxar o híbrido pelo colarinho e cutucado Kai para que ele pudesse me interceptar em minha caminhada de volta. – Bom dia, Armin! Escutei sua voz radiante e ofegante das atividades recentes me saudar então paralisei ainda de costas tentando me esconder atrás de Theo, mas eu sabia que já era tarde demais.
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