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1270 Palavras
Jerrane A noite na Penha parecia tranquila, mas o meu coração estava em tumulto. Eu estava grávida do Barão, meu grande amor, e o sonho de construir uma família com ele estava tão próximo que quase podia tocar. Mas, do nada, a felicidade se transformou em uma dor insuportável, como se alguém estivesse me esfaqueando por dentro. Estávamos sentados no sofá da minha casa, e eu m*l conseguia relaxar. Uma pontada aguda tomou conta do meu ventre, e eu olhei para o Barão, que estava ao meu lado. Ele tinha um sorriso no rosto, mas eu sabia que ele estava preocupado. Jerrane: Barão, eu tô começando a sentir uma dor… muito forte. Barão: O que aconteceu? Fala comigo, por favor! Você tá bem? Eu queria garantir que estava tudo certo, mas a dor só aumentava. Quando olhei para baixo, percebi que estava sangrando. Um frio percorreu minha espinha. Jerrane: Barão… Preciso… de um médico… Ele não hesitou. Com um movimento rápido, me pegou no colo e saiu correndo da casa. O morro estava escuro, e as luzes dos postes piscavam como se quisessem me avisar de algo. Eu sentia meu corpo pesado, e cada movimento parecia me levar mais para o fundo do abismo. Barão: Calma, Jerrane, calma! Eu tô aqui com você, não vai acontecer nada. Finalmente, chegamos ao hospital. O Barão me levou até a entrada, e a enfermeira nos viu. Ela chamou um médico, e eu fui levada para uma sala. O Barão ficou do lado de fora, a tensão em seu rosto era palpável. O tempo parecia uma eternidade. Entre uma contração e outra, eu m*l conseguia entender o que estava acontecendo. As luzes brilhantes do hospital me deixavam tonta, e eu me sentia como se estivesse flutuando. Então, o médico entrou, e a expressão dele fez meu coração afundar. Médica: Jerrane, eu sinto muito, mas você perdeu o bebê. As palavras dela foram como um tiro no peito, e tudo dentro de mim desmoronou. Jerrane: Não… — só consegui murmurar, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. O sonho que eu tinha, a vida que eu imaginei, tudo tinha ido embora em um instante. O médico tentou me confortar, mas não adiantava. Eu precisava do Barão. Precisava dele do meu lado. Finalmente, ele entrou, e seu olhar se encontrou com o meu. O desespero e a dor que vi na expressão dele eram mais do que eu conseguia suportar. Barão: O que aconteceu? — a voz embargada. Jerrane: Eu… eu perdi… — as palavras me custaram a sair, e a angústia na voz dele fez meu coração se partir ainda mais. Barão: Não, não pode ser… — Ele se aproximou, pegando minha mão com força, como se estivesse tentando me manter viva. — Jerrane, eu não sabia que isso poderia acontecer… Eu devia ter feito algo! Jerrane: Barão, não é sua culpa. Eu só… eu queria tanto esse bebê… Ele estava ali, se esforçando pra ser forte, mas eu via a fragilidade dele. O homem que sempre foi meu porto seguro agora parecia tão perdido quanto eu. Barão: Vamos superar isso juntos. Eu vou estar ao seu lado, não importa o que aconteça. — Ele falou, a determinação na voz misturada com a dor. Eu queria acreditar, mas a perda do nosso sonho me deixava sem chão. O morro, que sempre foi nosso lar, agora parecia um lugar sombrio e frio. As luzes lá fora piscavam, e eu sabia que a luta estava apenas começando. Os dias seguintes foram um turbilhão. Eu estava em casa, mas a dor ainda doía como se fosse ontem. O Barão estava sempre por perto, mas cada vez que olhava para ele, via a tristeza refletida nos olhos dele. Ele fazia de tudo para me distrair, trazia comida, ligava para os amigos, tentava me fazer rir, mas a alegria parecia ter se afastado de mim. Barão: Vamos dar uma volta, Jerrane. Você precisa respirar um pouco de ar fresco — ele sugeriu em um dos dias mais pesados. Jerrane: Não sei se consigo… — murmurei, olhando pela janela. A vida na Penha continuava, mas eu me sentia presa em um pesadelo. Barão: Eu não tô pedindo pra você sair dançando, só um passeio rápido. Vai ser bom pra você — ele insistiu, e acabei concordando, pois queria vê-lo sorrir de novo. Saímos para o morro. As pessoas passavam, algumas acenavam pra gente. Mas eu não conseguia me sentir parte daquilo. O Barão tentou puxar conversa, mas eu m*l respondia. Ele parou em uma das praças, e o olhar dele estava perdido em algum lugar longe. Barão: Jerrane, você sabe que pode contar comigo, né? — Ele perguntou, o tom de voz suave, quase como se estivesse com medo de me assustar. Jerrane: Eu sei, Barão, mas não sei se consigo seguir em frente. Sinto falta do que não vivi… — As lágrimas voltaram a escorregar pelo meu rosto. Era como se uma avalanche de emoções tivesse desmoronado sobre mim. Ele se aproximou, me abraçando com força. O calor dele me envolveu, e eu me deixei levar, chorando em seu peito. Barão: Eu também sinto. A gente sonhou tanto, né? Mas não podemos deixar que isso acabe com a gente. Precisamos encontrar um jeito de superar isso juntos. Jerrane: E se eu não conseguir? E se eu nunca mais for a mesma? — a insegurança tomou conta de mim, e a sensação de desamparo se intensificou. Barão: Você vai conseguir, Jerrane. Você é forte. — A confiança dele era contagiante, mas eu ainda lutava contra meus próprios demônios. — Vamos juntos, um dia de cada vez. Ficamos ali, nos abraçando, enquanto o sol começava a se pôr. O céu se enchia de cores, mas a beleza da cena não conseguia alcançar a dor que eu sentia. A vida continuava, e eu sabia que precisaria encontrar um jeito de seguir em frente. Nos dias que se seguiram, eu comecei a tentar encontrar um novo ritmo. O Barão estava sempre ao meu lado, e a presença dele se tornou um consolo. Ele me levava a diferentes cantos do morro, me apresentava amigos e tentava me fazer sorrir. Mas eu ainda tinha dias ruins, em que tudo parecia desmoronar de novo. Um dia, enquanto estávamos na laje da casa, ele se virou pra mim, com um olhar sério. Barão: Jerrane, eu preciso te falar uma coisa — ele começou, a tensão no ar era palpável. Jerrane: O que foi? — perguntei, meu coração acelerando. Barão: Eu não quero que você pense que eu estou te pressionando, mas… eu quero ter filhos com você. Eu ainda quero construir nossa família, e não quero que isso mude o que sentimos um pelo outro. A sinceridade dele era tocante, mas a ideia de engravidar de novo me deixava assustada. Jerrane: Barão, eu… eu não sei se estou pronta. Eu não consigo nem pensar em voltar a passar por isso novamente. Barão: Eu entendo. Só quero que você saiba que, independentemente do que aconteça, eu vou estar ao seu lado. Nós vamos achar um jeito de lidar com isso. — A determinação na voz dele me fez sentir um pouco de esperança, mas a insegurança ainda me consumia. O tempo passou, e, aos poucos, comecei a ver um pequeno raio de luz na escuridão. Barão continuava me apoiando, e eu me permiti sonhar um pouco. Poderia haver um futuro, mesmo que fosse diferente do que havíamos imaginado. A vida na Penha seguia, e eu percebia que, apesar das dificuldades, as pessoas ao meu redor estavam sempre se ajudando. Comecei a me sentir parte disso de novo, mesmo que lentamente.
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