O jantar estava frio. O relógio bateu meia-noite e Audrey ainda estava sentada à mesa, olhando fixamente para a toalha bordada. Ela havia servido os pratos mais de quatro horas atrás, esperando pelo marido com a ingênua esperança de que aquela noite seria diferente. Mas não foi. Não seria.
Ela suspirou resignada e levantou-se, caminhando até o espelho da sala de jantar. Ela olhou para si mesma, alisando nervosamente o tecido do vestido. Havia algo nela que justificasse a indiferença de Max? Ela era realmente tão feia? Ela sabia que tinha engordado nos últimos anos, que a sua timidez a fazia parecer sem graça... mas ela ainda era a mesma mulher que o seu marido um dia amara perdidamente. Ou talvez não mais?
O som da porta se abrindo a tirou dos seus pensamentos. Um arrepio percorreu a sua espinha quando o cheiro inconfundível de álcool preencheu o ar. Max tinha chegado.
— Audrey… A sua voz era grossa, arrastada, com aquele tom que sempre trazia problemas.
Ela correu até ele, animada, querendo abraçá-lo, sentir o seu cheiro e fingir que estava tudo bem. Max deixou que ela fizesse isso, apoiando-se no corpo dela mais do que o necessário. Audrey o segurou ternamente, sentindo o calor da sua pele. Então ele segurou a bochecha dela com uma doçura inesperada, os seus olhos cristalinos refletindo algo que ela não conseguia decifrar.
— Eu te amo, Audrey... Ele sussurrou, acariciando o seu rosto. — Eu te amo mesmo que você seja uma mulher m*á.
Audrey piscou confusa, seu peito apertado de angústia.
— Meu amor, eu não sou uma mulher m*á. Ela sussurrou, acariciando os seus cabelos. — Por que você diz isso?
Max soltou uma risada amarga, um som carregado de zombaria e ressentimento. O seu olhar, antes vítreo, tornou-se sombrio e acusatório.
— Eu sei de tudo, preciosa pequenina... Ele disse com aquela voz venenosa que a aterrorizava. — Eu sei de tudo, é por isso que faço o que faço com você. Porque você é um lixo.
O seu estômago revirou. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele estava entrando naquela espiral de ódio e autodestruição da qual nunca saiu ileso.
— Max, por favor... Ela tentou acalmá-lo, mas, o seu marido afastou-se abruptamente.
— Por favor, o quê? Não estou te dizendo a verdade? Você deve continuar fingindo ser uma mulher decente? A sua voz elevou-se, os seus olhos brilhando de fúria. — Olha só você, Audrey! Você é gorda, sem graça, sem vida. Como você espera que um homem como eu queira tocar em você? Você é um castigo do c*****o!
Ela sentiu o mundo desmoronar sob os seus pés.
— Max, eu... Ela engoliu o nó na garganta, tentando não chorar. — Eu te amo, estou fazendo de tudo para melhorar o nosso relacionamento. Diga-me o que devo fazer, por favor... diga-me e eu farei.
Max olhou para ela com desgosto, com uma crueldade que antes seria impensável nele.
— Você não pode fazer nada, Audrey. Ele cuspiu com desprezo. — Porque você sempre será assim... gorda.
Audrey sentiu a sua alma se despedaçar em mil pedaços. Ela cerrou os punhos contra o estômago, sentindo a sua autoestima sumir a cada palavra que o marido dizia. Mas ainda assim, ela se agarrou à esperança.
— Estou trabalhando com os meus médicos para melhorar... Estou de dieta, Max...
Ele riu. Uma risada cr*uel e vazia.
— Para quê? Ele avançou de repente, prendendo-a contra a parede e respirando no seu rosto. — Você é uma causa perdida, Audrey. Não importa o que você faça, você sempre será o que é... uma decepção.
Ela fechou os olhos com força, mordendo o lábio para não soluçar. Mas ele não terminou.
— Droga... Ele sussurrou, deslizando os dedos pela bochecha dela antes de agarrar o seu pescoço com força e beijá-la violentamente, com raiva.
Audrey tentou se afastar, mas Max a segurou brutalmente. A boca dele tomou conta da dela com um domínio que não buscava amor, mas punição. Ela gemeu entre os dentes, tentando resistir, mas sabia o que viria a seguir. Sempre foi assim.
— Droga... mil vezes condenada. Ele repetiu contra a pele dela, o seu hálito espesso de uísque.
Ele a pegou pelo cotovelo e a arrastou para dentro do quarto. Audrey sentiu os seus pés m*l tocarem o chão, o medo corroendo a sua alma. Outra noite. Outra noite em que o seu marido a tomaria violentamente, onde ela se forçaria a suportar, a fingir que em algum lugar naquele tormento ainda restava um vestígio do homem que um dia a fez se sentir amada.
E na manhã seguinte, ela acordava enojada. Ele se levantava sem olhar para ela, sem lhe dizer uma única palavra, como se ela não existisse.
Audrey não entendia como o seu príncipe encantado havia mudado tanto. Se ela o amava tanto... por que ele a odiava tanto?
Mas a pior pergunta de todas, aquela que a mantinha acordada no meio da noite, era aquela que ela nunca ousava pronunciar: e se sempre tivesse sido assim e ela nunca quisesse ver?
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Katie Müller saiu do luxuoso carro preto com a elegância de uma rainha. A brisa quente de Miami acariciava a sua pele dourada enquanto ela cruzava a entrada principal da sua mansão, onde os criados já a aguardavam.
— Meu marido chegou? Ela perguntou, tirando os óculos escuros com um movimento calculado.
— Sim, senhora. Respondeu uma das funcionárias, abaixando a cabeça.
Katie sorriu imediatamente, um sorriso satisfeito e confiante. Finalmente, Oskar estava em casa. Ele passou semanas viajando a negócios, deixando-a sozinha e ignorando as suas ligações e mensagens. Mas agora eu o tinha aqui e iria tirar vantagem disso.
Ela subiu rapidamente as escadas de mármore, parando apenas para se olhar em um dos espelhos do corredor. Ela retocou a maquiagem, aplicou um pouco de perfume no pescoço e no colo e alisou o vestido justo. Eu sabia que Oskar não era fácil de impressionar, mas ela não podia deixar de tentar. Afinal, o seu marido era a criatura mais perfeita que ela já conheceu. Alto, com cabelos raspados, tatuagens cobrindo a pele e aqueles olhos verdes que poderiam desarmar qualquer um. A mera presença dele exalava poder, domínio... e ela ansiava por sua aprovação.
Quando ela finalmente chegou ao escritório dele, ela o encontrou encostado na mesa, falando ao telefone. Ele vestia um terno escuro, com os dois primeiros botões da camisa abertos, revelando as tatuagens. O seu cheiro de tabaco e madeira a envolveu imediatamente, acendendo uma centelha de desejo dentro dela.
— Querido... Ela sussurrou com uma voz doce enquanto se aproximava.
Oskar olhou para ela pelo canto do olho, continuando a falar. Katie, impaciente, pegou o telefone da mão dele e desligou sem o menor remorso.
— O que dia*bos há de errado com você, Katie? O seu tom era seco, irritado.
Mas ela apenas sorriu antes de envolver os braços em volta do pescoço dele e roçar os lábios nos dele.
— Senti tanto a sua falta... Ela murmurou, beijando-o.
Mas Oskar não retribuiu completamente. A boca dela m*al reagiu antes que ele gentilmente, mas firmemente, se afastasse.
— Como foi na Rússia? Ela perguntou, lambendo parte do pescoço dele.
— Bom. Diz o homem, nada animado com o que a sua esposa estava fazendo com a língua.
— Você está pronto para noites selvagens de se*xo, papai? Ela usa as mãos para descer até o pê*nis, mas o marido a impede.
Katie cerrou os dentes, escondendo a sua frustração.
— Não comece. Ele avisou, acendendo um cigarro.
Katie cruzou os braços, tentando permanecer relaxada.
— Eu só quero passar um tempo com você. Não é crime, sabia?
Oskar exalou a fumaça lentamente, observando-a com uma paciência que parecia estar por um fio.
— Quanto dinheiro você quer desta vez?...
— Não quero dinheiro, só quero tra*nsar com meu marido. Ela afirma. — Você me disse que me engravidaria este ano.
— E deixei bem claro para você que não haverá bebês, por enquanto.
— Quero engravidar antes da Audrey!
— Isto não é uma competição. Não me casei com você para você poder ter uma maratona de me*rda com todo mundo. Ele levanta a voz rouca e grave. — Casei para começar uma família na hora certa.
— Você se casou comigo porque eu tenho um corpo espetacular e você queria tirar a minha virgindade. Ela sussurra no seu ouvido.
Oskar não estava nem um pouco a fim das birras da esposa, que acreditava que, por ter chegado virgem à cama dele, ela merecia ser mimada em todas as coisas estúpi8das.
— Não haverá crianças por enquanto. Declarou ele.
A modelo cerrou os dentes novamente, frustrada. Ela não conseguia engravidar de Max por dois motivos: primeiro, ele não se deixava go*zar dentro dela quando faziam se*xo. Ela também não se permitia ter relações sexuais com o marido da amiga sem camisinha, pois para ela o único que poderia enchê-la de sêm*en era seu marido legítimo. E outra, porque ela sabia perfeitamente que um homem como Oskar Müller faria um teste de DNA no bebê.
Ela só teria filhos de Oskar.
Ela não era estúp*ida. O marido dela não confiava nela. Ela percebeu que Oskar estava muito distante dela, então ela teve que se recompor. A modelo só queria acabar com o casamento da amiga, então ela teve que se apressar para não acabar com o seu próprio no processo.
— Amor, você viu o colar de diamantes que te enviei? Ela o questiona, mudando de assunto. — Eu quero, Audrey tem um e eu também quero um.
O marido abre uma gaveta da mesa e tira uma linda caixa de veludo azul.
— Aqui está. Ele diz.
A mulher sorri maliciosamente. Ela tinha visto aquele m*aldito colar de diamantes na mulher gorda semanas atrás e, de repente, ficou obcecado em ter um.
— Obrigada, meu amor, você é sempre tão atencioso. Ela grita de felicidade. — A sua mãe também me trouxe da França o casaco de pele marrom que eu tanto queria.
— Deixa eu adivinhar… um casaco que você viu na sua amiga? Ele a questiona.
— Sim, e se você pudesse ver como ficou horrível nela, meu Deus!