Jacaré Narrando
Depois de trancar a família do moleque e a minha no cofre peguei meu fuzil montei na moto e desci pra bater de frente com o filha da p**a do Plutão parei de frente com o carro que ele tá e já vejo que é blindado.
— Desce aí filha da p**a. — Eu grito pra ele sair do carro.
— Feliz em me ver. — Ele fala baixando o vidro.
— Tu não é homem suficiente pra descer desse carro blindado sempre soube que tu era arregão. — Falei e ele riu.
— Se eu fosse tu falava com mais cautela comigo se tá ligado que tô por cima né. — Ela fala.
— Cautela e um saco de ovo na sua boca seu filha da p**a tu entra na minha quebrada e ainda que exigir respeito. — Eu falo e dou um soco no carro.
Jaguatirica me olhou e falou pra eu continuar levando esse verme na conversa não sei o que meu sub tá aprontando mas sei que vamos sair por cima dessa p***a.
— O que tu quer aqui no meu morro? — Eu falo bolado.
— Tu sabe bem o que eu tô querendo tô sabendo que tu tá cheio das mercadorias boa e sabe né vim pegar minha parte.
— Aqui tu não tem direito de nada tudo nessa p***a e meu.
— Mas eu não vim pedir eu vim pegar sem precisar da sua permissão. — Ele fala e quando vai descer do carro vejo uns mano chegar montado na moto mas não era pouco não tava cheio a entrada da quebrada.
Jaguatirica fez sinal pra mim pra que eu ficasse na paz que era esquema dele só vi os mano fuzilar os vapor do Plutão eu só me joguei da moto e deitei no chão e enchi de chumbo Plutão tentou fugir no carro mas foi parado pelo manos que conseguiu tirar ele de dentro dos carro e meteu bala direto na cabeça dele.
— Vencemos essa batalha p***a. — Jaguatirica fala.
— Eu falei que nois ia vencer essa batalha mas tu tá ligado que agora o pão de açúcar vai ficar sem comando né.
— Tô ligado porque tu não assume mano. — Ele fala e eu n**o.
— Eu já tenho um chefe pro meu novo morro. — falo e ele me olha curioso.
— Joga na roda quem é?
— Tu jaguatirica e tu que vai assumir lá.
— Po mano tá falando sério?
Jaguatirica ficou todo bobo por eu ter mandado ele ir assumir o morro que era do Plutão lembrei que deixei o pessoal preso dentro do cofre montei na moto e subi pro meu barraco entrei e fui direto abrir o cofre quando eu abri o moleque já veio direto em mim e me deu um abraço.
— Que bom que está bem. — Ele fala e percebe o que fez e se afasta.
— Fiquei tão preocupada meu filho. — Dona Amélia fala e dou um beijo na testa dela.
— Tá tudo em ordem pessoal já deitei os traíra na bala. — Eu falo e todos concordam.
— Vamos embora daqui logo papai antes que aconteça outro tiroteio. — O moleque fala e os coroas dela negam.
— Não se preocupe se o jacaré falou que está tudo em ordem.
Benjamin passa por mim com cara feia e vai direto para a sala e se senta no sofá ficando com a cara emburrada pra provocar me sento do lado dele e ergo minhas pernas na mesa de centro.
e olho para ele com um sorrisinho no canto da boca.
— Vai ficar nessa marra aí até quando, moleque? — pergunto, deixando meu tom meio debochado.
— Até você me explicar porque minha família teve que passar por tudo isso. — Ele responde, cruzando os braços, sem olhar diretamente pra mim.
Solto um suspiro e esfrego a mão no rosto. A última coisa que eu quero agora é me justificar pra moleque que nem entende o peso dessa vida.
— Escuta aqui, moleque. Eu sei que a parada foi intensa, mas era pra proteger todo mundo. E mais uma, nesse mundo que eu vivo, quem vacila, dança. Te deixei no cofre pra evitar que você fosse alvo fácil.
Benjamin balança a cabeça, meio incrédulo.
— E isso é viver, Jacaré? Num constante campo de guerra? Minha mãe, meu pai, eles não precisam dessa adrenalina toda.
— Moleque, se fosse pra viver de boa, eu ia tá na praia pescando, mas as cartas foram dadas desse jeito pra mim, tá ligado? E mesmo que você não entenda, eu botei minha vida em risco pra manter vocês todos vivos.
Dona Amélia entra na sala, percebendo o clima tenso, e coloca a mão no ombro do filho.
— Chega disso, Benjamin. Jacaré nos protegeu, e só isso importa agora.
O moleque bufa e levanta, indo pra cozinha. Dona Amélia me olha como se pedisse desculpas, mas eu dou um sorriso curto e aceno de leve, tranquilo.
Enquanto o som de panela sendo mexida ecoa da cozinha, Jaguatirica aparece na porta da sala, batendo no batente de madeira.
— Jacaré, papo reto... o que vamos fazer com os aliados que Plutão tinha? Eles ainda tão no radar.
— Vamos agir antes deles, parceiro. Se eles não se renderem ao comando do novo chefe... — faço um gesto com as mãos simulando uma arma.
Jaguatirica sorri e assente.
— Deixa comigo então, vou montar os mano pra reforçar o Pão de Açúcar.
Ele sai da sala, e eu fico ali, encarando a TV desligada, perdido nos meus próprios pensamentos. Essa guerra nunca tem fim, e cada batalha vencida só abre espaço pra outra começar. A diferença é que agora eu vou começar a reconfigurar os peões no tabuleiro. Essa é minha quebrada, e ninguém mexe nela sem minha permissão.
Levanto do sofá, vou até o cofre e pego uma das garrafas de uísque que guardo. Antes de tomar um gole, me vem à mente o moleque revoltado.
"Será que um dia esse menino vai entender que tudo que eu faço é pra ele não precisar viver como eu?"
Tomo o gole amargo e deixo que a bebida queime na garganta.