Isabel narrando Eu estava na cozinha ainda quando ouvi a porta do escritório bater. O Morte saiu de lá com aquele jeito dele — olhar pesado, passos firmes. Já conheço o suficiente pra saber que vinha assunto sério. — Isa, posso falar contigo um minuto? — ele perguntou, mais calmo do que de costume. — Claro. — Sequei as mãos no pano de prato e o segui até a varanda, onde a brisa da manhã amenizava um pouco o calor. Ele ficou um tempo em silêncio, olhando pro horizonte como quem procura coragem nas nuvens. — Sobre a viagem… — começou. Senti um aperto no peito. Já sabia onde isso ia dar. Aquela viagem era o nosso sonho. A tal “lua de mel atrasada” que a gente vinha planejando fazia anos. Sempre acontecia alguma coisa. Ou o morro precisava dele, ou algum pepino surgia na boca. Mas dessa

