Ela passou por mim como se eu fosse ar. Nem olhou direito. Nem um "boa noite", nem um olhar de canto de olho. Só aquele silêncio frio, afiado, cheio de desafio. O barulho da porta batendo ecoou pelo corredor, seco, forte. Um som pequeno, mas que doeu mais do que eu gostaria de admitir. Fiquei parado ali, no meio do corredor, ainda com o cabelo pingando e o peito quente, não do banho, mas da raiva que subiu sem pedir licença. Respirei fundo, tentando controlar o impulso de bater na mesma porta que ela fechou, só pra lembrar quem mandava ali. Mas não fiz. Só passei a mão pelo rosto, sentindo o calor das cicatrizes queimando mais do que o normal. Sempre fazia isso quando eu ficava irritado, como se a pele lembrasse que já tinha queimado antes e não queria repetir a história. Desci as esca

