CAPITULO 62

1144 Palavras
LILY’S POV Na segunda-feira, enquanto mexia em seu armário, ainda perdida em pensamentos sobre os acontecimentos do fim de semana, fui surpreendida pela chegada da minha melhor amiga, Emily. Ela se aproximou, e eu sabia que a conversa seria complicada. "Então, como foi o fim de semana?" Emily perguntou, com um olhar curioso. "Você não mandou nenhuma mensagem." Fiquei imóvel por um instante, ainda ressentida pela mentira dela. Fechei o armário e respondi, tentando manter a neutralidade na voz. "Foi bom." Emily me olhou incrédula. "Só bom? Duvido. Ainda mais porque você ia se encontrar com o Aidan no sábado." Suspirei, tentando manter a calma. "O cinema com o Aidan foi legal." Emily franziu a testa, visivelmente insatisfeita com minha resposta vaga. "Tudo bem," disse ela, sem esconder a surpresa e a dúvida na voz. Antes que eu pudesse responder, Aidan se aproximou, abraçando-me carinhosamente. "Oi, como você está?" ele perguntou, com um sorriso sincero. Sorri para ele, tentando ignorar a tensão interna. "Estou bem." "Meus pais não pararam de falar sobre você depois da missa," Aidan continuou, ainda sorrindo. Emily, ao ouvir isso, arregalou os olhos, surpresa. "Missa?" ela perguntou, claramente perplexa. Aidan se virou para ela, ainda segurando minha mão. "Sim, eu também fiquei surpreso quando vi a Lily com a família na igreja no domingo." Emily olhou para mim, a surpresa evidente em seu rosto. "Isso é bem surpreendente, Lily. Você nunca foi do tipo religiosa." Aidan riu, tentando aliviar a situação. "Talvez o nosso encontro no cinema tenha mexido com ela." O sinal tocou, interrompendo a conversa. Aidan se inclinou e deu um beijo na minha bochecha. "Nos vemos mais tarde." Assenti, sorrindo. "Tudo bem." Enquanto ajeitava meus livros e me preparava para ir para a sala, Emily começou a caminhar atrás de mim. "Você não está esquecendo de nada?" ela perguntou, com um tom de frustração na voz. Me virei, encarando-a. "Até a hora do intervalo," respondi, antes de continuar caminhando para minha sala, ignorando sua expressão de incredulidade. As aulas começaram, mas minha mente estava distante. Pensava em Samuel, na missa, e no encontro no cinema. Aidan era tão diferente de Samuel, e talvez fosse isso que eu precisasse. Mas por que, então, eu não conseguia parar de pensar em Samuel e em seus toques provocadores? Saí da aula sem me importar em esperar por Emily, como sempre fazia. Meu passo estava determinado enquanto eu seguia para o refeitório. Ao chegar lá, vi Aidan sentado na mesa de Ashley Cooper, a garota mais popular da escola. Fui direto para a fila pegar meu almoço, tentando ignorar o nó crescente no meu estômago. Com a bandeja na mão, comecei a andar em direção à mesa onde me sentava todos os dias, mas Aidan acenou para eu me juntar a ele. Dei um passo em sua direção, mas fui interceptada por Emily, que surgiu na minha frente com uma expressão fechada. "Emily, o que foi?" perguntei, tentando manter a voz calma. Ela cruzou os braços, claramente frustrada. "O que foi? Eu quero saber o que rolou no final de semana e por que você está toda estranha." Suspirei, sentindo o cansaço emocional me dominar. "Já te disse, Emily. O final de semana foi bom. O encontro com Aidan foi legal." Emily balançou a cabeça, insatisfeita. "Não, o que você me disse foi só a palavra 'bom' e que o encontro foi 'legal'. E até onde me lembro, você não mencionou nada sobre ir à missa." "Esqueci," respondi, tentando manter minha paciência. "E além disso, não preciso falar exatamente tudo o que acontece na minha vida." Tentei passar por ela, mas Emily segurou meu braço, me impedindo de seguir. "Como é?" ela insistiu, os olhos fixos nos meus. "Foi isso que você ouviu," respondi, com firmeza. "Eu fui à missa com meu pai e Samantha." Emily me encarou, incrédula. "Lily, não quero me ofender, mas eu sou sua melhor amiga. Eu tenho o direito de saber." Ri, mas sem humor. "É engraçado você exigir saber tudo da minha vida quando você não faz o mesmo." Ela franziu a testa, confusa. "Como assim? Eu sempre te conto tudo." "Então por que você não me contou que estava na casa do John no sábado?" perguntei, vendo sua expressão mudar. Emily parecia desconcertada. "Foi m*l, eu esqueci de falar. Foi tudo tão corrido..." "Eu poderia até acreditar, mas pelo que entendi, aquela não foi a primeira vez que você foi para a casa do John." Emily abriu a boca, tentando se explicar. "Eu posso explicar..." "Não quero saber," interrompi, cansada dessa conversa. Ela tentou de novo. "Eu achei que você ficaria mexida por conta do Samuel e acabaria indo lá para ficar perto dele." "Essa é a desculpa mais esfarrapada que já ouvi. Caso você tenha esquecido, Samuel e eu moramos na mesma casa. Não tem como ficarmos mais perto do que já estamos todos os dias." Suspirei, irritada. Ela tentou defender-se. "Lily, eu só queria algo só meu. Você já estava saindo com o Aidan..." "Foi você quem incentivou!" rebati, minha voz saindo mais alta do que pretendia. Emily baixou os olhos, sem jeito. "Sim, mas... o certo era você recusar. Eu fiquei magoada." Balancei a cabeça, sentindo a frustração aumentar. "Estou cansada de tentar provar que nossa amizade vem em primeiro lugar quando você não demonstra o mesmo. Quer saber? Agora eu vou te dar motivo para ficar magoada." Com um sorriso falso no rosto, afastei-me de Emily e caminhei em direção à mesa de Aidan e da turma popular. Eles me acolheram com sorrisos e espaço para eu me sentar. "Oi, Lily! Que bom que você veio!" Ashley disse, animada. "Oi, Ashley. Obrigada," respondi, tentando ignorar o olhar fulminante de Emily do outro lado do refeitório. Aidan sorriu para mim, puxando uma cadeira para eu me sentar. "Senta aqui." Sentei-me ao lado dele, tentando ignorar a sensação de traição e culpa que ainda queimava em meu peito. Ashley sorriu e começou a falar sobre o próximo evento da escola, mas minha mente estava a mil. Olhei de relance para Emily, que ainda estava parada, olhando para nós. Parte de mim sentia-se m*l por ter agido de forma tão brusca, mas outra parte estava exausta de sempre ser a compreensiva, a que cede. A conversa na mesa girava em torno de banalidades escolares, risadas e planos para o próximo fim de semana. Eu participei, rindo nas horas certas, respondendo às perguntas, mas minha mente estava em outra parte. Terminei meu almoço e, quando o sinal tocou, levantei-me junto com a turma, pronta para enfrentar o restante do dia. Enquanto caminhava para a próxima aula, percebi que a decisão de me afastar de Emily e me aproximar da turma popular tinha sido impulsiva e talvez egoísta, mas não podia negar que, pela primeira vez em muito tempo, eu estava priorizando meus próprios sentimentos.
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