Desci para o café da manhã e encontrei Samantha e meu pai, Doug, conversando em voz baixa. A expressão de Samantha não era nada boa. Fiquei um pouco apreensiva, imaginando se o clima tenso tinha algo a ver com Samuel.
"Bom dia," disse, tentando soar mais alegre do que me sentia.
Doug olhou para mim e sorriu, mas era um sorriso forçado. "Bom dia, querida. Já vou servir o seu prato."
Enquanto ele colocava ovos e bacon no meu prato, observei os dois. Samantha estava visivelmente preocupada, e Doug parecia querer dizer algo, mas se conteve.
"Está tudo bem?" perguntei, tentando sondar o que estava acontecendo.
Samantha me olhou, seus olhos um pouco tristes. "Sim, está tudo bem, Lily."
Doug olhou para mim, quase como se quisesse contar algo, mas balançou a cabeça e disse: "É melhor você comer, querida. Samantha não pode se atrasar hoje."
Samantha deu um sorriso rápido, mas não alcançou seus olhos. "Não se preocupe, Lily. Pode comer à vontade, não tenho pressa."
Sentei-me à mesa e comecei a tomar o café, tentando me controlar para não perguntar sobre Samuel. O silêncio entre nós era incômodo, e meus pensamentos estavam fixos nele. Finalmente terminei de comer, e Samantha se levantou para me levar à escola. O trajeto foi silencioso, diferente da nossa conversa amigável do dia anterior. Parecia que um muro invisível tinha se erguido entre nós.
As aulas passaram como um borrão. Durante o almoço, sentei-me com Emily no refeitório, tentando desabafar sobre o clima estranho em casa.
"Está tudo tão esquisito," disse, mexendo no meu lanche. "Samantha e meu pai estavam falando baixo, como se estivessem escondendo algo de mim."
Emily franziu a testa. "Você acha que tem a ver com Samuel?"
Dei de ombros. "Não sei. Mas ele não estava em casa hoje de manhã, e ninguém mencionou ele."
Emily estava prestes a responder quando Aidan se aproximou da nossa mesa. Ele parecia nervoso e meu coração deu um salto ao vê-lo.
"Lily, posso falar com você um momento?" perguntou, olhando direto nos meus olhos.
Emily levantou uma sobrancelha, mas sorriu de maneira encorajadora para mim.
"Vou pegar mais suco," disse, deixando-nos sozinhos.
Levantei-me, tentando controlar a ansiedade. "Claro, Aidan. Sobre o que você quer falar?"
Ele me conduziu para um canto mais tranquilo do refeitório, longe dos olhares curiosos dos outros alunos.
"Queria saber se recebeu as flores."
Meu estômago deu um nó. "Flores?"
"Eu... eu mandei flores para você," disse, gesticulando com as mãos. "Mas acho que houve algum problema com a entrega."
"Por que você enviou flores?" perguntei, ainda surpresa.
"Estava levando a sério o que conversamos na festa da Ashley. Sobre nos conhecermos melhor," ele explicou, com um sorriso tímido.
Eu fiquei sem graça, sem me lembrar exatamente do que havíamos conversado naquela festa.
"Ah, certo. Claro eu também estou levando a sério," menti, tentando manter a compostura. "Mas obrigada pela flores. É muito gentil da sua parte."
Aidan sorriu, aliviado. "De qualquer forma, eu queria te perguntar se você gostaria de sair comigo neste fim de semana. Talvez pegar um filme ou algo assim?"
Meu coração acelerou. Eu gostava de Aidan, mas meus sentimentos estavam todos confusos com tudo que estava acontecendo em casa e com Samuel.
"Eu... eu vou ver, Aidan. Tenho que checar com minha madrasta, Samantha. Ela me convidou para sair com ela esse final de semana."
"Claro, entendo," disse ele, parecendo um pouco desapontado. "Me avisa depois, tá?"
Assenti, e ele se afastou, deixando-me com um turbilhão de emoções. Voltei para a mesa onde Emily me esperava, seus olhos brilhando de curiosidade.
"O que ele queria?" perguntou, ansiosa.
"Ele me convidou para sair," respondi, ainda atordoada.
Emily deu um gritinho de excitação. "Isso é ótimo, Lily! Você deveria ir."
"Não sei," murmurei. "Tudo está tão confuso em casa."
Emily segurou minha mão, tentando me confortar. "Vai ficar tudo bem. Você merece ser feliz, mesmo com tudo isso acontecendo."
Terminei o almoço em silêncio, pensando em Samuel e em como ele jogou fora as flores de Aidan. Aquilo me irritava profundamente, mas ao mesmo tempo, sentia um estranho alívio por ele não ter visto o bilhete de Aidan. Era uma bagunça total, e eu não sabia como lidar com aquilo.
Depois da escola, Samantha me buscou e o trajeto de volta foi igualmente silencioso. Chegamos em casa e encontrei Samuel no sofá, tocando sua guitarra. Ele não olhou para mim quando entrei, mas eu sabia que ele estava ciente da minha presença.
Subi para o meu quarto, joguei a mochila na cadeira e me joguei na cama, olhando para o teto. A casa estava estranhamente silenciosa, exceto pelo som distante da guitarra de Samuel. Fechei os olhos, tentando afastar os pensamentos confusos sobre ele e Aidan.
Minha mente voltou ao café da manhã. Algo estava claramente errado entre Samantha e meu pai. E então havia Samuel, com seu comportamento imprevisível. Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Emily, tentando desabafar.
_"Ei, Em. Aidan me convidou para sair, mas Samuel está sendo super estranho. E tem algo acontecendo entre meu pai e Samantha."_
Ela respondeu quase imediatamente. _"Amiga, você precisa falar com eles. Descobre o que está acontecendo. E sobre Aidan, vai! Você merece se divertir."_
Suspirei, sabendo que ela estava certa. Eu precisava entender o que estava acontecendo em casa e também esclarecer meus sentimentos sobre Aidan. Levantei-me e decidi descer para falar com Samantha e meu pai.
Encontrei-os na sala de estar, ainda conversando em voz baixa. Quando me viram, pararam de falar e me encararam.
"Posso falar com vocês?" perguntei, tentando soar confiante.
Samantha olhou para Doug e depois para mim. "Claro, Lily. O que foi?"
Respirei fundo, decidindo começar pelo mais fácil. "Aidan, um amigo da escola, me convidou para sair no fim de semana. Eu queria saber se posso ir."
Doug franziu a testa. “Você tinha combinado com a Samantha de sair para fazer compras, lembra?”
“Eu sei, pai,” respondi, tentando não parecer nervosa. “Mas o cinema provavelmente seria à noite.”
Samantha me observou por um momento antes de sorrir. “Tudo bem para mim, desde que eu possa ajudar você a escolher um look para o encontro.”
Corei instantaneamente. “Não é um encontro, Samantha. Só vamos ver um filme.”
Doug, parecendo ainda mais ciumento, interveio. “É melhor que não seja um encontro. Se fosse, o rapaz teria que vir até aqui e pedir minha bênção.”
Suspirei, sentindo o constrangimento aumentar. “Não é um encontro, pai.”
Samantha lançou um olhar para Doug. “Não há nada de errado se fosse um encontro, Doug. Lily já é uma bela jovem.”
“Não é um encontro,” repeti, sentindo-me morta de vergonha.
Doug me olhou seriamente. “Seja como for, quero que vá direto do cinema para casa. Aliás, acho melhor eu levar vocês e depois buscar.”
“Pai, isso é muito vergonhoso! Mas não é um encontro,” disse, tentando manter a calma.
Nesse momento, Samuel entrou na sala, percebendo a tensão no ar. “O que não é um encontro?”
Samantha respondeu antes que eu pudesse dizer algo. “Lily estava pedindo para ir ao cinema com um amigo da escola.”
Samuel olhou para mim, sério. “Que amigo?”
Revirei os olhos, sentindo-me exasperada. “Não é da sua conta, Samuel.” E saí da sala, subindo rapidamente as escadas para o meu quarto.
Quando cheguei ao meu quarto, fechei a porta e sentei na cama, tentando me acalmar. A situação toda era tão embaraçosa que quase me arrependi de ter pedido. Mas eu queria ir ao cinema com Aidan, mesmo que meus pais e Samuel fizessem parecer uma missão impossível.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Aidan, explicando rapidamente a situação:
_"Oi, Aidan. Meu pai concordou que eu posso ir ao cinema, mas meu pai insistiu em nos levar e buscar. Desculpe por isso."
A resposta de Aidan veio rapidamente:
_"Sem problemas, Lily. O importante é que vamos nos ver. Não se preocupe com isso."_
Senti um alívio ao ler a mensagem. Pelo menos Aidan não parecia se importar com a situação estranha. Tentei me concentrar nas coisas boas – a perspectiva de passar um tempo com Aidan, ver um filme, e talvez até relaxar um pouco.