LILY’S POV
Depois de combinar os detalhes do cinema com Aidan, me joguei na cama, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Aidan era legal, e a ideia de sair com ele parecia uma boa distração do caos que estava rolando em casa. Estava perdida nesses pensamentos quando ouvi uma batida suave na porta.
"Entra," disse, me endireitando na cama.
Meu pai, Doug, apareceu na porta com uma expressão meio hesitante. Ele entrou devagar, sentando-se na beirada da cama. "Tudo bem, filha?"
Assenti. "Tá tudo bem. Eu tô encrencada?"
Ele riu suavemente, balançando a cabeça. "Não, não. Só queria ver se você tá bem."
"Estou," respondi, mas senti que ele queria falar algo mais. "Tá tudo bem mesmo, pai?"
Doug respirou fundo, claramente desconfortável. "Então... sobre o Aidan."
Suspirei, já imaginando onde isso ia dar. "Pai, não é um encontro. A gente só vai ao cinema."
Ele assentiu, mas seus olhos mostravam uma mistura de preocupação e determinação.
"Eu sei, mas achei que ainda assim seria melhor a gente ter a conversa."
Fiz uma careta. "A conversa?"
Doug ficou vermelho, passando a mão pelo cabelo de um jeito nervoso.
"É, a conversa sobre... sexo."
Senti meu rosto esquentar instantaneamente. Levantei-me da cama, cheia de vergonha.
"Não, pai. Eu não quero ter essa conversa."
Ele se levantou também, parecendo tão desconfortável quanto eu.
"Eu sei que é difícil, mas preciso saber que você tem o conhecimento necessário quando chegar a hora."
Revirei os olhos, tentando me controlar.
"Pai, eu tenho aulas de educação s****l desde o Middle School. Pode ficar tranquilo."
Doug respirou aliviado, sorrindo timidamente.
"Bom, que bom que tivemos essa conversa então."
Eu também sorri, embora estivesse morrendo de vergonha.
"Sim, tivemos."
Ele me puxou para um abraço apertado.
"Só faça quando tiver certeza e com o cara certo, tá bom?"
Abracei-o de volta, ciente de que ele não fazia ideia de que eu já tinha passado por isso, e com ninguém menos que Samuel Brown. Aquilo ainda era um segredo que eu guardava com muito cuidado, principalmente porque nem eu sabia como reagiria se Doug descobrisse. Doug se afastou, sorrindo.
"Ah, e hoje é o dia de você retirar o lixo."
Assenti, meio sem graça. "Pode deixar, já vou fazer isso."
Assim que ele saiu do quarto, me ajeitei rapidamente e desci para a cozinha. Peguei os sacos de lixo e fui em direção à lixeira no quintal. Quando cheguei lá, notei algo que não deveria estar ali: um buquê de rosas, jogado no lixo.
Peguei o buquê e percebi que ainda havia um cartão preso nele. Quando abri, vi que era o buquê que Aidan tinha enviado para mim. Meu coração acelerou, sentindo uma mistura de raiva e frustração. Só podia ser coisa do Samuel. Quem mais jogaria fora algo assim?
Voltei para dentro com o buquê nas mãos, a raiva crescendo a cada passo. Samuel iria pagar por isso. Subi as escadas e fui direto para o quarto dele. Sem bater, abri a porta e o encontrei dormindo. Peguei o buquê e comecei a jogá-lo em cima dele.
***
Estava na frente do meu armário, organizando os livros para as próximas aulas, quando Emily apareceu ao meu lado, animada como sempre.
"Hey, Lily! Como foi o jantar ontem?" ela perguntou, mas sua expressão logo mudou quando viu meu rosto. "O que aconteceu?"
Suspirei, fechando o armário com um baque. " Eu descobri que Samuel jogou fora o buquê que Aidan me enviou."
Emily arregalou os olhos, incrédula. "Ele fez o quê? Por quê?"
"Eu não sei," respondi, a frustração evidente na minha voz. "Eu encontrei o buquê no lixo ontem à noite quando fui tirar o lixo. Samuel admitiu que jogou fora."
Emily balançou a cabeça, perplexa. "Mas por que ele faria isso? Quer dizer, isso é tão... irracional."
Olhei ao redor, certificando-me de que ninguém estava ouvindo nossa conversa. "Ele disse que estava tentando me proteger. Que Aidan não é o tipo de cara para mim."
Emily levantou uma sobrancelha, intrigada. "Proteger você? De quê?"
"De mim mesma, aparentemente," respondi, tentando não parecer tão amarga quanto me sentia. "Ele acha que Aidan é algum tipo de perigo."
Emily bufou, cruzando os braços. "Isso não faz sentido. Aidan é um cara legal. Ele nunca fez nada para ninguém. Samuel só está com ciúmes."
Revirei os olhos, ainda incrédula com a situação. "Ciúmes ou não, ele não tinha o direito de fazer isso. Quem ele pensa que é?"
"Claramente, ele pensa que é o seu guardião ou algo assim," Emily respondeu com um tom sarcástico."Você tem todo o direito de estar irritada. Ele não tinha o direito de fazer isso."
"Eu sei. E é por isso que não quero mais saber de Samuel," respondi, tentando conter a frustração. "Ele passou dos limites dessa vez."
Combinamos de nos encontrar no refeitório depois da aula, e cada uma foi para sua respectiva sala. Passei o resto da manhã tentando me concentrar nas aulas, mas minha mente estava em turbilhão. Não conseguia parar de pensar no que Samuel tinha feito e no que eu deveria fazer a respeito.
Quando o sinal finalmente tocou para o almoço, encontrei Emily no refeitório e nos sentamos à nossa mesa habitual. Começamos a conversar sobre o clima estranho em casa e sobre o quanto tudo tinha mudado desde que Samantha e Doug se casaram. Estava contando a Emily sobre como Doug tentou ter "a conversa" comigo na noite anterior quando, de repente, vi Aidan se aproximando.
Ele estava segurando um buquê menor de rosas amarelas, um sorriso tímido nos lábios.
"Oi, Lily," disse, entregando-me o buquê. "Dessa vez, achei melhor entregar pessoalmente."
Fiquei surpresa, mas sorri agradecida. "Obrigada, Aidan. São lindas."
Ele se inclinou um pouco, como se quisesse sussurrar algo.
"Não vejo a hora de chegar sábado à noite. Vai ser divertido."
Antes que eu pudesse responder, ele se afastou e foi se sentar com os caras do time de futebol, que o receberam com cumprimentos e piadinhas. Emily olhou para mim, os olhos brilhando de excitação.
"Isso foi tão fofo," disse ela, quase pulando na cadeira. "Ele está realmente a fim de você."
Sorri, sentindo-me um pouco mais leve. "É, parece que sim. E dessa vez, Samuel não vai estragar."
Emily assentiu, apoiando-me totalmente. "Você merece isso, Lily. Só não deixe ninguém estragar seu momento."
Continuamos a conversar e a comer, mas minha mente estava agora focada no sábado à noite. Estava ansiosa para o cinema com Aidan e para finalmente ter um tempo para mim, longe de todo o drama familiar.