A assistente do Ceo

1045 Palavras
Depois do jantar, Francisco e Teresa trocaram um olhar breve, cúmplices, e então ele pigarreou. — Filhas… esse assunto já está resolvido. O que aconteceu lá na empresa foi um choque, sim. Mas também foi uma oportunidade. A Lana soube agir com educação e caráter. E é isso que importa. Agora é seguir firme, fazendo o seu trabalho com honestidade e foco. Teresa assentiu, com um sorriso orgulhoso nos lábios. — Nós estamos muito felizes, Lana. Muito orgulhosos de você. E você também, Lena. Continuem sendo o que são: mulheres com princípios. Isso ninguém tira de vocês. As meninas sorriram em agradecimento e logo terminaram de arrumar a cozinha, como sempre faziam. Depois, foram para o quarto, como nos velhos tempos. Lena se jogou na cama primeiro, cruzando os braços atrás da cabeça e lançando um olhar provocador à irmã. — Agora me conta essa história direito. Como é mesmo que ele é bonito? Lana revirou os olhos e riu, tirando o elástico do cabelo. — Você observou demais, hein? — Eu, não. Foi você quem falou com aquela voz quase suspirando… “ele é um homem bonito”… — Lena disse, imitando a irmã. Lana riu, sentando-se na cama. — Tá bom, ele é bonito. Aliás… não é só bonito. Ele é lindo. Mas vamos combinar, né, Lena? Ele era noivo de uma top model. Você acha mesmo que um homem desse vai olhar pra um… barril de banha? Lena arqueou uma sobrancelha e falou com convicção: — O que mais tem é homem por aí querendo olhar pra esse seu “barril de banha”, viu? Você é que não dá confiança. Você não enxerga o efeito que causa. Lana gargalhou. — Ai, Lena, eu tô tão cansada. Eu não tô preocupada com isso, sinceramente. As duas seguiram para o banheiro, escovaram os dentes lado a lado, rindo das bobeiras do dia e dos comentários de duplo sentido da irmã mais velha. — Boa noite, barril de banha — provocou Lena, se jogando de novo na cama. — Boa noite, linguaruda — respondeu Lana, já apagando a luz do abajur. — E não se esquece que amanhã você tem faculdade. E agora tem função nova, viu? Foco total, sra. assistente direta do CEO. — Agora sim, Lena. Agora eu vou trabalhar de verdade. — E vai causar — respondeu a irmã, com um sorrisinho malicioso no escuro. E então, o silêncio da noite tomou conta. A tranquilidade de um lar que mesmo simples, era cheio de amor, respeito e orgulho. Lana chegou cedo, como sempre. A recepção ainda estava silenciosa, mas o movimento começava a se formar nos corredores. Quando ela entrou na sala da Shirley, a secretária a recebeu com um sorriso caloroso. — Bom dia, Lana. O doutor Patrick ainda não chegou, mas a sua mesa já está arrumada. O notebook é novinho, de última geração. E sim, já tem uma pilha de tarefas esperando por você — disse, piscando com humor. Lana sorriu de volta, ainda surpresa com tudo aquilo. — Obrigada, dona Shirley. Eu… na verdade, estava esperando ele chegar pra saber como eu devo começar. Foi então que a porta do elevador exclusivo se abriu. Patrick apareceu impecável como sempre, terno escuro, expressão concentrada. Ele caminhou em direção a ela, parando à frente com as sobrancelhas levemente erguidas. — Senhorita Lana… o que está fazendo aqui fora? — Eu… eu estava esperando o senhor para saber por onde começar… Ele gesticulou com um leve sorriso de canto. — Ontem, assim que a senhorita saiu, mandei preparar sua estação de trabalho na minha sala. Mesa, notebook, tudo. A senhorita agora trabalha comigo. Direto. Shirley, que vinha atrás, completou: — Está tudo lá, Lana. A senha do sistema é a mesma. Já deixei os arquivos separados, conforme as instruções do doutor Patrick. Parabéns, viu? Você merece. Lana agradeceu com um aceno tímido e entrou com ele. Ao passar pela porta dupla, os olhos dela se arregalaram. Uma mesa elegante, com acabamento em madeira escura, estava posicionada próxima à parede lateral, com visão ampla da cidade pelas janelas. O notebook reluzia sobre o tampo impecável — um MacBook Pro topo de linha. Ela engoliu em seco, emocionada. “Meu Deus… jamais imaginei trabalhar com um computador desse. Agora sim, o jogo virou.” Ela sentou, ajustou a cadeira, abriu os arquivos e se concentrou. Em poucos minutos já estava navegando pelas planilhas, ajustando os indicadores e separando documentos conforme as instruções de Shirley. Patrick a observava de canto de olho, em silêncio, admirando a forma precisa como ela digitava, analisava, anotava. Pouco depois, ele se levantou. — Senhorita Lana… — chamou, fazendo-a erguer os olhos. — Sim, doutor Patrick? — Tenho uma reunião agora. Quando terminar essa primeira parte, revise essas planilhas e prepare os relatórios. A reunião da tarde será com os acionistas. Preciso desses números muito claros. Não terei tempo de organizá-los. Ela assentiu de imediato. — Pode deixar. Quando o senhor voltar, tudo estará pronto. — Confio nisso. Ele saiu, e ela mergulhou no trabalho. Encontrou inconsistências que cruzou com os relatórios da semana anterior, refez gráficos, destacou pontos de alerta. Organizou tudo em uma apresentação clara e objetiva. Quando Patrick voltou, já mais relaxado, ela se levantou com a pasta em mãos. — Aqui estão os documentos, doutor Patrick. Revisei os gráficos, corrigi os pontos inconsistentes e separei os dados conforme solicitado. Acrescentei também uma projeção comparativa baseada no último trimestre, caso o senhor ache útil. Ele folheou rapidamente, depois ergueu os olhos com expressão genuinamente surpresa. — Impressionante… — disse. — A senhorita se superou. E por isso, quero que compareça à reunião comigo. A senhorita mesma vai apresentar esses dados. Favoráveis e desfavoráveis. Ela piscou, hesitante: — Eu? Mas, doutor Patrick… Ele a interrompeu gentil, mas firme: — A senhorita é economista, não é? — Sim, sou. Só falta o estágio para validar o certificado… — Pois bem. Já provou que tem competência. E eu faço questão de explorar ao máximo esse seu potencial. Lana sentiu o coração bater mais forte. Não pelo elogio apenas — mas pela forma como ele a olhava. Com respeito. Com confiança. A reunião da tarde seria um divisor de águas. Para a empresa. E para ela. ---
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