O consultório estava iluminado por uma luz suave quando o médico apontou para a tela, sorrindo.
— Aqui, olha... estão vendo essas perninhas se mexendo? — ele disse, com um brilho nos olhos. — Vocês estão com três meses, e os bebês já têm o tamanho de uma uva grande. Estão se formando perfeitamente.
Brittany apertou o braço do pai, os olhos úmidos de emoção.
— Graças a Deus... — sussurrou. — Eu estava com tanto medo que os medicamentos... que tudo aquilo tivesse... prejudicado.
O médico foi gentil, porém firme.
— Os exames estão positivos até agora. Mas, Brittany, escute bem: nada de fumar. Álcool, nem pensar. E seu tratamento precisa continuar, mas agora, sem medicação que afete os fetos. Tudo será supervisionado. Promete que vai seguir à risca?
Ela assentiu com determinação, a mão pousada com ternura sobre o ventre.
— Eu prometo. Por eles.
Drew apenas a observava, calado, emocionado com a mudança na filha.
Quando saíram do consultório, Brittany olhou para o pai, tímida, como uma menina pedindo um doce.
— Papai...
— Sim?
— Eu posso saber o sexo deles, né?
O médico ainda ajeitava os papéis na recepção e ouviu a pergunta.
— Claro. Temos duas formas: você pode esperar a ultrassom morfológica com mais semanas... ou pode fazer o exame de sexagem fetal. É rápido. Trinta minutos no laboratório e o resultado sai.
Brittany mordeu o lábio inferior e depois olhou o pai com aqueles olhos que um dia pediam brinquedos no Natal.
— Eu quero fazer a sexagem, papai. Posso?
— Claro que pode, filha. — Drew pegou a requisição nas mãos do médico e entregou para ela. — Vamos direto.
Minutos depois, estavam no laboratório. Brittany fez o exame, e os dois esperaram na pequena cafeteria ao lado, tomando um suco de laranja natural. Ela estava ansiosa, mexendo os dedos sem parar.
— Quando sair o resultado... o senhor me leva pra comprar a primeira roupinha deles?
— Com certeza. — Drew sorriu. — Vamos escolher tudo. Até o berço, se quiser.
Pouco depois, a atendente apareceu, chamando pelo nome dela. Brittany levantou nervosa. Pegou o envelope com as mãos trêmulas, e abriu ali mesmo.
Os olhos dela se arregalaram. Ela deu uma risadinha de emoção, e em seguida levou a mão à boca, chorando baixinho.
— Papai... é um casal.
— Um casal? — Drew abriu um sorriso largo, sem disfarçar a emoção. — Uma menina e um menino?
— Sim! — ela riu entre lágrimas. — Eu vou ser mãe de dois! Uma princesa e um príncipe!
Ele a puxou para um abraço apertado, e ela se aninhou em seus braços, como quando era criança.
— Agora eu tenho dois motivos pra mudar, papai. Dois corações pra proteger. Eu não vou errar de novo. Eu juro.
Drew acariciou seus cabelos.
— E eu vou estar ao seu lado em cada passo. Vamos dar a eles tudo o que você não teve, minha filha. Começando hoje. Vamos comprar tudo o que esses dois precisam — e também o que não precisam.
Ambos riram. Era o começo de uma nova fase — uma que talvez não apagasse o passado, mas prometia um futuro com mais verdade, mais amor e muito aprendizado.
Um Quarto para Dois Corações
O shopping estava movimentado, mas Drew parecia alheio à multidão. Caminhava ao lado da filha com um olhar atento e protetor, como se aquele passeio fosse mais do que compras — fosse uma segunda chance.
Brittany andava à frente, com a mão pousada no ventre ainda discreto. Os olhos brilhavam como os de uma criança em um parque de diversões. A cada vitrine de loja infantil, ela parava, apontava, suspirava. Drew, mesmo carregando sacolas já cheias, não conseguia conter um sorriso.
— Papai, olha aquele jogo de lençol! E aquele tapete com desenho de urso! Ai, meu Deus, isso é tão fofo!
— Pode escolher o que quiser, minha filha. Tudo o que esses dois precisarem, o vovô vai dar.
Ela sorriu, emocionada.
— Podemos decorar o quarto em azul e rosa?
Mas logo balançou a cabeça, refletindo em voz alta.
— Não... acho que não, né, papai? Talvez algo mais neutro...
— Você é quem sabe. Mas realmente, talvez neutro fique mais elegante — ele respondeu, rindo da empolgação dela.
— Isso! Neutro nas paredes. E os berços com detalhes diferentes. Um com acabamento rosa, outro azul. O que acha?
— Perfeito. A mamãe vai ter bom gosto igual à arquiteta que ela é.
Ela gargalhou baixinho, cheia de orgulho, e puxou o pai para dentro da loja seguinte.
Entre móveis, cortinas, almofadas, móbiles e bichinhos de pelúcia, Brittany se transformava. Aquela menina mimada e deslumbrada dava lugar a uma jovem mulher que parecia, pela primeira vez, com um propósito claro.
Ela escolheu tudo com esmero. Conversava com a vendedora como uma profissional, e Drew observava aquilo com o coração leve, sentindo que talvez ainda houvesse salvação para a filha dele.
Quando saíram da loja, as mãos estavam cheias de sacolas e o coração mais ainda, Brittany parou de repente e virou-se para ele.
— Papai... — disse, com a voz mais baixa, séria. — Não importa se o Patrick não quiser.
Drew ergueu as sobrancelhas.
— Como assim?
— Eu digo... se ele não quiser as crianças. Até eu tenho dúvidas se são ou não dele. Mas... são meus filhos. E também são seus netos, não são?
Ele parou. Pousou uma mão sobre o ombro dela.
— São, sim. E vão ser muito amados. Por mim. E, se for da vontade de Deus, até pelo pai deles. Mas você nunca vai estar sozinha.
Os olhos dela se encheram de lágrimas, mas dessa vez, não foram de tristeza.
— Você vai me ajudar, né?
— Em tudo, Brittany. Sempre.
Ela sorriu, respirando fundo, e continuou:
— Eu prometo a você, papai. Eu vou mudar. Por mim. Por eles. Por você também. Eu quero... quando os bebês nascerem, quero voltar a trabalhar. Você sabe que eu sou formada em design de interiores. Eu quero abrir meu próprio escritório. Quero fazer uns cursos enquanto estiver em casa com eles. Online, à noite... Me ajuda?
— Claro que ajudo. O que você precisar. A gente vai montar esse escritório. Um novo começo. Para você. E para os bebês.
Ela o abraçou apertado, pela primeira vez em muito tempo sem segundas intenções, sem necessidade de aplausos. Apenas amor. Apenas pai e filha.
E naquele shopping, entre carrinhos de bebê e promessas sinceras, nasceu também uma nova versão de Brittany: mais doce, mais forte, e finalmente mais humana.